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    Comunicação

    Sob um manto gentil

    Meu tudo, minha Ursa-Maior. Minha estrela que me desorientava E, assim, bem me conduzia. Nos meses de junho, Quando quase neva por aqui, Vestias uma blusa tecida Por camponesas lá do Peru. À altura dos seios, havia bordados. Docilmente, lhamas lambiam As palmas de minhas mãos. Tanto a óptica era atrasada, Condenava-te a óculos de […]

    POR: Redação

    2 min de leitura

    Meu tudo, minha Ursa-Maior.
    Minha estrela que me desorientava
    E, assim, bem me conduzia.
    Nos meses de junho,
    Quando quase neva por aqui,
    Vestias uma blusa tecida
    Por camponesas lá do Peru.

    À altura dos seios, havia bordados.
    Docilmente, lhamas lambiam
    As palmas de minhas mãos.

    Tanto a óptica era atrasada,
    Condenava-te a óculos de hastes gigantes.
    Quando te beijava,
    Era vidro e metal ao chão.

    E um rio negro
    Deslizava na tua alva tez.

    A morte precoce e trágica
    Do primogênito de teu pai.
    Se a lástima da memória não se equivoca
    Em virtude de uma doença desconhecida no fígado…

    Mas a memória não sepultou o aroma do café,
    O sabor dos pães de queijo.
    Eu, ali naquela cozinha,
    Faminto, vindo de longas marchas
    Sendo saciado, gigantes bifes acebolados.

    Naquela sala
    Tu me davas vinho,
    Tu me davas música
    Tu me davas os teus seios.

    Ias à biblioteca e, em voz alta,
    Lias poemas escolhidos,
    Especialmente, para mim.

     

    As delícias do amargo & uma homenagem: poemas
    Adalberto Monteiro
    Editora Anita Garibaldi – edição 2005

    Adalberto Monteiro, Jornalista e poeta. É da direção nacional do PCdoB. Presidente da Fundação Maurício Grabois. Editor da Revista Princípios. Publicou três livros de poemas: Os Sonhos e os Séculos(1991); Os Verbos do Amor &outros versos(1997) e As delícias do amargo & uma homenagem(2007).

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