A pré-candidata afirmou que combater a desigualdade seria sua prioridade. “Ainda temos mais de um milhão de pessoas que cozinham com lenha, em vez do gás. Neste país, 40 mil mulheres, quase todas negras, enterram seus filhos por ano devido a problemas de desigualdade. Temos ainda entre 30 e 35 milhões de pessoas em situação de trabalho precária, incluindo aí desempregados e pessoas com subemprego ou condições de trabalho abaixo do desejado”, observou a candidata.

Sobre a viabilidade de sua candidatura, Manuela disse que pretende seguir com ela em vez de abrir mão de seu projeto em favor de outra candidatura de esquerda. Ela também descartou abrir mão de sua candidatura presidencial em favor de uma candidatura ao governo do Rio Grande do Sul. “Tenho boa aceitação em meu estado, mas no partido concluímos que o problema financeiro enfrentando pelos estados passa invariavelmente por uma mudança a nível federal”, disse.

A mulher na sociedade

O atual papel da mulher na sociedade brasileira foi extensamente abordado pela pré-candidata. Ela se comprometeu a adotar políticas para reduzir a desigualdade de gênero no Brasil. “Muitos problemas no Brasil a princípio não costumam ser apontados como fatores que ampliam a desigualdade de gênero. É o exemplo da falta de estrutura do ensino infantil. Muitas mulheres têm que deixar o emprego por não terem com quem deixar seus filhos. É um problema que praticamente não ocorre com os homens. Portanto, investir na ampliação da estrutura de creches e ensino infantil é uma forma de combater a desigualdade de gênero”, afirmou.

Temas polêmicos 

A pré-candidata falou sobre temas polêmicos, como aborto e maioridade penal. Sobre aborto, Manuela se disse contra a legislação atual. “Deve ser sempre uma escolha da mulher”, disse. Ela se manifestou também contra o fim das cotas. “Creio que podemos discutir seu fim no futuro. Mas no momento ainda observamos uma grande desigualdade a ser superada, afirmou.

Manuela afirmou ainda ser contra a diminuição da maioridade penal. “Sou a favor da idade atual. Se considerarmos que instituições como FEBEM e Fundação Casa são em essência prisões, muitos jovens já são punidos com detenção aos 12 anos”, argumentou.

Drogas e pena de morte

Manuela disse ainda ser contra a pena de morte e a favor da tributação das drogas em um comércio legal. “Precisamos fazer uma análise científica e imparcial sobre o impacto de cada droga na sociedade”, afirmou. Ela disse ainda que a receita arrecadada com a venda de drogas seria aplicada em comunidades que viveram efeitos da criminalidade e em programas de conscientização sobre os males do uso excessivo de drogas.

Contas públicas

Sobre o atual déficit no orçamento do governo, a solução de Manuela passaria pro taxar grandes fortunas, lucros e dividendos e heranças. “Os impostos no Brasil são atualmente muito mais ‘pesados’ para a maioria pobre da população. Segundo a pré-candidata, essas medidas poderiam aumentar a receita e ajudar na capacidade de investimento do Estado. Sobre privatizações, Manuela disse ser contrária nos casos da Petrobras e Eletrobras.

Críticas a Temer

Em diversos momentos da sabatina, a candidata fez duas críticas ao governo Michel Temer. Segundo ela, Temer é uma “alma penada que não morreu, está por aí rondando algumas candidaturas”. Manuela afirmou ainda que Temer chegou ao poder de forma ilegítima. “O processo de impeachment foi baseado em um argumento de uma suposta irregularidade fiscal que nunca existiu”, disse.

Ficha Limpa

Questionada sobre a Lei de Ficha Limpa, Manuela disse ser a favor da lei, mas afirmou que é necessário um debate sobre a partir de qual instância ela seria cumprida. “No Brasil temos que parar de comer pela beirada. Se o judiciário demora muito a julgar, devemos enfrentar esse problema, e não mudar a interpretação da lei para acomodar uma falha”, afirmou. Manuela está entre alguns pré-candidatos que apoiam a libertação do ex-presidente Lula, preso após condenação em segunda instância.

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