De sindicalista para sindicalista
Em junho de 1992, o Centro de Estudos Sindicais (CES), que já ministrava cursos a partir de seu núcleo central, deu início a um projeto ousado e criativo de formação de novos monitores. Através de convênios com várias entidades sindicais do país, passou a realizar semestralmente cursos intensivos e seminários de reciclagem para multiplicar o número de formadores sindicais.
O objetivo era possibilitar que cada sindicato montasse o seu próprio núcleo de monitores. Entre outros méritos, este projeto adotou uma linha ampla e pluralista, que estimula a polêmica franca e madura. Para isso, contou com a valiosa contribuição de numerosos estudiosos da questão sindical, que ajudaram a estimular o senso crítico dos participantes e aprofundar o debate.
Como forma de estimular o estudo individual e a elaboração teórica, e criar uma linha direta de sindicalista para sindicalista, foi lançado aos monitores participantes do curso o desafio de escreverem monografias sobre temas de interesse sindical. Desafio que foi aceito, e o resultado é o Caderno do CES n. 3 – Textos, publicação do Centro de Estudos Sindicais, que contém cinco monografias, que, antes de sua publicação, foram alvo de críticas e sugestões por parte de estudiosos dos temas e dos participantes do curso – críticas e sugestões que cada autor pode adotar ou não, a seu critério.
As cinco monografias publicadas apresentam para a análise do leitor as dúvidas, inquietações e concepções dos autores, todos eles diretores sindicais. Os temas abordados são: “Os fundamentos do taylorismo”, por Fátima Viana, do Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Norte, que descreve e analisa essa técnica de gerenciamento e seus efeitos sobre o trabalhador; “Formas de organização na base”, por Geovan Farias, do Sindicato dos Bancários de Alagoas, que apresenta uma análise histórica e descritiva das várias formas de organização dos trabalhadores no interior das empresas; Augusto César Petta, do Sindicato dos Professores de Campinas, São Paulo, e presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, é autor do texto seguinte, “Sindicalismo cristão e marxismo”, histórico da atuação desta concepção no movimento sindical e análise sobre a aproximação e distanciamento entre militantes progressistas dessa concepção e a teoria marxista em diversos momentos da história brasileira. “A concepção sindical marxista” é o texto de autoria de Helifax Pinto de Souza, do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo, que retrata a visão de Marx sobre o papel dos sindicatos no capitalismo e no socialismo.
Finalmente, no texto “Razões do surgimento da CIOSL”, Antonio Carlos Miranda, do Centro do Professorado de Pernambuco, faz um breve histórico do período que antecedeu sua criação e dos motivos que levaram a seu nascimento.
A publicação destes textos reflete a necessidade de se aprofundar o estudo e estimular a polêmica sobre temas referentes ao movimento sindical. Ao mesmo tempo, aponta um caminho a todos os sindicalistas comprometidos com uma sociedade mais justa, com a superação do sistema capitalista: na luta de idéias, é essencial produzir os próprios textos. E este caderno mostra que isso é possível.