Em Setembro o povo palestiniano vai tentar que a Assembleia Geral das Nações Unidas acolha o Estado Soberano e Independente da Palestina como membro de pleno direito da ONU. Depois de longas dezenas de anos de cumplicidade das potências da NATO com a ocupação militar israelita, o povo palestiniano vai procurar dar um passo importante para a concretização das suas mais profundas aspirações de paz, liberdade e respeito pelos seus legítimos direitos nacionais. A estratégia sionista até agora conduzida por Telavive e o imperialismo superou em desumanidade não só tudo o que já se conhecia do regime fascista do apartheid, mas introduziu terríveis elementos de opressão inaceitáveis num mundo que se pretende civilizado, promovendo numerosas tentativas para dividir e acicatar divergências entre os dirigentes e movimentos palestinianos; enxameando a Palestina de colonatos ilegais; extorquindo as melhores terras aráveis, fontes e reservatórios de água; demolindo e abatendo sistematicamente casas e plantações árabes e deportando comunidades inteiras.

Entre os momentos mais brutais e criminosos do terror israelita destacam-se certamente os massacres de Saabra e Chatila ou o sepultar de homens, mulheres e crianças vivas nos escombros de Jenin e nos bombardeamentos de Gaza e do Sul do Líbano. Não devemos esquecer ainda a prisão, tortura e assassínio de figuras e milhares de activistas da resistência palestiniana ou o cerco e bombardeamento da Autoridade Palestiniana em Ramallah em 2002 e a tentativa de assassínio de Yasser Arafat cujas instalações foram bombardeadas por tanques e helicópteros israelitas.

Mas nem a construção de um muro de quatro metros de altura transformando os territórios árabes numa gigantesca prisão, separando famílias e comunidades inteiras conseguiu quebrar a determinação de um povo que diariamente demonstra que, por muito grande que seja o actual poderio militar do imperialismo, a luta dos povos é o factor determinante no delinear dos futuros caminhos da humanidade.

Qualquer jovem palestiniano traumatizado face à situação em que se encontra hoje a sua Pátria, e ao analisar a história dos últimos 60 anos, facilmente verificará que Israel é um Estado criado pela violência em nome de uma religião

Os sectores dominantes do imperialismo e da NATO como os EUA e a Alemanha já estão a desenvolver todos os esforços para impedir em Setembro a proclamação do Estado Palestiniano nas Nações Unidas, alegando a falta de consentimento de Israel. Obama já anunciou que os EUA se oporão por todos os meios a esta tentativa. Washington e Berlim querem continuar a impor o princípio hipócrita de fazer depender o direito da vítima à sua libertação e ao fim do seu sofrimento da autorização do opressor. É o mesmo conceito estratégico que tem conduzido Washington e os seus aliados a agredir os povos que mais activamente têm apoiado a causa palestiniana e que se recusam a ser submetidos ao domínio norte-americano.

No seu último comunicado, o CC do PCP «manifesta a sua solidariedade para com a luta dos povos do Mundo Árabe e denuncia a agressão à Líbia como mais uma guerra em que o imperialismo, na tentativa de frustrar as aspirações dos povos árabes e destroçar a causa palestiniana, visa consolidar as suas posições na região procurando apoderar-se dos seus recursos naturais».

Todos os povos amantes da paz e em primeiro lugar o povo palestiniano anseiam por saudar a proclamação como membro da ONU do Estado livre, soberano e independente da Palestina, nas fronteiras de 1967 e com a capital em Jerusalém Oriental. É nossa obrigação exigir que o Governo português, que actualmente ocupa um lugar no Conselho de Segurança, respeite a sua obrigação constitucional de se opor à opressão e subjugação do povo palestiniano e vote a favor do reconhecimento da Palestina. Mas seja qual for o desenlace desta iniciativa, a Palestina vencerá!

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Fonte: jornal Avante!