A ideia de cidades humanas, segundo Nádia, que também ocupa o posto de secretária municipal de Educação, exige superar a noção de que administrar uma cidade é, apenas, construir obras. Para ela, é preciso pensar ações que tornem melhores a vida e a interação das pessoas que vivem nos complexos espaços urbanos. Essas ações, ela defende, são as mais simples.

“As obras são importantes, principalmente quando falamos em construir escolas, creches, mas muitas coisas na cidade são construídas através de ações importantes que tornam a cidade mais generosa, mais igualitária, equilibrada, tolerante e com mais qualidade de vida. Essa é a cidade humana, que você não precisa de grande orçamento para fazer”, explicou a vice-prefeita, que é filiada ao PCdoB.

Na ocasião, Nádia também apresentou a experiência na gestão da capital paulista, iniciada em 2013, ao lado do prefeito Fernando Haddad. Segundo ela, a maior metrópole do Brasil apresenta grandes desafios, mas os problemas mais espinhosos foram tocados porque, seja lá ou em qualquer lugar, é preciso enfrentar as questões mais difíceis, até como uma maneira de mostrar à população a seriedade do objetivo de transformação.

“Tem um problema grande na cidade? Tem que enfrentar! O maior enfrentamento que fizemos foi em relação à mobilidade urbana. Ninguém aguentava mais o trânsito e o transporte de São Paulo. Tivemos que comprar uma briga muito forte, mas hoje comemoramos resultados positivos”, relatou a vice-prefeita. Ela elencou as mudanças realizadas, como criação de faixas exclusivas para ônibus, ampliação significativa do sistema cicloviário, passe livre para estudantes, entre outros.

Nádia ainda apresentou as mudanças feitas em outras áreas consideradas pela gestão como prioritárias, a exemplo da saúde, educação, moradia e assistência social – se destacando as ações voltadas às pessoas em situação de rua e LGBTs. As transformações, segundo ela, provocaram muita resistência porque contrariaram interesses, colocando em risco, inclusive, o objetivo de reeleição de Haddad, mas o projeto de uma cidade mais humana vai ser levado até o último dia de governo. “Somos o governo da resistência”, finalizou.

O seminário contou também as presenças da candidata a prefeita do PCdoB em Salvador, Alice Portugal; da candidata a vice, Maria del Carmem (PT); da senadora Lídice da Mata (PSB); de Luciana Mandelli, da Fundação Perseu Abramo; dos vereadores comunistas Everaldo Augusto e Aladilce Souza; além de candidatos a vereador e vereadora, e interessados no debate.

As contribuições desse e dos outros seminários deverão fazer parte do projeto de governo que o PCdoB e os partidos aliados apresentarão a Salvador, com a candidatura de Alice Portugal. “Estamos construindo um programa a muitas mãos. Salvador é a campeã da desigualdade e nós queremos tratar dessa desigualdade para diminui-la”, defendeu a pré-candidata a prefeita.

Protagonismo feminino

O PCdoB traçou uma meta audaciosa para 2016: aumentar a presença em prefeituras e câmaras municipais, principalmente nos grandes municípios, com mais de 100 mil habitantes. E não só isso. O objetivo precisa, no entanto, caminhar junto com as bandeiras históricas do partido. Uma delas é a presença feminina nas chapas, como forma de garantir o protagonismo das mulheres – e não apenas que elas cumpram a cota de gênero.

Com a meta, o PCdoB está promovendo uma revolução no modo de inserção da mulher nos projetos eleitorais. O partido possui candidaturas em cidades importantes, como Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ) e Olinda (PE), e, nos três municípios, os projetos são liderados por mulheres: as deputadas Alice Portugal, Jandira Feghali e Luciana Santos, candidatas a prefeita, respectivamente.

Além das três candidaturas femininas em grandes cidades, há outras tantas em médios e pequenos municípios pelo Brasil afora. Segundo a secretária nacional de Mulheres do PCdoB, Maria Liége Rocha, o partido entende que a democracia só existirá, de fato, quando forem rompidas as barreiras que impedem as mulheres de chegar aos espaços de poder.

Nesta pequena entrevista, Liége fala sobre a meta do PCdoB, da expectativa que faz sobre o desempenho das candidaturas femininas nas urnas, em outubro, e, especialmente, sobre o projeto eleitoral de Salvador, com Alice Portugal liderando a frente de esquerda. Confira.

– O que significa ter mulheres do PCdoB liderando chapas majoritárias em cidades tão importantes?

É o reconhecimento do protagonismo de mulheres como Jandira, Alice e Luciana, que sempre estiveram na linha de frente, na luta em defesa de um Brasil livre e soberano, dos direitos das mulheres contra todo tipo de opressão. Mulheres de coragem que, com firmeza, defendem a democracia em nosso país, que só existirá de fato quando rompermos também com a sub-representação das mulheres nos espaços de poder e decisão.

– Qual o diferencial que uma gestão liderada por uma mulher pode ter?

Antes de tudo não basta ser mulher, mas tem que ser uma mulher que defenda e incorpore um projeto de desenvolvimento que enfrente a opressão de classe e gênero, que combata as discriminações de raça, etnia e de orientação sexual, que contribua para que as cidades sejam inclusivas com mais políticas públicas para as mulheres.

– Qual a expectativa que faz sobre o resultado das urnas, em relação às candidatas comunistas?

As nossas candidatas mulheres Jandira, Alice e Luciana têm toda chance de se elegerem, por suas trajetórias de luta, pelo reconhecimento de seu comprometimento com a luta do povo brasileiro, por serem mulheres destacadas no cenário nacional.

– Especificamente sobre Salvador, qual a avaliação que faz da possibilidade de Alice Portugal – secretária estadual de Mulheres do PCdoB – ser eleita prefeita?

Alice é uma guerreira de sempre, sabe enfrentar um debate político como ninguém, sabe dialogar com o povo e enfrentar desafios, é uma lutadora pela emancipação da mulher e tem uma trajetória política exemplar.  Alice Prefeita é o deslumbrar de novos e melhores dias para Salvador.