Ela explicou que é sintomático o fato de a tentativa de golpe dos integralistas não receber a mesma denominação. Para a professora, há uma evidente tentativa de desqualificar aquela iniciativa por que ela foi uma ação voltada para os interesses fundamentais da nação brasileira. Nesse sentido, Marly Vianna lembra que são inúmeras as provas de que a Internacional Comunista não comandou o levante.

Autora de Revolucionários de 35 e Pão, Terra e Liberdade: Memória do Movimento Comunista de 1935, Marly Vianna teceu um painel de informações que evidenciam as manobras da direita ao longo da história a fim desviar os objetivos da insurreição de seus reais intentos. A professora destacou que, obviamente, a Internacional Comunista exerceu influência ideológica mas não fomentou o levante. Ela também desmascarou a propaganda que atribui aos insurretos a morte de oficiais das Forças Armadas em plena noite de sono.

Segundo Marly Vianna, o próprio coronel Jarbas Passarinho — que foi ministro e senador — assumiu essa farsa em discurso na tribuna do Senado. Ela deu detalhes do teatro das operações de 1935 e mostrou que as mortes ocorridos foram decorrência dos ataques das forças governistas.

O pano de fundo do conflito, enfatizou a professora, era o cenário internacional — carregado de contradições com a ascensão do nazi-fascismo e do socialismo. O chanceler nazista Adolf Hitler havia assumido o poder em 1935 e influenciava grupos com a mesma matriz ideológica em todo o mundo. No Brasil, os integralistas desenvolviam um política agressiva e mesmo o governo de Getúlio Vargas manifestava simpatias por aquele regime de ultra-direita.

Marly Viaana esclareceu também que o Partido Comunista do Brasil (então PCB) teve pouca influência na constituição da ANL. Segundo, num determinado momento o Partido chegou a fazer críticas duras à linha política daquela organização.

Para a professora, todos esses elementos compunham um cenário muito parecido com o que antecedeu o golpe de 1964. A diferença, disse ela, é que em 1935 houve lutas mais acirradas — principalmente no Nordeste. O historiador Augusto Buonicore também participou da mesa e comentou o quadro descrito por Marly Vianna.