Ao contrário, as forças do regime já evoluíram para reconquistar cidades de importância estratégica para o fluxo do petróleo líbio, como Zawiya, Ras Lanuf, Marsha el Brega e Misrata.

A exemplo de como ocorre muitas vezes em operações militares, as informações do front são entre confusas, contraditórias e inacreditáveis, mas, ao que tudo indica, muito em breve várias outras cidades e, principalmente, instalações petrolíferas serão reconquistadas pelas forças de Kadafi. A não ser que…

O clima já mudou muito, e isto se reflete nas reportagens e análises da imprensa norte-americana e européia. O The New York Times apresenta analiticamente as forças militares norte-americanas que foram concentradas para o ataque à Líbia, "se Washington tomar tal decisão".

O jornal sublinha que "esta força-tarefa reunida pode ser considerada como um exemplo atual da diplomacia das canonheiras, que tem como alvo fortalecer os insurgentes e abalar a confiança das forças do regime e dos mercenários e, ainda, talvez inspirar um golpe de Estado palaciano".

A essência de tudo isso é que já se perderam a confiança inicialmente, e a esperança em seguida, de que as forças insurgentes que participaram da organizada insurreição armada contra Kadafi poderiam, finalmente, derrubá-lo sozinhas, sem ajuda externa. Ao contrário, nos últimos dias predomina o medo de não estar excluída a reconquista de Benghazi.

Base em Creta

Neste momento cresce a impressão de que o tempo joga a favor de Kadafi. Nada de inesperado, contudo, está excluído nestas situações anormais, até inclusive ser Kadafi encontrado assassinado por comandos de potência estrangeira, ou algum irado sicário de seu estreito círculo. Entretanto, aquilo que se configura neste momento como improvável é Kadafi ser vencido, militarmente, pelos insurgentes.

EUA e União Européia mostraram-se inicialmente favoráveis à decretação de "zona de exclusão". Isto, na prática, significa a declaração de guerra aérea contra a Líbia com centenas de aviões militares dos EUA e da Otan, com objetivo a destruição das bases aéreas, dos aviões militares e dos lançadores de mísseis da Líbia, com o apoio de porta-aviões nucleares, submarinos e outras embarcações militares dos EUA, atracadas na base naval de Suda, na Ilha de Creta.

O problema dos EUA e da Otan é que, por ora, as forças do regime apresentam clara superioridade, também, nas operações militares terrestres. E como isso parece que prosseguirá, a decisão de atacar a Líbia levará o Ocidente frente à frente com a unânime opinião pública árabe e islâmica.

Invasão britânica

Esta será a terceira "conquista" e ocupação de país muçulmano após o Afeganistão e o Iraque, e será, naturalmente, interpretada como guerra generalizada do Ocidente contra os árabes e o Islã. Cenário catastrófico com imprevisíveis consequências em nível mundial.

Gargalha a Europa inteira com o fiasco do Governo Cameron, que enviou – secretamente – à Líbia, na região de Benghazi, um porta-helicópteros e grupos de comandos, agentes secretos do M16 e diplomatas em missão desconhecida.

Porém, esta fina flor de serviçais de Sua Majestade foi presa por agricultores líbios armados, os quais a entregaram às forças antiKadafi, com as quais supõe-se que os britânicos buscavam manter contato sem avisar a ninguém.

Finalmente, após prolongadas negociações, as forças antiKadafi libertaram todos para voltar a Londres, mas não sem antes confiscar helicópteros, telefones por satélite e dezenas de passaportes que a "invasão secreta" trazia à Líbia.

_________

Fonte: Monitor Mercantil