O encontro do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, com o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) no fim de semana deixou pelo menos uma constatação: para todos os efeitos práticos a Rodada Doha fracassou mesmo. Conforme o Valor apurou, Lamy discutiu com Patriota os efeitos da desaceleração da economia global na perspectiva de algum entendimento na negociação global, na medida em que os países evidentemente não se interessam em fazer concessões quando a demanda está declinando.

Patriota concordou e deu a mensagem de que o Brasil não escapa dessa situação, procurando romper com a imagem de que os emergentes são uma ilha de prosperidade. O chanceler exemplificou que a taxa de câmbio, com o real fortemente valorizado, é um problema sério e qualquer negociação terá que levar em conta a questão cambial.

Ainda há países com raios de esperança. O próprio Brasil diz que está pronto a fechar o acordo nas bases que estão sob a mesa, mas que os Estados Unidos recusam, querendo mais concessões.

Patriota insistiu que, no cenário atual, mesmo a percepção do setor agrícola brasileiro mudou. Com preços elevados dos produtos agrícolas no comércio internacional, o Brasil cobrará mais caro por concessões que fizer na abertura de seu mercado para produtos industriais estrangeiros.

Patriota avisou que, numa eventual retomada de Doha ou em qualquer outra negociação, o Brasil não aceitará ser "graduado", ou seja, ter de pagar um preço adicional de abertura de seu mercado, como exigem os americanos.

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Fonte: Valor Econômico