“À porta da ciência, como à porta do inferno”, escreveu Marx no final do prefácio de Para a crítica da economia política. Retomou a ideia, em tom mais sóbrio, no prefácio à primeira edição alemã de o Capital: “Todo começo é difícil, em qualquer ciência”.Como determinar por onde devemos começar? Não há ponto de partida sem pressupostos. Marx explica que partiu da mercadoria porque a exposição da ciência deve começar por algo que ocupe na Economia, posição nuclear análoga à da célula na Biologia. Se na Biologia é mais fácil “estudar o corpo desenvolvido do que a célula que o compõe”, na economia política ocorre o mesmo. É mais simples descrever os processos – divisão da população em classes, sua distribuição pela cidade, campo e litoral; os diversos ramos da produção, a exportação e a importação, a produção e o consumo anuais, o comércio, entre outros – do que discernir na forma-mercadoria o ponto de partida da exposição científica. Aqui termina, entretanto, a analogia biológica. A célula é uma realidade orgânica. Enquanto produto da história natural do planeta Terra, ela não tem dialética interna. É um coisa viva. A mercadoria, porém, tem duplo caráter: é uma coisa e também uma relação social inscrita nesta coisa. Por isso, “na análise das formas econômicas não podemos nos servir de microscópio nem de reagentes químicos. A força da abstração deve substituir-se a ambos. Quanto à sociedade burguesa, a forma-mercadoria do produto do trabalho, ou a forma valor da mercadoria, constitui a forma econômica celular”. A discussão do alcance e do significado desta duplicidade constitutiva remete ao âmago da filosofia marxista.

Expositores:
Prof. Dr. João Quartim de Moraes – Doutor pela Fondation Nationale des Sciences Politiques da Academia de Paris; professor titular aposentado da Universidade Estadual de Campinas. Desenvolveu pesquisas e publicou artigos e livros nas áreas de história da filosofia antiga, teoria política, materialismo, marxismo, instituições brasileiras, entre outros temas.

Prof. Dr. Anderson Deo – Doutor em Ciências Sociais pela Unesp. É professor do Programa de Pós-Graduação do Departamento de Ciências Políticas e Econômicas na Unesp, Câmpus de Marília. É Líder do Núcleo de Estudos de Ontologia Marxiana: Trabalho, Sociabilidade e Emancipação Humana (NEOM/CNPq). É pesquisador do Grupo de Pesquisa Cultura e Política do Mundo do Trabalho e do Grupo de Pesquisa em Pensamento Político Brasileiro e Latino-Americano, ambos cadastrados no CNPq. Atua como pesquisador colaborador no Instituto Caio Prado Júnior (ICP) e no Instituto Astrojildo Pereira (IAP). Desenvolve estudos sobre teoria política do socialismo, estado nacional e burguesia brasileira, objetivação do capitalismo no Brasil, sociologia industrial e do trabalho, entre outros.

Mediação:
Solange Souza – Historiógrafa do CEDEM, possui graduação em História pela USP.

Debate Cedem
Marx 200 anos: Por onde começar a ciência?
Data e horário: 09/05/2018, 4ª feira às 18h30;
Local: Praça da Sé, 108 – 1º andar (metrô Sé);
Informações: (11) 3116–1701
Inscrições gratuitas: http://www.cedem.unesp.br/#!/ evento1
Transmissão on-line: www.tv.unesp.br/cedem
E-mail: [email protected]    
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*Certificado de participação a ser retirado durante evento