Nesta sexta-feira, 12 de abril, completam-se 41 anos do início dos combates entre a ditadura militar e a Guerrilha do Araguaia. Jovens militantes políticos de todo o país começam o longo combate ao Exército na região do baixo Araguaia. Um movimento de resistência armada contra a ditadura que já vinha sendo construído com a população local pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB).
Para lembrar a data e o que ela representa para os comunistas de hoje, o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, falou em seu programa semanal Palavra do Presidente, da Rádio Vermelho, em homenagem aos que tombaram lutanto na Guerrilha do Araguaia.
Esta guerrilha entrou para a história brasileira como parte da trajetória das lutas populares de grande dimensão do país, em que as Forças Armadas, para combatê-la, tiveram de empregar um efetivo de mais de 12 mil homens, incluindo forças especiais e de elite.
Esse importante episódio, dirigido pelo PCdoB, hoje, pertence ao povo brasileiro, ao elenco de suas lutas. A coragem política do PCdoB, de recorrer a esse recurso radical de defesa da democracia, num momento tão difícil, não pode ser esquecido.
Leia a íntegra do discurso de Renato Rabelo, no Palavra do Presidente:
“A guerrilha do Araguaia foi o movimento de Resistência armada mais importante do período da ditadura militar, iniciada em 1964, porque foi o período de resistência armada que mais durou. Houve várias iniciativas de resistência armada, vários grupos, muita gente, que via que não tinha como participar do ambiente político legal. A única forma foi buscar meios de como enfrentar a ditadura lutando por democracia e por liberdade. No caso, a guerrilha do Araguaia foi conduzida e dirigida pelo PCdoB e foi a resistência que mais durou.
O mais importante é que foi uma resistência feita no sul do Pará, nessa região do Araguaia, que contou com amplo apoio da população, porque foi uma resistência em que o partido comunista já trabalhava nessa área com militantes e com quadros. Estava ali para ajudar o povo, viveu com o povo. O próprio povo, pessoas do local, participou da guerrilha, porque existia uma compreensão comum das necessidades de defender os direitos do povo do interior. Essas eram basicamente as bandeiras da resistência armada, daquela época: defender a liberdade, a democracia e os direitos do povo do interior, que era muito abandonado. Eram bandeiras de interesse do povo.
Isso foi feito durante muitos anos. Uma preparação muito grande, em que o partido procurou levar em conta a realidade de povo da região. E o povo participou, por isso ela durou esse tempo todo.
Até hoje é um acontecimento importante da história política brasileira. Naquela época, a ditadura procurou esconder de todo jeito. Não deixar inclusive rastro. Na medida em que a transição democrática foi se dando, foi vindo à luz do dia esses acontecimentos. Hoje, há uma série de publicações, livros e teses de defesa de mestrado e doutorado sobre esta questão. Ou seja, é um acontecimento muito importante.
Outro dado muito importante que eu considero, é que a guerrilha é uma prova de que o PCdoB é um partido que tem radicalidade na luta pela liberdade e pela democracia. Foi uma forma radical de travar a luta pela liberdade, já que era impossível atuar politicamente, porque eles impediam a atuação do partido e dos movimentos progressistas. Era uma forma de resistência que considerava a necessidade, de maneira bastante radical, da liberdade para o povo.
Por isso, o PCdoB, num momento como esse, achava que era necessário se exprimir e resistir dessa maneira. Foi um período importante que caminhou também para o fim do regime militar. Isso deu esperança e alento àqueles que resistiam, porque era uma forma de resistência importante, consequente e coerente.
Isso ajudou o crescimento da resistência em geral naquele período que muita gente não considera. O exemplo disso é que a Ação Popular, que era uma organização importante dessa época, resolveu se incorporar ao PCdoB para ajudar o partido, porque a guerrilha despertou nessas pessoas, nesses militantes, nesses ativistas, a necessidade de juntar forças para que a gente pudesse vencer a ditadura militar.”