Por Mary Stassinákis

Por Mary Stassinákis, no Monitor Mercantil

Kenneth Feinberg é o “queridinho” do Governo Obama para liderar a campanha de cortes das gratificações dos denominados golden boys de Wall Street. “O czar das gratificações – diz o The New York Times – anunciou cortes nas gratificações dos 25 mais bem gratificados executivos das sete empresas que continuam sendo sustentadas com capitais estatais, de um total geral de 175″.

“Suas decisões causaram dores insuportáveis – escreve Joe Nocera, colunista do jornal. As gratificações garantidas estão “fora”; as gratificações atreladas ao desempenho, “dentro”. A interpretação estratégica é que a indenização deverá estar atrelada aos desempenhos operacionais da empresa”.

“Soa lógico”, escreve Nocera, que explica: “O senhor Feinberg tentou a duras custas equilibrar o desejo dos irados contribuintes para restrição das gratificações nas empresas que salvaram com seus dinheiros ano passado com o desejo de as empresas conservarem os “talentos” pagando salários não competitivos. Neste objetivo, de espectro limitado, foi bem sucedido em grau elevado”.

Entretanto, o próprio Nocera recorda que, quando Feinberg assumiu seu cargo em junho deste ano, a esperança era que suas decisões alterariam a “moralidade” das gratificações dos executivos, não só nas sete empresas, mas em toda a América empresarial.

Questionado por um jornalista se acreditava que suas alterações levariam a mudanças em Wall Street, respondeu: “Espero que sim”. Mas a verdade é que tem razão. Nenhum czar pode fazer isto, porque isto é algo que somente os acionistas poderão conseguir.

Poder aos acionistas

Além disso, a estratégia de Feinberg não está distante de certas políticas de gratificações que já vigoram em Wall Street. No Goldman Sachs, as gratificações dos executivos não superaram os US$ 200 mil cash ano passado, com o “restante” sendo pago com ações, as quais os gratificados deverão manter obrigatoriamente em carteira por longo período.

“Além disso – acrescenta o NYT – os próprios executivos afetados pelas decisões do senhor Feinberg, ninguém poderá afirmar que estão a caminho da falência. Por exemplo, os volumes de recursos que receberão os excessivamente bem gratificados executivos do Citibank, se forem somados dinheiro e ações, atingem entre US$ 5 milhões e US$ 9 milhões cada. Já a seguradora American International Group deve – por força de contrato – pagar gratificações totalizando US$ 200 milhões em março do ano que vem.”

Por sua vez, Ken Louis, CEO do Bank of America, que deverá ser aposentado em breve, recusou-se a receber salário para este ano – de acordo com instrução de Feinberg – mas deverá receber US$ 70 milhões para pagamento da aposentadoria.

O The New York Times conclui: “A forma mais simples para contração das superdimensionadas gratificações dos executivos de Wall Street e dos excessos, de um modo geral, seria tornar os executivos mais responsáveis perante os acionistas das empresas. E por mais bem disposto que seja o senhor Feinberg e por melhor que tenha trabalhado em sua missão, não deveria ser o czar das gratificações. Ninguém deveria assumir este papel. Este trabalho é mais adequado aos acionistas. Sabem, aqueles que são os donos das empresas.”