"Avaliação sobre o preço do petróleo em futuro próximo é difícil neste momento", comenta Fiona Stabs, da BlackRock, uma das maiores empresas mundiais de investimentos, especializada em ações do setor de energia, matérias-primas, assim como commodities agrícolas. "Em todo caso – destaca – a economia mundial não está em condições para absorver os altos preços do petróleo".

Estas considerações ela teceu em breve encontro, e avaliou que "espera-se um recuo dos preços do petróleo aos níveis fisiológicos dos US$ 100 o barril somente após o final da crise no Grande Oriente Médio, mas 12 meses depois é bem provável que registrem-se tendências ascendentes, com ritmos mais moderados, considerando que as reservas começarão a se contrair", destaca.

"A demanda, contudo, nos setores de metais permanecerá forte – diz Fiona Stabs – com a China, Índia e outros países emergentes atuando como as potências básicas que fomentarão a demanda por causa de seu galopante crescimento. Porém, o governo de Beijing, com o pacote de medidas que adotou para evitar um superaquecimento da economia, poderá conseguir domar os elevados ritmos de crescimento em percentual da ordem de 7% dentro de cinco anos."

Mineradoras aproveitam

"Assim como existe uma economia mundial de duas velocidades, dividida entre economias emergentes com ritmos velozes e crescimento contido no mundo desenvolvido, um cenário análogo predomina com as empresas do setor de commodities, as quais desfrutam de grande liquidez, pagando dividendos polpudos e na recompra de suas ações em um período, acima de tudo, de grande incerteza", prossegue.

"A confusa situação que predomina no Grande Oriente Médio, assim como a incerteza que geram os trágicos acontecimentos no Japão, não permitem, contudo, a conformação de previsões estáveis. A crise nuclear e a bíblica catástrofe do terremoto dos 8,9 pontos e o consequente tsunami é bem provável não permitirem ao país e à economia a se recomporem em prazo menor que 12 meses para que assim possam planejar os próximos passos", prossegue Fiona Stabs em sua análise.

Ela refere-se aos planos mamute para a recompra das ações das metalúrgicas BHP Billiton, no total de US$ 10,67 bilhões e Rio Tinto, totalizando US$ 5 bilhões, mês passado, ações "devidamente aprovadas pelos investidores".

"Estamos absolutamente seguros sobre nossas avaliações de nova alta dos preços dos minérios de ferro, cobre, aço térmico e aço industrializado (cooking coal) por causa da crescente demanda da China e da reduzida oferta", assinala.

Investimentos da BlackRock

Nos mercados de alimentos, Fiona Stabs aponta que "as tendências ascendentes continuarão enquanto aumenta a população mundial e, por extensão, amplia-se a classe urbana nas economias emergentes, alterando também os hábitos alimentares". Mas Fiona mostrou-se enigmática sobre a evolução dos preços nas commodities agrícolas, considerando que a conjuntura atual tem caráter próprio em tantas frentes, da Europa até o Japão.

"Investimos em empresas que fomentam o setor agrícola, como são as empresas de produção de fertilizantes, enquanto permanecemos mais com vistas ao alvo de longo prazo da melhoria do rendimento dos agricultores, do que em uma volatilidade de longo prazo nos preços dos produtos agrícolas", diz caracteristicamente a analista sobre o capital investido da BlackRock que se concentra neste setor.

"Após a crise no mercado de alimentos há três anos, as commodities agrícolas encontraram-se, novamente, no epicentro da atenção dos investidores por causa de uma séria de evoluções que incentivaram repentinas tendências ascendentes", afirma.

"Atribuímos maior atenção aos grãos, cujas tendências ascendentes, espera-se, serão mantidas por causa dos baixos estoques, consequência de condições climáticas adversas que destruíram safras ano passado e a crescente demanda pela China. O preço do trigo já foi, desde o ano passado, elevado em 47% no mercado de commodities de Chicago, enquanto a extremamente elevados níveis foram levados os preços do milho, arroz e cacau", finaliza a analista.

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Fonte: Monitor Mercantil