Em conseqüência, enormes avanços ocorreram no decorrer desses anos.
No âmbito internacional, deixamos de ser um joguete nas mãos dos EUA e do grande capital financeiro e afirmamos a nossa soberania e o nosso papel no concerto das grandes nações do mundo. Dissemos não à ALCA – que significava a re-colonização do Brasil pelos EUA – e impulsionamos a unidade Latino-Americana e das nações emergentes, através da UNASUL e dos BRICS. Acumulamos mais de 300 bilhões de dólares em divisas, pagamos nossas dívidas com o FMI e com o Clube de Paris e os mandamos para outras freguesias. Mais que isso, passamos a emprestar dinheiro a eles.
Superamos a estagnação herdada dos governos neoliberais e retomamos o crescimento do país, mas com inclusão social. Desbravamos o Pré-Sal e garantimos que os royalties só serão usados para educação e saúde. Criamos mais de 20 milhões de empregos com carteira assinada. O salário-mínimo – que nos tempos de FHC e Aécio não chegava a 70 dólares – hoje, ultrapassa os 300 dólares. E as grandes obras de infra-estrutura do governo federal – após anos de sucateamento, privatizações e abandono –, estão mudando a face do país.
Programas sociais como “Bolsa Família” – que os neoliberais chamavam de “bolsa esmola” –, “Minha Casa, Minha Vida”, “Luz para Todos”, “Microcrédito” e tantos outros, retiraram dezenas de milhões da miséria e fizeram o país sair do “Mapa da Fome” da ONU. O Programa “Médico para Todos” – combatido por Marina, por Ana Amélia e pelas elites reacionárias – fez a assistência à saúde chegar às populações mais vulneráveis e mais remotas do Brasil.
O Pró-Uni e a política de cotas sociais e raciais nas universidades democratizaram o acesso ao ensino superior e, pela primeira vez, “o filho do trabalhador também pode virar doutor”. A duplicação das vagas no ensino superior – de 3,5 milhões para 7 milhões –, a triplicação do número de escolas técnicas, a criação do PRONATEC – que só neste ano formou mais de 8 milhões de trabalhadores – criaram um mundo de oportunidades e de inclusão para os nossos jovens.
Não há dúvidas de que muito ainda falta por fazer. Ainda não conseguimos concretizar a Reforma Política – a mãe de todas as reformas –, para acabar com o financiamento empresarial das campanhas, que torna desigual a disputa eleitoral e escancara as portas para a corrupção. Também não avançamos na democratização dos meios de comunicação, monopolizados por meia dúzia de ”barões da mídia”, onde o povo não tem voz nem tem vez. Tampouco realizamos as reformas urbana, agrária e tributária. Impõe-se aprofundar as mudanças para continuar avançando. O povo brasileiro não aceita retroceder. É isso o que está em jogo na atual disputa presidencial.
De um lado, temos o projeto de afirmação da soberania nacional, de ampliação da democracia e de inclusão social – representado por Dilma (PT) e Temer (PMDB). De outro lado, o projeto de subordinação à oligarquia financeira internacional, de exclusão social, de restrição à democracia e criminalização dos movimentos sociais – representado por Aécio e por Marina.
Aécio é representante “orgânico”, “genético” dos dois governos neoliberais de FHC, que subordinaram o Brasil aos interesses do capital financeiro internacional, privatizaram o patrimônio e as riquezas do país, sucatearam a nossa infra-estrutura e os serviços públicos, retiraram direitos de trabalhadores e aposentados, causaram desemprego e exclusão social, e criminalizaram os movimentos sociais.
Marina apresenta-se como uma candidata “messiânica”, “acima do bem e do mal”, que irá governar com os “bons” de todos partidos. Foi rapidamente “adotada” pela elite neoliberal, descrente da possibilidade de Aécio derrotar Dilma nessas eleições. Sua tutora – Neca Setúbal, herdeira do Banco Itaú – já lhe ensinou a cartilha neoliberal e seus três fundamentos maiores – altos juros, elevados superávits primários e livre câmbio –, receita que Marina promete cumprir fielmente. Mas, Marina foi além: comprometeu-se a impor a “independência” do Banco Central – principal instrumento de política econômica do governo –, passando-o ao controle dos grandes banqueiros. Algo que nem FHC teve coragem de fazer.
Como se isso fosse pouco, desautorizou qualquer discussão acerca da criação do imposto sobre as grandes fortunas e assumiu a defesa da reforma da CLT para ampliar a terceirização do trabalho nas atividades fim das empresas. De forma oportunista e sem qualquer constrangimento, passou a dizer que aplicará fielmente o novo Código Florestal – que antes demonizava – e a adular o agronegócio – que tanto atacava. Na melhor tradição de “esqueçam tudo o que eu falei antes”…
Incapaz de separar suas preferências religiosas do exercício de funções públicas em um Estado laico, posicionou-se de forma fundamentalista contra as pesquisas com células-tronco e – sob pressão do Pastor Malafaia – recuou vergonhosamente de suas posições anteriores contra a homofobia. Em todos esses episódios revelou-se uma candidata oportunista, fraca e sem substância.
E no Rio Grande do Sul? Também aqui a luta se dá entre dois projetos antagônicos. Por um lado, o projeto representado por Tarso (PT) e Abigail (PCdoB) – alinhado com o projeto nacional e popular de Dilma –, que vem retirando o nosso Estado da estagnação e da decadência econômica, decorrentes de sucessivos governos neoliberais, e que vem reconstruindo as suas funções públicas. Projeto que tem garantido grandes investimentos em nosso Estado, crescimentos do PIB superiores ao do Brasil, menor, desemprego, melhoria dos salários dos servidores públicos e recuperação do piso regional. Projeto radicalmente democrático, que busca combinar a democracia representativa com a democracia participativa e elimina a criminalização dos movimentos sociais.
Por outro lado, o projeto dos setores mais reacionários do nosso Estado – que em um momento de rara sinceridade afirmaram pela palavra de um deputado federal do PP que “negros, índios e homossexuais são tudo de ruim que existe nessa sociedade” –, representados pela candidatura de Ana Amélia, da RBS e do PP. Campo político conservador que sempre deu integral apoio ao neoliberalismo no Brasil e no Rio Grande do Sul, principalmente durante os governos FHC, Antônio Britto e Yeda Crusius. Desse campo nada podemos esperar senão o retrocesso.
Já no Senado, o principal embate se dá entre Olívio Dutra e o candidato da RBS – Lazier Martins –, travestido de “trabalhista”, que na sua juventude foi presidente da ARENA JOVEM, que sempre defendeu o neoliberalismo, pregou o fim do “varguismo” e criticou os governos mudancistas de Lula e Dilma.
Por tudo isso, não tenho a menor dúvida de que o caminho do avanço – no Brasil e no Rio Grande do Sul – passa pela reeleição de Dilma à Presidência do país, de Tarso ao Governo do Estado e a eleição de Olívio para o Senado da República. A essas tarefas soma-se a necessidade de elegermos uma forte bancada de deputados federais e deputados estaduais do PCdoB, para dar sustentação ao projeto mudancista no Brasil e no Rio Grande do Sul. Pois os comunistas serão fundamentais nas grandes lutas que se aproximam.

Deputado Raul – Líder do PCdoB na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul