A reação da sociedade parece menosprezar aqueles que a enganaram. Quando a palavra política engana, o fato não é possível permanecer desconhecido. Virá o momento, quando a sociedade irá puni-lo. O ex-governo de Geórgios Papandreu deixou de herança à sociedade profundos rombos e a “hipotecada economia”. O futuro econômico do país foi corroído pelo pesadelo de dívida, que agravou-se, também, pela “receita” do acordo (ou por sua não adoção).

A pesquisa divulgada no fim de semana, realizada pela Public Issue e do excelente analista Yannis Mavrís abala suficientemente: Apurou que a influência eleitoral dos partidos PASOK (socialista) e Nova Democracia (Centro-Direita) afundou no atoleiro da indignação e confirmou a premiação do SYRIZA (esquerda) e do Gregos Independentes.

De acordo com a análise final dos resultados, no novo Parlamento da Grécia, serão representados nove partidos políticos. Na avaliação da influência eleitoral, os partidos Nova Democracia e PASOK receberam 19% e 14,5% respectivamente, SYRIZA 13%, Dimar 12%, Partido Comunista da Grécia 11% e, o dos Gregos Independentes 11%.

Seguem o POVO 3%, Alvorada de Ouro 5%, Ecologistas-Verdes 3%, Aliança Democrática 2%, Ação 2% e, os demais somam 3,5%. Um total de 52% dos entrevistados declarou sua preferência por um governo de “cooperação” (leia-se coalizão), contra 17% que deseja um governo com “força própria” (sem coalizão) e, finalmente, 8% manifestou-se favorável por um governo ecumênico.

A sociedade grega já tem percebido (amargamente) que a lógica dos sacrifícios para o enfrentamento da crise não é suficiente. O descontentamento alimentado pela desregulação institucional da economia grega que ditam os acordos, é gigantesco. Esta avaliação constitui um (grosso talvez) exemplo com denominador – não exatamente – ideológico.

A Grécia dos milhões de desempregados asfixia. E a crise de desemprego não tem nenhuma identidade ideológica e sequer fronteiras. As economias com maior pragmatismo de que seus próprios teóricos com as famosas receitas afetam-se, primeiramente pelo desemprego. Tentando reduzir de forma odiosa os déficits fiscais e a dívida pública em economias astênicas como da Grécia, paralelamente, pulveriza-se a sociedade inteira. Quanto ao restante, já não existem mais “medidas” para serem medidas a ideologia e a honestidade de cada um pelos panegiristas ou os inimigos do acordo.

A Grécia está afundada na paralisia e na corrupção. Diante, contudo, do já revelado “superávit de mentiras”, os políticos são obrigados a tentar um adicional salto, falso, no vazio.

Agora, a responsabilidade pela catástrofe é compartilhada pelos dois grandes partidos, PASOK e Nova Democracia. A maior arrecadação do estado foi endividamento estrangeiro. O país produz a metade de tudo aquilo que consome e, o restante toma emprestado. Em consequência conduzir a Grécia no estado atual, já começa a assemelhar-se com aquilo que evitou acontecer há 60 anos, isto é, com país do (ex) bloco oriental. A segunda convenção com os carimbos da Zona do Euro e do Fundo Monetário Internacional – quer dizer, o acordo 2 está em pleno vigor -. O governo de Papadimos disputando corrida com processos fast track conseguiu que o Parlamento dos gregos aprovasse um texto técnico de 700 páginas (setecentas mesmo), redigido por estrangeiros, que define o destino do país durante décadas e, que, alguns poucos deputados reuniam condições para estudá-lo, mas sequer tiveram tempo. Não lhes deram tempo.

Com isso, a Grécia garantiu financiamento totalizando 109,1 bilhões de euros pelo Mecanismo Europeu de Apoio (EFSF). Total que, somado aos recursos que já foram canalizados com a forma de garantias para a complementação do PSI, aumenta para 144,6 bilhões de euros.

Também, o acordo 2 prevê severa fiscalização do cumprimento das condições da política econômica (com a presença física de inspetores da Comissão Européia – órgão executivo da União Européia – liberação de recursos somente se as condições específicas estiverem cumpridas e, o EFSF terá prioridade absoluta no resgate dos empréstimos).

O acordo 2 está acompanhado por ampla ajuda técnica para o crescimento com a valorização de recursos externos de qualquer natureza. A adequação do país, conforme está previsto no acordo 2, pertence na categoria das reformas em grande escala. E os novos empréstimos serão processados de acordo com o Direito da Grã-Bretanha e, o Tribunal para solução de possíveis divergências, será de Luxemburgo.

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Fonte: Monitor Mercantil