A confirmação da terceira etapa do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), com mais R$ 75 bilhões, e a perspectiva dos projetos relacionados à Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016, vão fazer o investimento crescer, em 2011, cerca de 9%, projetam vários economistas. Se confirmada a alta, a taxa de investimento poderá chegar perto de 20% do PIB este ano.

Para Fernando Rocha, economista da JGP Gestão de Recursos, o resultado do último trimestre foi “decepcionante”, porque o salto de 2,5%, feito o ajuste sazonal, do consumo das famílias entre o terceiro e o quarto trimestre, não foi acompanhado pelos investimentos, que cresceram apenas 0,7%. “Não fosse pela recuperação da crise, o mix de 2010 seria claramente insustentável”, diz. O economista, porém, avalia que os investimentos terão em 2011 um resultado melhor que o último trimestre de 2010.

“Enquanto o PIB desacelera para taxas inferiores a 4,5%, o investimento deve aumentar em 9% neste ano, justamente porque o consumo das famílias continua muito forte”, diz Rocha, para quem as condições estruturais por trás da demanda interna – mercado de trabalho aquecido e incremento de salários – continuam no radar de 2011. Para Rocha, os investimentos serão cada vez mais sustentados pela importação de máquinas e equipamentos, incentivados pelo câmbio valorizado.

Rocha construiu uma série trimestral da produção e do consumo aparente (o resultado da soma da produção e do importado subtraída a parcela exportada) de máquinas e equipamentos. Entre o início da série, em setembro de 2006, e a queda provocada pela crise mundial, o ritmo é similar.

“A distância começa a ficar maior no ano passado, especialmente depois que os incentivos fiscais do governo venceram, em março. Pelo consumo aparente fica muito evidente que é o importado sustentando o aumento dos investimentos”, diz Rocha.

O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, acredita numa alta de 9% do investimento, mas ressaltando que as inversões deverão ocorrer principalmente nos setores ligados à infraestrutura, como com as obras ligadas à usina de Belo Monte, à Copa do Mundo de 2014 e à Olimpíada de 2016. “A indústria que vai investir é aquela relacionada à mineração, petróleo e agribusiness”, avalia. “O investimento deverá acontecer, mas não me parece que será num ritmo muito intenso por parte do setor privado. Ela dependerá cada vez mais da vontade do governo para acontecer.”

De acordo com os economistas, no entanto, é preciso elevar a taxa de investimentos acima de 22% do PIB de forma a sustentar avanços consistentes da economia, isto é, um crescimento anual em torno de 5%, sem aumento da inflação.

Para o economista-chefe da corretora Ativa, Henrique Santos, com a Copa do Mundo de 2014, a Olimpíada de 2016 e os projetos do pré-sal à vista, o investimento c deve crescer pelo menos 9% em 2011. “O Brasil está muito atrasado em infraestrutura. Por isso, mesmo com consumo menor, os investimentos devem continuar fortes.”

Para a LCA Consultores, o investimento crescerá a um ritmo um pouco mais modesto, de 6,2%. Segundo relatório da consultoria, a capitalização recém-anunciada do BNDES “não necessariamente terá um impacto expansionista sobre a demanda agregada”. Com a operação, o banco fez desembolsos de R$ 145 bilhões em 2011, queda nominal de quase 14% em relação a 2010. “Uma queda anual dos desembolso do BNDES não acontece desde 2003, quando caiu 10%”, anotou a consultoria.

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Fonte: Valor Econômico