Quero destacar um tema que esteve muito presente nos debates do 13º Congresso: o necessário entrelaçamento das frentes de acumulação de forças do Partido – a luta institucional (melhor dizendo, parlamentar/governamental), a luta de massas e a luta de ideias.

A ênfase, nesse debate, esteve na crítica ao descompasso entre elas, numa possível superestimação da primeira em detrimento da segunda e, em ambas, a subestimação da terceira.

Defendo que – queiramos ou não, percebamos ou não, – o entrelaçamento existe. Isto porque, em regra, lideranças dos movimentos e de entidades de massas são indicadas a cargos eletivos ou convidadas a virem para o Partido com essa finalidade. Por outro lado, tanto nos parlamentos e governos quanto nos movimentos e entidades, ideias são elaboradas, defendidas, combatidas, reformuladas, divulgadas, em processos de negociação política, que exigem argumentação, persuasão, propostas. Resta saber: quais ideias? São as mais avançadas? Estão de acordo com nossos propósitos e nossos princípios? Seguem nossas bases teóricas e ideológicas?

Convém lembrar que no nosso Partido a luta de ideias não se resume ao trabalho das secretarias de Formação e Propaganda e de Comunicação. Também não é tarefa restrita a militantes e quadros que atuam em universidades e em movimentos e entidades culturais.

O PCdoB não subestima a luta de ideias. Temos um Programa Socialista para o Brasil, que define nosso rumo (a transição do capitalismo ao socialismo) e o caminho para atingi-lo (o fortalecimento da nação, pela construção de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento). Programa resultante de profunda análise da realidade brasileira, com base no marxismo-leninismo, tanto na produção dos clássicos quanto de autores atuais, marxistas ou alinhados ao campo patriótico, democrático e progressista. Em todas as lutas e embates, o Partido explicita nosso lado, em notas e documentos, tornados públicos. Contamos com importantes instrumentos para divulgação das nossas posições: o portal Vermelho, o jornal A Classe Operária, o sítio Partido Vivo, o Portal de Organização, o portal da Fundação Maurício Grabois, a Revista Princípios, a Editora Anita Garibaldi – entre outros. E com meios e métodos de Formação, para possibilitar a militantes e quadros a apropriação crítica das nossas elaborações e de seus fundamentos.

Falando em balanço da direção nacional, vou me ater à Escola Nacional do PCdoB, que venho dirigindo desde 2003. Ela conta com equipes de professores (as) e formadores (as) em nível nacional, em todas as regiões e em várias unidades da federação, organizadas em Núcleos de Ensino e Pesquisa. Equipes que participaram da elaboração e consolidação de um Currículo Básico, estruturado em três níveis, segundo o grau de complexidade dos conhecimentos, dispostos em eixos temáticos, cuja área de concentração é o binômio: Mais Marxismo, Mais Brasil. Nesses 10 anos, elaboramos e realizamos cursos para os três níveis, com recursos didáticos (vídeos, apostilas, material de orientação de estudo); criamos uma plataforma virtual para a formação na modalidade à distância; temos uma página no portal da Fundação Maurício Grabois. Um de nossos principais projetos é o CPS – Curso do Programa Socialista (em vídeo). Outro, os Estudos Avançados – programa de formação continuada de professores e professoras. Atuamos junto ao Departamento de Quadros da Secretaria Nacional de Organização e junto ao Departamento de Formação da Secretaria Nacional da Mulher.

Cabe, porém, perguntar: quantos dos quadros presentes à plenária final do nosso Congresso conhecem o trabalho da Escola? Quantos participaram de pelo menos um curso ou seminário? Desses, quantos se dispuseram a disseminar o nosso Programa, coordenando alguma turma do CPS?

A luta de ideias, camaradas, é luta de pessoas, grupos, classes que elaboram, estudam, debatem e difundem conhecimentos, princípios e valores que representam interesses específicos: tem lado, cor, sexo… Quando não nos apropriamos dos nossos documentos e instrumentos de produção e difusão das ideias do Partido, é como se entendêssemos que as ideias tem força própria, e são elas que lutam entre si. Quer dizer, essa frente é de luta das nossas ideias com outras ideias – basta que sejam produzidas e registradas!

Deixo, então, um convite aos delegados e às delegadas do nosso Congresso: que conheçam a nossa Escola e que nos ajudem a consolidá-la nos estados e nos municípios, participando dos nossos cursos e preparando-se para contribuir na formação revolucionária de milhares e milhares de quadros, militantes e filiados, desde a base.

Saudações Comunistas!

Nereide Saviani