Nascida em Marselha, na França, em 1925, era filha de pais comunistas. Desde muito jovem se vinculou às formações guerrilheiras do PCF, chamadas FTP (Francs-Tireurs et Partisans), criadas em 1941, coluna vertebral da resistência francesa contra a ocupação nazista e o governo colaboracionista de Vichy.

Aos 17 anos, conheceu aquele que seria o companheiro de sua vida, o lendário Apolonio de Carvalho (1912-2005), dirigente comunista brasileiro, militar revolucionário, oficial do exército republicano espanhol e comandante das FTP em Marselha.

Terminada a guerra, passam a viver juntos em Paris. Nasce o primeiro filho, Rene-Louis. Mudam-se para o Brasil, onde teriam seu segundo rebento, Raul. Ambos seriam, desde a juventude, lutadores sociais.

A família atravessou décadas de clandestinidade, prisões, torturas e exílio. No final dos anos 60, apenas Renee, a mãe, estava em liberdade, sofrendo com o encarceramento e a brutalidade dos quais eram vítimas seu marido e filhos.

Incansável militante, dedicou-se à solidariedade com os perseguidos e à luta contra o regime militar. O sequestro do embaixador alemão, em 1970, que libertou 70 presos políticos, levou ao banimento de seu marido para Argélia. Rene-Louis seria libertado depois da captura do embaixador suíço, em 1971, mesmo ano em que a ditadura soltaria Raul. A família passou a viver na França, até a anistia de 1979.

Junto com Apolonio, Renee participou da fundação do PT em 1980, mantendo-se ligada a esse partido até seu último suspiro.

Valente e carinhosa, sua voz tranquila e sua experiência eram bálsamo de otimismo e esperança a todos os militantes e movimentos que a procuravam.

Por sua história, solidariedade e bravura, para sempre será lembrada como exemplo de mulher destemida e combatente, que dedicou sua vida aos povos do mundo.

Sem sua presença, as trincheiras da classe trabalhadora ficam mais tristes.

Renee de Carvalho, presente. Agora e sempre.