Golpe porque pretendem rasgar a Constituição Federal e pisotear o Estado Democrático de Direito para tirar do poder uma presidenta da República democraticamente eleita. A Carta Magna é clara: a condição para um processo deimpeachment é o crime de responsabilidade. A presidenta Dilma não praticou nenhum crime.
Mil vezes vasculharam a vida de Dilma Rousseff, nada, absolutamente nada encontraram contra ela. É honesta, proba.

Além de ser uma afronta à Constituição Federal, esse processo de impeachment nasceu de ninho impuro. De uma barganha entre o PSDB, de Aécio Neves, e Eduardo Cunha.

Cunha, que carrega nas costas uma réstia de inquéritos por crimes e ilicitudes, usa o impeachment para tentar preservar o seu mandato e, assim, se safar da cadeia. O PSDB, o DEM et caterva dão proteção a Cunha para através dele darem início ao impeachment fraudulento e, desse modo, seguirem com a trama golpista que a oposição neoliberal desencadeou há mais de um ano, desde a derrota eleitoral de 2014.

Mas, como toda patifaria tem limites, Cunha, o instrumento útil, se tornou um estorvo. Qual credibilidade teria um “julgamento” presidido por uma figura desse naipe? Cientes da dificuldade, a direita e a mídia agora realizam um movimento para expeli-lo do posto.

O Golpe está em marcha, mas pode ser – e será – derrotado.

Uma frente suprapartidária e um amplo leque de centrais de trabalhadores e movimentos sociais, com a bandeira da democracia nas mãos, se levantaram para enfrentar o golpe. Travam-se duros embates no âmbito do Congresso Nacional, nas ruas, nas redes sociais e nos tribunais. Luta que vai se espalhando por todos os poros da sociedade.

A Nação crescentemente se polariza em dois campos antagônicos: democratas versus golpistas.

Parcelas das classes dominantes, junto com PSDB e setores da grande mídia freneticamente articulam, tramam, conspiram em busca de um acordo que ceife o mandato constitucional da presidenta Dilma. Vendem o prognóstico de que com a presidenta arrancada do Palácio do Planalto o país teria a estabilidade de que precisa para superar a recessão e retomar o crescimento econômico.

Falso. Não se une, não se pacifica um país com um golpe de Estado.

O vice-presidente Michel Temer reafirmou sua “lealdade institucional à presidenta Dilma”. Os dias irão medir a estatura desta anunciada lealdade. Que o vice não se iluda: converter-se presidente pela via inconstitucional de um impeachmentfraudulento, transforma o beneficiário num impostor, um ocupante ilegítimo da cadeira presidencial.

O programa dos golpistas, como bem disse a presidenta do PCdoB, deputada federal Luciana Santos, é uma espécie de liberalismo selvagem com o qual pretendem sepultar as conquistas dos últimos 13 anos, que vão da lei do reajuste do salário-mínimo à política externa altiva que vem fortalecendo a soberania nacional.

O confronto será duro. Mas temos a convicção de que com a união e luta de todos aqueles que têm a democracia como um bem precioso da Nação, o golpe será rechaçado!

Adalberto Monteiro
Editor

Editorial da edição 139 da revista Princípios