Esta conferência guarda relações históricas com a que aconteceu em 1981 – o 1º Congresso das Classes Trabalhadoras (Conclat), em Praia Grande (SP). Quase três décadas depois, o movimento sindical conseguiu produzir – por meio das centrais – um novo encontro dos trabalhadores.

Naquele histórico encontro de 1981, o movimento sindical se dividiu e de lá saiu a CUT (Central Única dos Trabalhadores). As demais forças que divergiram daquela orientação hegemônica foram construir novos movimentos a partir de suas convicções políticas e matizes ideológicos.

De 1981 a 2008, a CUT atuou quase como única referência de central no País, daí, em grande medida, deriva sua força, aliada à combatividade que imprimiu nas lides sindicais desde então.

Com o advento da Lei 11.648/08, que regulamentou o funcionamento das centrais, inclusive com repasse de recursos oriundos da contribuição sindical, a luta dos trabalhadores brasileiros ganhou nova e robusta dimensão, com as centrais atuando sob forte unidade de ação.

Assim, a nova conferência ganha dimensões históricas, pois foi convocada pelas centrais, unitariamente, que pretendem construir uma agenda, a fim de apresentá-la à sociedade e, consequentemente, aos presidenciáveis.

Esse movimento poderá ter três caminhos ou orientações: 1) de alinhamento automático a uma ou outra candidatura ao Planalto; 2) de indiferença ao processo que ora se desenrola na grande política; e 3) de leitura adequada da conjuntura e demanda histórica que se apresenta para os trabalhadores e suas entidades de classe, tendo as centrais na linha de frente.

Alinhamento automático

A partir dessa unidade, que é o cimento que solidifica e dá consistência ao projeto da conferência, o movimento sindical, sob a coordenação das centrais, tem três caminhos que poderão definir o êxito da iniciativa.

O primeiro seria fazer um encontro da dimensão que se propõem para se alinhar automaticamente a uma das candidaturas ao Planalto.

Essa escolha pode levar o movimento sindical a se deslegitimar diante dos trabalhadores e dos contendores que irão polarizar a batalha de 3 de outubro. Ou seja, traz o risco de enfraquecer o movimento e as centrais.

Indiferença ou omissão

O segundo caminho seria o da omissão com a representação dos trabalhadores ficando alheia à batalha eleitoral. Isso significaria ignorar a luta que será travada para eleger os titulares do Parlamento e o substituto ou substituta de Lula.

Essa omissão, inimaginável, comprometeria as batalhas que o movimento sindical se propõe a desenvolver no futuro. Seria também um erro gravíssimo.

Uma agenda ou programa

O terceiro caminho seria construir uma agenda unitária, com propostas do mundo do trabalho para apresentar à sociedade e aos presidenciáveis, a fim de se credenciar como movimento social que pretende debater os grandes problemas do País.

Essa parece ser a alternativa mais adequada, que legitima e credencia para o grande debate das demandas do mundo do trabalho. Mãos à obra.

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Analista político e assessor parlamentar do Diap

Fonte: Portal do Diap