A coluna vai na frente
Dos homens, das mulheres, das crianças.
A coluna deita no leitos dos rios,
A coluna se levanta, rasga matas,
A coluna vai na frente,
Vai mostrar o caminho ao país,
A coluna marcha,
O povo diz que ela é de fogo,
A coluna vai sempre na frente,
Nem sabe direito o que vai mostrar,
A coluna marcha,
O povo conta com a coluna,
A coluna conta com o céu.
O governo faz promessa
Para a coluna desaparecer.
Populações inteiras se penduram nela,
A coluna vira coluna de homens,
A coluna cresce, cria uma barba enorme,
A coluna marcha
Na frente dos cavalos, das cidades, dos sertões,
Na frente das ondas, do fogo, das promessas,
A coluna vai, a coluna vai, a coluna vai,
Não dá mais notícias
– Perdem a esperança, –
Nunca mais que volta,
Nunca mais que vem.

 

Rio de Janeiro, 1932.

 

Laércio Souto Maior
Luiz Carlos Prestes na Poesia – Contendo estudo da saga prestista, antologia poética, iconografia e cartas.
Travessa dos Editores – Sesquicentenário
1ª edição 2006.