A candidatura da ministra Dilma Rousseff à presidência da República se afirma e cresce. Este fenômeno político é comprovado pelas últimas pesquisas de opinião pública recentemente divulgadas pelo Ibope e pelo Instituto Datafolha. Dilma se aproxima de José Serra e pode ultrapassá-lo no próximo mês. Dilma já é pré-candidata pelo PT, aprovada por aclamação em seu IV Congresso. Esta definição, na forma unitária em que se deu, foi importante no atual estágio da campanha para dar impulso à pré-candidatura da ministra da Casa Civil.

A oposição e a grande mídia haviam propalado no início do ano que a campanha Dilma não iria deslanchar, argüindo até aspectos da personalidade da ministra, na tentativa de desmoralizá-la. As últimas pesquisas, no entanto, contraditaram essa previsão negativa. E o que ficou claro é a possibilidade que antevíamos há meses, se materializando no fortalecimento de Dilma, inclusive atraindo outras forças, mostrando que tem condições reais de alcançar grande êxito em 2010.

A partir daí, com seu crescimento, Dilma exerce força centrípeta na campanha eleitoral, influindo na definição dos diversos setores políticos do âmbito governista. Ao mesmo tempo o PT demarca campos: são dois projetos em luta, dois campos claramente opostos e a luta política vai impondo posições mais à esquerda ao PT. As decisões e resoluções do IV Congresso revelam esta tendência e na ênfase de se articular um bloco mais avançado.

O papel da oposição e da grande mídia

Qual é o trabalho da oposição e da grande mídia que lhe dá apoio? Veicular uma opinião de que o mais importante no momento é considerar o governo Lula como mero continuador dos “pais da Nova República” — Tancredo Neves, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso – esquecendo propositalmente o legado democrático do governo do ex-presidente José Sarney. Afinal, foi Sarney que tirou os sindicatos das intervenções e efetivou a legalização do Partido Comunista. O discurso oposicionista é de que FHC “garantiu a estabilidade econômica e o equilíbrio fiscal” que teriam dado base política e administrativa para o governo Lula, afirmando que agora se trata de fazer mais e melhor.

Diante dessa manipulação grosseira precisamos demarcar posição entre os dois blocos de forças. É preciso desmascarar a ação da oposição de tentar igualar os dois campos, que na prática confunde o rumo de cada projeto e despolitiza a campanha. Isso confunde a opinião pública e dá margem à dispersão entre vários projetos políticos. Ao contrário, o presidente Lula invoca a tese do plebiscito, o que ajuda didaticamente a compreensão política da situação por parte do povo.

Conseguimos um grande êxito no segundo governo Lula, em que forças democráticas e populares foram guindadas ao governo central. Isto permitiu que se projetasse a liderança do presidente da República – tanto no Brasil quanto no exterior — e a concretização do esboço de um Projeto Nacional de Desenvolvimento, voltado para o crescimento do país, em favor de sua soberania e pela integração solidária da América Latina.

Um importante divisor de águas na atual conjuntura do Brasil é a política externa do país. A opinião que defendemos hoje é a linha de articulação SUL-SUL e não a posição de submissão SUL-NORTE. O editorial do jornal O Estado de S.Paulo é um parâmetro da posição de submissão: propõe ao Brasil ficar neutro em relação à soberania das Ilhas Malvinas, não apoiando a Argentina em seu esforço por retomar a soberania sobre essa parte de seu território tomada pela Inglaterra. Por outro lado, a firme posição do governo brasileiro durante a visita da secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, em sua tentativa de impor um “diktat” ao Brasil nas relações com o Irã. Os EUA, em sua política de hegemonismo unipolar, não permitem que outros países tenham direito de possuir controle do ciclo atômico, mesmo que para fins pacíficos.

Neste sentido, qual é mesmo o programa da oposição? Seria o que o governo tucano fez em 16 anos de domínio no Estado de São Paulo? São Paulo, em minha opinião, retrocedeu. Essa é também a posição de lideranças populares e empresariais importantes do Estado como a do presidente da FIESP, Paulo Skaf. É uma oposição desarticulada, que não conseguiu unir nem o principal partido de oposição, o PSDB, que não apresenta um programa claro e ainda não tem candidato definido.

As iniciativas do campo de apoio a Dilma

A posição do PCdoB é de que vivemos uma situação muito favorável neste segundo governo Lula, desenvolvendo e aprofundando o projeto inaugurado em 2003. É preciso esclarecer o povo sobre estas conquistas.

O PT aprovou em seu IV Congresso duas questões fundamentais: a proposta de um novo projeto nacional de desenvolvimento democrático e popular – em moldes muito semelhantes com o projeto aprovado pelo Partido em seu 12º. Congresso, realizado no ano passado. E a concepção de que o mundo de hoje é um mundo em transição, ou seja, a mesma caracterização que também firmamos em nosso Congresso. Há uma convergência de opiniões entre a direção do PCdoB e a pré-candidata do PT e entre nossos dois partidos.

Por outro lado tomamos a providência de fortalecer o bloco de esquerda no Congresso nacional, cujo principal parceiro é o PSB. O papel do partido foi fortalecido. O bloco de esquerda deve ser mantido agora e no futuro. Na última conversa com a ministra Dilma, ela propôs duas questões nodais: a constituição de uma coordenação entre os dois Partidos para levar adiante o projeto eleitoral de 2010 — para fortalecer a representação dos partidos de sustentação do governo — e a formação de uma comissão que discuta as diretrizes programáticas, para compor um programa comum de governo a ser defendido durante a campanha. Levantamos também a idéia de um ato em começos de abril para manifestar o apoio público do Partido à sua pré-candidatura.

Em uma segunda reunião realizada esta semana, concretizou-se a agenda de um contato entre as direções do PT e do PCdoB com a presença do presidente PT, José Eduardo Dutra, do secretario de organização Paulo Frateschi, do tesoureiro Vaccari Neto e de José Eduardo Cardoso. Neste encontro se passou em revista os pleitos eleitorais de ambos os partidos, onde o PCdoB reafirmou sua pré-candidatura ao governo do Maranhão, na figura do deputado federal Flávio Dino. O projeto eleitoral do PCdoB é o de eleger cerca de 23 deputados federais e três senadores.

Fonte: Partido Vivo