Presos por Dutra, continuam encarcerados por Getúlio dois destemidos combatentes da paz e da libertação nacional: o capitão Agliberto Azevedo, em Recife e Elisa Branco, em São Paulo.

Qual o crime desses dois patriotas?

Desfraldaram corajosamente a bandeira da luta em defesa da paz e contra a dominação de nosso país pelos imperialistas norte-americanos.

Agliberto foi preso em seu próprio domicílio, na capital pernambucana, há quase um ano, e contra ele se armou uma verdadeira conspiração da polícia e da justiça das classes dominantes para mantê-lo incomunicável e sob torturas físicas e morais.

Elisa Branco é “acusada” de ter aberto uma faixa às passagem das tropas em desfile no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, a 7 de setembro do ano passado, na qual havia estas inscrições: OS SOLDADOS NOSSOS FILHOS NÃO IRÃO PARA A CORÉIA!

Habeas-corpus sucessivos em favor de Agliberto e Elisa foram negados pelos tribunais, o que mostra na prática o servilismo a que estão reduzidos esses juízes, fazendo o papel de meros auxiliares dos beleguins policiais.

Mas os dois bravos combatentes da paz e da independência não podem continuar indefinidamente presos, a mercê dos mais rancorosos inimigos do nosso povo, a camarilha de Getúlio e seus patrões norte-americanos.

Urge intensificar a campanha de solidariedade e pela libertação destes e demais perseguidos da ditadura. Tal campanha, no entanto, só poderá ser efetiva se tiver um caráter de massas e não de grupos ou individual. Ainda subestimamos grandemente as possibilidades de dirigir vitoriosamente semelhante campanha, de fazer com que dela participem homens, mulheres e jovens de todas as camadas da população, sem importar sua concordância da luta que travam ou com as idéias políticas que defendem as vítimas da repressão policial getulista.

A verdade é que nenhum cidadão pode ficar insensível a violências tão monstruosas como as que atingem Agliberto e Elisa Branco. Sem falar na libertação de combatentes da paz pela força da mobilização de massas em outros países, temos os nossos próprios exemplos que não podemos esquecer, como o do camarada Prestes, que fora condenado pelos fascistas [por quarenta] anos de prisão e foi posto em liberdade com o movimento pela anistia, juntamente com muitos outros comunistas e combatentes nacional-libertadores. Mesmo depois de 1945, Gregório Bezerra, vítima de torpe farsa jurídico-policial, recebeu sua liberdade das mãos do povo, da campanha que se organizou em todo o país e que acabou desmascarando os próprios organizadores da conspirata infame, entre os quais se destacavam os generais fascistas Mazza e Castelo Branco.

Devemos confiar no combatividade das massas, certos de que não faltarão protestos – através de abaixo-assinados, cartas e solidariedade, cartazes, inscrições murais, volantes, comícios relâmpagos nas fábricas, greves de curta duração, atos em recintos fechados, envio de delegações às assembléias estaduais e municipais, moções às Câmaras – e outras formas de luta pela libertação e solidariedade ativa aos perseguidos pelo governo.

Combatendo pela libertação de Agliberto e Elisa, contra o crime que é o seu encarceramento e os processos-farsas contra eles movidos, estaremos combatendo contra o envio de brasileiros para a carnificina da Coréia, contra o imperialismo norte-americano e em defesa da paz, pela qual anseia todo o nosso povo.

Veja outros materiais do especial"60 anos da prisão de Elisa Branco e as campanhas pela Paz"