No sábado (21), ocorreu o encontro de quatro intelectuais para homenagear os 200 anos de Friederich Engels (celebrados neste sábado, 28 de novembro) e os 150 anos de Vladimir Lênin (ocorridos em 22 de abril), dois gigantes do pensamento revolucionário.

Participaram do debate o cientista político (URGS), José Loguércio, o jornalista (UFMA), Fábio Palácio, a educadora (PUC-SP), Madalena Guasco, e a cientista social Ana Maria Prestes. Na ocasião, também foi divuglado o livro da Fundação Maurício Grabois com a Editora Anita Garibaldi, com ensaios organizados por Teófilo Rodrigues, com textos de 20 autores sobre os 200 anos de Engels.

Loguércio chamou sua apresentação de Engels e Lênin, duas trajetórias de desbravamento: audácia e ciência.

Para ele, ambos são pioneiros tanto na teoria, quanto na prática política. Loguércio destacou a origem burguesa de Engels, que logo se vinculou ao proletariado de Manchester, em particular, o irlandês, que era o mais discriminado do Reino Unido. Ele é o primeiro a observar o caráter particular da classe operária como coveira do capitalismo.

Lenin, por sua vez, conviveu com a história trágica do irmão assassinado pelo czarismo, pelas ações de oposição e defesa dos camponeses contra a crueldade do regime.

Ambos os desbravadores se encontram no esforço de tornar o marxismo uma teoria científica, ao passo que procuravam organizar a vanguarda proletária e as massas do povo. “Levaram a audácia como uma forma de vida, como uma forma de existir no mundo”, diz o sociólogo. Ele lembra que Engels era um militar temido durante as revoluções democráticas de 1848, e Lênin era clandestino até a revolução russa, sendo acusado, canalhamente, de espião alemão.

Loguércio observa o papel pioneiro de Engels em observar a importância da aliança operária e camponesa, reconheceu o papel de Marx como principal formulador do socialismo científico. “Foi também Engels quem melhor definiu a natureza histórica e o surgimento do estado”, diz ele, mencionando a obra “A origem da família, da propriedade privada e do estado”, muito utilizada por Lênin para escrever “Estado e Revolução”.

Sem Engels, não existiria o segundo e terceiro livro do capital, cuja conclusão ele considerava sua tarefa principal. 

Lênin aponta como partes indispensáveis da luta proletária pela emancipação, a teórica, a política e econômica prática.

Engels também observa como a nação [e um conceito que surge com apoio da burguesia das cidades para enfraquecer a nobreza feudal e fortalecer monarquias baseadas no conceito de nacionalidade. Com isso, a nação surge como consequência e para ser instrumento do capitalismo. Para Marx, o capitalismo ja tinha mil anos, surgindo com a manufatura, ainda que nos primeiros 400 anos fosse acumulação primitiva de capital. Assim, são autores que enxergam o capitalismo como uma estrutura histórica de longa duração.

“A essência da obra de Lênin é a defesa e a atualização do socialismo científico”, resume o professor, pontuando contribuições conceituais do russo, como o socialismo democrático, o revisionismo e o direito emancipatório das nações colonizadas.

Xi Jinping, ao celebrar os 200 anos de Marx, fala do anseio do povo chinês ao citar Engels, quando diz que sob condições socialistas a sociedade deve fornecer trabalho saudável e benéfico para todos, ampla riqueza material e tempo de lazer, uma verdadeira e plena liberdade a todos.