Fernando Peixoto é extremamente fiel ao título que deu a seu livro, em que mostra o caça às bruxas num setor que serviu para dar notoriedade ao Comitê de Atividades Anti-Americanas: a Meca do Cinema.

Peixoto concentra sua atenção no comportamento que escritores, roteiristas, diretores e atores tiveram diante dos interrogatórios do comitê. Eram instigados a revelar suas opiniões políticas e morais e a delatar colegas filiados ao Partido Comunista ou que por ele nutrissem simpatia. Conforme o comportamento que adotassem, manteriam ou não seus empregos. Muitos ficaram desempregados por vários anos.

O objetivo do Comitê era criar uma atmosfera de medo na sociedade americana. Medo suficiente para justificar a repressão e a política belicista. Encontram-se nas páginas deste livro palavras dignas e indignas de personalidades conhecidas através do cinema e da vida política norte-americana – de Chaplin, um dos mais perseguidos, a Reagan, na época presidente do Sindicato dos Artistas e agente do FBI, que se prestou a delatar colegas, além de Richard Nixon, Bertolt Brecht, Lilian Hellman, Joe MacCarthy, Dashiell Hammett, John Wayne, Elia Kazan, Arthur Miller, Robert Taylor, John Howard Lawson, Clifford Odets, Dalton Trumbo, Humphrey Bogart, Albert Einstein e tantos outros. Ao mesmo tempo que uns se acovardaram, outros ridicularizaram o comitê com diálogos cômicos ou verdadeiros manifestos de defesa da liberdade.

Os interrogatórios anticomunistas também foram realizados em vários países, entre eles o Brasil. Peixoto conta um episódio que ilustra o tamanho das imbecilidades possíveis de ser produzidas por interrogadores idiotas: “O coronel insistia pela milésima vez na mesma pergunta ao primeiro presidente da Ordem dos Músicos do Brasil: ‘O senhor é comunista?’, e finalmente acusou o músico de ter ido pelo menos duas vezes à União Soviética, como ‘prova’ do que afirmava, ao que o músico respondeu: ‘Coronel, costumo ir ao cemitério e nem por isso sou defunto!'”.