Mas aquilo que preocupa, realmente, os europeus é uma eventual ajuda européia à Espanha, considerando que algo assim testará as resistências não só do mecanismo dos 750 bilhões de euros, mas, também, da própria Zona do Euro,

Apesar do caráter sistêmico que reconhecidamente assumiu o ataque contra os países fracos economicamente da Zona do Euro, os empoados líderes europeus não conseguiram, até agora, formular as respostas de caráter sistêmico, para que assim possam enfrentar eficazmente a ameaça.

Na Reunião de Cúpula de dezembro do ano passado, os 27 empoados líderes decidiram, somente, a constituição do permanente Mecanismo Europeu de Estabilidade, que substituirá o provisório a partir de meados de 2013.

Suas bases haviam sido estabelecidas pela dupla do eixo franco-alemão Merkel-Sarcozy, desde 18 de outubro do ano passado, em Dauville. De acordo com o Wall Street Journal, ao conhecido acordo Merkel e Sarkozy chegaram durante um passeio na praia onde, com gentileza francesa, Sarkozy pediu que trouxessem o sobretudo de "Frau" Merkel (que estava tremulando de frio) e lhe prometeu ajuda.

Mais ou menos assim como compensação pela criação de um Mecanismo Europeu de Estabilidade sem sanções automáticas, como insistia, inicialmente, a Alemanha conseguiu a participação de investidores privados ao custo da reestruturação.

Mas, conforme perceberam, imediatamente os mercados, isto sinalizava o risco de falência de algum país integrante da Zona do Euro. Desde então, os mercados de bônus retornaram à instabilidade com o custo de endividamento dos países fracos sendo lançado novamente às alturas.

O fato obrigou o Banco Central Europeu (BCE) a intervir fortemente nos mercados, adquirindo elevado número de papéis gregos, irlandeses e portugueses. E as preocupações recrudesceram com a nova classificação do rating dos países fracos para baixo.

Aliás, de acordo com previsões de economistas, este ano será ainda mais difícil para o acesso aos mercados, considerando que os países integrantes da Zona do Euro necessitarão mais de outros fluxos de recursos do que ano passado. E anotem: neste ano a competição em busca de refinanciamento será árdua mundialmente.

Irlanda – Os desempenhos dos bônus estatais da Irlanda aumentaram em 93,5%. O país, após a Grécia, teve acesso ao Mecanismo de Apoio do Fundo Monetário Internacional (FMI), União Européia (UE) e Banco Central Europeu (BCE). O governo de Dublin sofreu fortes pressões dos mercados porque os investidores (especuladores/usurários) temeram a exposição da economia do país ao gigantesco custo de salvação de seus bancos e banqueiros. Na explosão de desempenhos e de spread contribuíram as orientações do eixo franco-alemão para futura divisão de perdas entre, também, investidores privados, evitando uma falência nacional.

Portugal – Foi o último dos países fracos da periferia européia, cuja dívida foi atingida pela reclassificação do rating. Desde o início do ano passado, os desempenhos dos bônus estatais de dez anos do país aumentaram em 66,5%, considerando que constitui um dos países integrantes da Zona do Euro intimados a domar seus déficits fiscais e realizar reformas urgentíssimas.

Espanha – Os problemas fiscais do ex-"gigante econômico do Sul europeu" constituem a fonte das maiores preocupações, tanto para a periferia, quanto para toda a Zona do Euro. Os desempenhos de seus título estatais de dez anos aumentaram desde o início deste ano em 38%.

Alemanha – A queda do desempenho dos bônus estatais alemães de dez anos em 10,7% revela que a crise fiscal dos países fracos integrantes da Zona do Euro facilita o atendimento da dívida da maior economia da Zona do Euro. Seus papéis estatais são um dos mais seguros refúgios para investimentos, embora em dezembro passado seus desempenhos retornaram a níveis da ordem de 3%, por causa dos temores pelas consequências da crise na célula da Zona do Euro.

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Fonte: Monitor Mercantil