Um dos pontos altos do debate foi quando o economista Joseph Stiglitz, professor da Columbia University, perguntou ao seu ex-aluno Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central do Brasil, se não há circunstâncias que justificam a imposição de controles de capitais. “Para muitos mercados emergentes, a liberalização de capitais está associada a mais volatilidade, e não mais a crescimento econômico”, disse Stiglitz, argumentando que os capitais se movem com base em informações incompletas e medidas imperfeitas de risco. “Certamente, controles de capitais, se feitos de forma apropriada, podem levar a mais crescimento e estabilidade.”

Fraga respondeu que, embora reconheça as imperfeições de mercado, na prática os controles fizeram mais mal para as economias do que bem. “Eu venho do Brasil, um especialista em controles de capitais, e o meu PIB per capita é um quinto do seu”, disse.

Da crise para cá, o FMI reviu sua visão sobre controles de capitais. Agora, o organismo admite o instrumento, desde que empregado em circunstâncias bem específicas e por períodos curtos de tempo. Antes de impor barreiras, prega o FMI, os países devem corrigir desequilíbrios fundamentais que incentivam o fluxo, como deixar a taxa de câmbio se valorizar ou mudar o sinal de políticas fiscais expansionistas.

O economista Ricardo Caballero, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), reconheceu que fortes fluxos de capitais podem ser prejudiciais, mas ponderou que controles não devem ser usados para corrigir problemas estruturais. Segundo ele, a mais recente rodada expansão quantitativa feita pelo Federal Reserve, ou seja, a emissão de US$ 600 bilhões para tentar reanimar a economia americana, responde por menos de 10% da apreciação do câmbio no Brasil. “O problema principal é a política fiscal no Brasil”, argumentou. Segundo ele, a política fiscal expansionista leva a taxas de juros mais altas dentro do país, atraindo capitais estrangeiros.

Caballero disse que, em tese, países como o Brasil devem lançar mão de controles de capitais apenas de forma temporária, para ganhar tempo para corrigir os problemas que levam a apreciação da moeda, como políticas fiscais expansionistas.

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Fonte: Valor Econômico