Também houve queda significativa das crianças com baixa estatura. O índice caiu de 19,6% para 6,8% no mesmo período.

Pelas projeções do governo, o País ainda deve alcançar a meta de redução da mortalidade infantil antes do prazo definido pela ONU. Entre 1990 e 2008, o índice caiu de 47,1 mortes por mil nascidos vivos para 19. A perspectiva é chegar a 15,7 em 2012, três anos antes do previsto. De acordo com técnicos do Ministério da Saúde, os resultados podem ser atribuídos a quatro fatores: o aumento da escolaridade materna, o crescimento do poder aquisitivo das famílias, os progressos na atenção primária à saúde, sobretudo a expansão do Programa Saúde da Família, e o aumento da cobertura de saneamento básico.

O ministro José Gomes Temporão destaca ainda a redução nos índices de natalidade. O estudo aponta queda de aproximadamente 10% no total de nascimentos no Brasil. O número de partos caiu de 3,2 milhões, em 2000, para 2,9 milhões, em 2008. A maior redução (93% do total) está concentrada nos grupos etários de 15 a 24 anos. “Isso se refere a uma série de medidas de acesso à informação, acesso a métodos anticoncepcionais, apesar da resistência de setores conservadores ainda existentes na sociedade brasileira”, afirmou Temporão.

A acentuada queda na taxa de desnutrição infantil não surpreende especialistas. Desde o fim da década de 80, a população brasileira em geral possui uma taxa de subnutrição inferior a 5%, índice considerado aceitável pela Organização Mundial da Saúde. Por outro lado, causa preocupação o crescimento das taxas de obesidade no País. Em 1974, 5,7% da população adulta era considerada obesa e 8,6% era vítima de desnutrição. Em 1989, a relação inverteu-se. A obesidade atingia 9,6% dos habitantes e a desnutrição caiu para 4,2%.

O elevado número de pessoas com sobrepeso (não necessariamente obesas) também preocupa as autoridades de saúde. No último inquérito nacional do IBGE, divulgado em agosto passado, verificou-se que o excesso de peso já atingia metade da população adulta, uma em cada três crianças (de 5 a 9 anos) e um quinto dos adolescentes. Em meados da década de 70, o percentual da população adulta com sobrepeso era de 18,5%.

O próprio ministro da Saúde reconheceu a gravidade do problema durante a divulgação da pesquisa. “Estamos diante de uma bomba relógio”, afirmou Temporão. Projeções feitas pelos técnicos da pasta indicam que, se nada for feito, o Brasil terá, até 2022, o mesmo nível de obesidade dos EUA, onde três quartos da população têm excesso de peso e 25% são considerados obesos.

Fonte: Carta Capital