Neste 25 de março de 2017 o Partido Comunista do Brasil completa 95 anos de vida ininterrupta, no mesmo ano em que se comemora o centenário da vitória da Grande Revolução Socialista na Rússia. O PC do Brasil é filho e herdeiro de toda a história desse magno empreendimento revolucionário dos trabalhadores e do povo russo no século passado. O Partido é um legado da Revolução Soviética, que influenciou o feito histórico de inserir pela primeira vez a luta política no âmbito do jovem movimento operário no Brasil.

Em todo transcurso da sua longa existência o Partido Comunista do Brasil teve sua marca indelével na luta pela soberania da Nação, na luta pela causa democrática e o progresso social, sendo essas lutas a síntese de sua experiência e dos seus programas.

Hoje, O PCdoB é mais imprescindível. É maior a exigência por uma alternativa avançada viável diante de um golpe de Estado parlamentar com protagonismo judicial, embalado pelo oligopólio midiático, que reverteu o curso progressista no Brasil e vem implantando uma ordem conservadora e retrógrada.

Este fato faz espocar uma grande crise, com ausência de rumo estratégico a Nação se desestabiliza, os poderes de Estado se desalinham. Prevalece uma fachada de Estado de direito com acentuado e crescente conteúdo de exceção. As bases iniciais da economia nacional e das redes sociais de apoio duramente conquistadas vêm sendo fulminantemente desmontadas.

O PCdoB é uma força que neste momento contribui na imprescindível empreitada de reunir amplas forças sociais e políticas para superar a crise, resgatar a soberania popular, restaurar o Estado democrático de direito e abrir caminho para retomar o projeto nacional de desenvolvimento.

Na passagem em que se comemora os 95 anos do Partido Comunista do Brasil é inevitável a reflexão da seguinte questão: porque o PC do Brasil viveu e vive até hoje, se renovando e se atualizando? Resulta essa persistência histórica da simples vontade dos comunistas? Dos incontáveis caminhantes tomados pela causa comunista que consagraram heroicamente suas vidas por estes nobres ideais? Da grande aspiração civilizacional de uma sociedade sem exploradores e explorados? Sim tudo isso é verdadeiro. No entanto, conquanto mais que fosse tudo isso, não seria o suficiente para varar séculos – desde o lançamento do Manifesto do Partido Comunista por Marx e Engels em 1848 – a existência organizada e proclamada em partidos de luta pelo socialismo, transição histórica para a sociedade comunista, em todos os quadrantes do globo, como o Partido Comunista do Brasil em nossas plagas.

Essa universalidade e perenidade emanam de uma exigência concreta, de uma base objetiva que se reflete em uma tendência histórica no sentido de prevalecer – à custa de um tempo maior ou menor, de avanços e recuos, de sombras e luzes – a formação política, econômica e social mais avançada, suplantando a velha sociedade. Isso pode ser postergado, mas a sua inevitabilidade se traduz por leis objetivas. É no famoso prólogo de Marx da Contribuição à critica da economia política, que se pode compreender essa evolução objetiva dialética da história: “Nenhuma formação social desaparece antes que se desenvolvam todas as forças produtivas que nela caibam, nem jamais aparecem novas e mais altas relações de produção antes que as condições materiais para sua existência tenham amadurecido no seio da sociedade anterior”.

A realidade é que o século passado é marcado pelo nascimento do socialismo. Deram-se os primeiros passos. Sobretudo considerando a primeira experiência da União Soviética, realizada em condições históricas excepcionais, que diferiam muitíssimo das previstas no século 19 pelos fundadores do marxismo. As experiências socialistas de antes e de hoje têm sido realizadas em condições históricas nas quais prevalece o domínio dos monopólios financeiros e produtivos capitalistas em âmbito global.

Na atualidade se desenvolvem alternativas próprias como nos casos, por exemplo, da China, Vietnã, Cuba, que conseguem superar os impasses e dar materialidade ao socialismo na atual quadra histórica, alcançando altos índices de desenvolvimento das forças produtivas – condição essencial para construir a base material para construção do socialismo – se distanciando do “modelo soviético”, próprio de um período excepcional, abrindo caminho na transição socialista atual – etapa primária — incorporando formas contemporâneas.

Por outro lado, a atualidade do sistema capitalista se caracteriza por sua grande crise estrutural que irrompeu desde 2008 e ainda persistente. Para “sair” da crise global a realidade expõe um sistema que busca concentrar mais o capital, em uma “guerra de capitais”, gerando mais profunda desigualdade social e exclusão de grandes massas da população, e profundas assimetrias regionais no nível de desenvolvimento. O modo de produção capitalista, suas relações de produção e seu princípio distribuidor da riqueza são cada vez mais impotentes para transformar a imensa capacidade produtiva gerada pelo colossal desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação em proveito dos povos e nações e do avanço civilizacional.

Esses vários fatores objetivos – as contradições intrínsecas do capitalismo — e subjetivos – o anseio natural pelo avanço civilizacional — dão perenidade à luta pelo socialismo e aos partidos comunistas seus portadores, forjando a classe trabalhadora e conquistando aliados, descortinando na cena da história contemporânea lances que vão plasmando uma nova luta pelo socialismo.

Portanto, essa é a força combinada, material e espiritual, que imprime à tendência transformadora o rumo de uma sociedade superior ao capitalismo – o socialismo, exigência da história, sendo ele uma transição prolongada do capitalismo ao comunismo. Dessa suma decorre a persistência histórica, no caso brasileiro, da extensa e continuada existência do Partido Comunista do Brasil.

O capitalismo pode ser superado!