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A aliança militar de caráter profundamente agressivo e anti-soviético, a serviço da política de domínio do mundo do imperialismo norte-americano, que está se formando sob a égide dos Estados Unidos com o nome de Pacto do Atlântico Norte, vem culminar toda a preparação guerreira dos círculos dirigentes das chamadas potências ocidentais; que, criminosamente, se desviaram, contra a vontade dos povos, dos rumos pacíficos estabelecidos nos acordos assinados pelas grandes nações em virtude da derrota do nazi-fascismo.

A verdade é que, com a formação dessa aliança militar dá-se uma verdadeira mudança em qualidade na situação internacional, pois, como afirma com toda justeza a precisão a nota do governo soviético de 29 de janeiro, “a União do Atlântico Norte, que dirige uma série de grupos particulares de Estados em diversas partes do mundo, constitui uma ruptura definitiva da política atual dos Estados unidos e da Grã-Bretanha com a política que era aplicada conjuntamente pelos governos dos Estados Unidos e Grã-Bretanha e da União Soviética, com grande número de outras nações, por ocasião da criação da Organização das Nações Unidas, por ocasião da elaboração e da ratificação do seu Estatuto.

Aumenta, assim, perigosamente a agressividade da política guerreira e expansionista do governo dos Estados unidos, tornando iminente o desencadeamento de uma nova guerra imperialista dirigida contra a União Soviética, os países da democracia popular e os povos que lutam por sua libertação nacional. Está, portanto, a humanidade seriamente ameaçada de ser envolvida em uma terceira guerra mundial, de conseqüências catastróficas para os povos, que os imperialistas vêm sistematicamente preparando através, não só da mais intensa propaganda ideológica, mas também por uma meticulosa preparação militar que viola flagrantemente a Carta das nações Unidas e os princípios estabelecidos em Ialta e Potsdam.

Sob a inspiração e a liderança dos Estados Unidos foi criado todo um mecanismo político e militar, baseado em acordos francamente agressivos como o da União Ocidental, e do Tratado do Rio de Janeiro e, agora, o do Pacto do Atlântico Norte, objetivando uma guerra de agressão e de conquista. Centenas de bases militares ianques estão espalhadas na América e na Europa e na Ásia, estabelecendo um verdadeiro cerco estratégico da URSS. As nações do campo anti-democrático se lançam a mais desenfreada corrida armamentista, como evidência o orçamento norte-americano, o maior da história dos Estados Unidos, em época de paz, cinco vezes maior que a de 1939, onde cerca de 70% de suas verbas são dedicadas às despesas militares.

Os perigos da guerra se tornam, agora, ainda mais ameaçadores, principalmente, quando se fazem sentir nos EEUU os principais sintomas da crise cíclica do capitalismo, uma vez que os senhores do capital financeiro procuram dar uma salda guerreira para a crise que se inicia. Por outro lado o avanço do movimento democrático no mundo inteiro, com o fortalecimento e poderio crescente da URSS, com a consolidação das nações da democracia popular e com a ampliação dos movimentos de libertação nacional, na parte oriental do mundo, particularmente na China, determinando a crise ao mundo colonial, leva as forças imperialistas ao desespero e que, por isso, procuram barrar, com o desencadeamento de uma nova guerra, o avanço da democracia.

A realidade é que se acentuam por culpa exclusiva dos círculos governamentais dos Estados Unidos, da Inglaterra e da França, os choques entre os dois campos em que hoje se encontra dividindo o mundo, sendo evidente aos olhos de todos que as forças da agressão e do imperialismo têm prontos os seus preparativos de guerra e que esperam uma oportunidade para dar início a agressão.

Nesses preparativos participa ativamente o governo de traição nacional de Dutra que, contra os interesses e a vontade do povo brasileiro, realiza uma política de completa subserviência ao governo de Truman e se dispõe a lançar nosso povo em uma aventura guerreira contra nações livres e pacíficas para satisfazer os apetites dos fabricantes de armamentos, dos monopólios e trustes anglo-americanos. A ameaça que aumenta ainda mais com a chegada de Mark Clark ao Brasil, cuja missão de guerra é clara para todo país.

Diante de todos esses fatos será um crime subestimar o perigo de guerra, mas, mais criminoso ainda, será subestimar as forças de paz que incontestavelmente são muito mais poderosas que as forças da guerra, pois uma coisa é preparar e assinar acordos militares agressivos e outra coisa é pô-los em execução contra a vontade dos povos. A guerra pode e deve ser evitada, apesar de todos os preparativos guerreiros até agora realizados pelo imperialismo, os quais constituem muito mais um sinal de seu desespero e sua fraqueza do que de sua força. Para isso é indispensável que todos os que aspiram a uma paz duradoura se unam e empenhem o máximo de seus esforços na luta contra a guerra uma vez que a paz só será mantida através da luta e da resistência dos povos aos instigadores de guerra.

É necessário compreender que todos os sacrifícios que hoje se fizer em defesa da paz, por maiores que sejam, serão poucos para compensar os grandes benefícios que advirão aos povos se for evitada uma nova guerra mundial cujas conseqüências serão muito mais funestas para a humanidade que as das duas grandes guerras passadas. Eis por que devemos lançar todas as nossas forças em defesa da paz, realizando uma luta efetiva contra a guerra, não apenas em palavras mas transformando esse grande objetivo como a principal tarefa de todos os patriotas e democratas, subordinando todas as lutas e a essa preocupação central: garantir a paz e derrotar os fautores da guerra.

Existem todas as condições para garantir a paz, embora enormes sejam as ameaças de guerra, mas para atingir esse objetivo é preciso impulsionar o movimento de massas contra a guerra, o qual está ainda bastante atrasado. Para superar esse atraso precisamos multiplicar os nossos esforços, ampliar a frente de luta em defesa da paz, ter maior amplitude e marchar com todos que odeiam a guerra, independente das diferenças políticas e religiosas, de raça ou nacionalidade, compreendendo que a defesa da paz é uma luta de todo povo, dos trabalhadores, das mulheres, dos jovens.

É evidente que as massas repudiam a guerra, tornando-se urgente organizá-las na própria luta, tendo sempre em vista que somente a sua intervenção ativa, através de grandes manifestações, em defesa da paz será capaz de deter o desencadeamento de uma nova guerra. Este sentimento de paz das massas está hoje bem vivo em nosso povo como nos demais povos que como dizia, há pouco em entrevista, o grande campeão da paz, o generalíssimo Stalin, tem na memória ainda muito vivos os horrores da recente guerra e sabem que “muito grandes são as forças sociais que dependem a [sic] paz pra que os discípulos de Churchill na arte da agressão possam vencê-las e desviá-las para uma nova guerra”.

Para mobilizar o nosso povo em defesa da paz é necessário lançar todo o peso de nossa atividade nessa tarefa, fazendo ao mesmo tempo que todas as outras lutas, tanto contra o imperialismo e pela democracia, pelo aumento se salários e contra a carestia, contribuam para desmascarar os fautores de guerra e para garantir a paz. Nessa luta sem tréguas contra a guerra não podem ser feitas quaisquer concessões aos inimigos dos povos, que redundem na fuga aos princípios que norteiam a luta pela paz, devendo ser desmascarados energicamente os instigadores de guerra, levando sempre em consideração que somente a derrota desses provocadores de guerra com a sua derrubada dos postos que ocupam nos governos podem garantir a paz.

Em defesa da paz devemos utilizar todos os recursos capazes de anular os manejos assassinos dos imperialistas, seguindo as melhores tradições dos grandes combatentes da luta contra a guerra imperialista, de Lênin, de Liebknecht, apelando para a união e a ação de nosso povo para salvar a paz. Nesse combate não podemos ter a menor vacilação ou perder um só minuto. Devemos nos preparar para todas as emergências, tendo sempre presente que domos fiéis aos princípios defendidos pela classe operária em face da guerra imperialista, princípios esses já claramente expostos em 1907 na resolução do Congresso de Nancy, lida há poucos dias pelo líder francês, Manurice Thorez, na Assembléia Nacional francesa. Essa resolução, que para nós é um grande ensinamento, convidava os trabalhadores, “a uma ação preparada, ordenada e combinada que em cada país, primeiro que tudo nos países em questão e de acordo com as circunstâncias, ponha em atividade toda a energia e todo o esforço da classe operária e do Partido Socialista para prevenir e impedir a guerra por todos os meios, desde a intervenção parlamentar, a agitação pública, as manifestações populares, até a greve geral operária e a insurreição”.

Com essa compreensão e com esses ensinamentos, devemos empenar todas as ossas forças em defesa da paz.

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