Desde o ano passado, a China é referida como sendo a segunda potência económica mundial. Esse facto foi comprovado com o crescimento do PNB chinês, que em 2010 foi de 10,3% (6 biliões – milhões de milhões – de dólares). Esse crescimento superou os 9,2% de 2009, impulsionado pelo excepcional (em volume), pacote económico desenvolvido pela burocracia dirigente, para impedir o descarrilamento da locomotiva económica chinesa num mundo recessivo. É claro que esse volumoso dinheiro, entregue às empresas, foi tirado do bolso dos próprios trabalhadores chineses, cuja maioria se encontra ainda na miséria e em condições de trabalho que não se diferenciam, na essência, da vivida pelos trabalhadores europeus no início do capitalismo.

O Japão, um arquipélago carente dos recursos naturais necessários à sua própria substância e considerado, no auge de seu esplendor económico, a potência que iria suplantar o império americano, dependeu, entre outras coisas, da revolução electrónica para se manter no segundo posto durante as últimas décadas. Mas o anúncio dos dados oficiais do governo japonês, em Fevereiro próximo, apenas irá comprovar o que o mundo inteiro já sabe: o Japão perdeu a corrida e parece um cavalo que chega na recta final sem forcas para impedir que os outros cheguem à frente.

São duas questões importantes, intimamente interligadas. A primeira é o crescimento chinês e as consequências que isso tem para o mundo inteiro, já que a segunda potência mundial é uma odiosa ditadura a qual todos os países desenvolvidos e “democráticos” tratam como um importante aliado. Basta ver a recente visita do presidente chinês Hu Jintao, recebido com tapete vermelho em Washington.

O facto concreto é que o crescimento chinês impulsiona a crise mundial, já que os chineses executam, nas suas fábricas, por um salário de fome, milhões de horas de trabalhos realizadas outrora pelos trabalhadores americanos, europeus, japoneses e de outros países. A actual recessão mundial está completamente amarrada ao crescimento chinês.

A segunda é a decadência visível do Japão. Não há nenhum japonês que acredite que as coisas vão melhorar num futuro imediato e nem a médio prazo, para se falar o mínimo…

A decadência japonesa está ligada a outra mais importante, que é a decadência americana. Nos EUA, para cada dez trabalhadores, um encontra-se desempregado. Alguém se lembra do pacote económico elaborado por Barack Obama? E quais foram os resultados?

Por sua vez, a decadência americana está ligada ou impulsiona a crise europeia, que não foi superada nem mesmo após duas guerras mundiais. A onda de greves gerais que varreu a Europa no ano passado é um argumento mais do que suficiente para comprovar a profunda decadência que vive a Europa. A ascensão da China, não só bateu o Japão, mas liquidou definitivamente o eurocentrismo. A história deste século será escrita, muito provavelmente, nas suas linhas principais, com os acontecimentos futuros, na China e na vizinha Índia.

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Fonte: Esquerda.net