O livro de Octávio Brandão é pioneiro na reflexão dos comunistas sobre a sociedade brasileira. Restam poucos originais da primeira edição publicada em 1926 – um dos quais se encontra no acervo do Arquivo Edgard Leuenroth (AEL) da Unicamp com a preciosidade maior de ter em suas margens anotações do próprio Brandão, revisando o texto publicado. Reeditar o livro com os comentários de Brandão era um projeto antigo; agora encampado pela Editora Anita Garibaldi (com total apoio do AEL/Unicamp e da Secretaria de Cultura de Alagoas), sob coordenação de José Carlos Ruy e João Quartim de Moraes.

Em 28 de julho de 1924, pouco mais de dois anos depois da fundação do Partido Comunista do Brasil (PCB), Brandão iniciou a redação de Agrarismo e industrialismo, Ensaio marxista-leninista sobre a revolta de São Paulo e a guerra de classes no Brasil, como anuncia o subtítulo. Nas precárias condições da clandestinidade – escondendo-se da polícia de Artur Bernardes – concluiu “a parte fundamental” do livro menos de um mês depois. Este texto, ainda incompleto, circulou em cópias datilografadas, servindo de subsídio para as teses que Astrojildo Pereira apresentou ao II Congresso do PCB (16 a 18 de maio de 1925). O livro só foi publicado em abril de 1926, sob o pseudônimo de Fritz Mayer e com indicação falsa do lugar de edição (Buenos Aires) para despistar a polícia política de Artur Bernardes.