Num mundo em que patentes surgem e são disputadas com ferocidade, é possível que durante mais de 30 anos a cura da malária esteve restrita ao território chinês, portanto longe das vistas dos tubarões globais da saúde? Sim, isso foi possível e muito tempo depois está fazendo o comitê organizador do Prêmio Nobel a buscar uma forma de premiar esta descoberta de caráter revolucionára. Não somente revolucionária, mas paradigmática.

Pesquisas envolvendo formas milenares e artesanais de combate à malária na China antiga ganharam escala industrial até que o princípio ativo da doença fosse isolado a partir da descoberta do Artesinin, derivada de uma erva chinesa e que agora está disponível para venda no mercado norte-americano e mundial.

O paradigma do processo de descoberta deste remédio encontra-se, necessariamente, na forma de apropriação de descobertas que podem tornar mais tranqüila a vida em nosso planeta. O socialismo foi, e é capaz, de encontrar soluções e dar conseqüência a elas pelo simples (mas não simplista) fato de ciência e a técnica estar a serviço de um Estado gerido pela maioria da sociedade e onde o oligopólio é gerido por este Estado e não por algumas famílias. Além do mais, malária é “doença de pobre”, o que diz muito.

O capitalismo, notoriamente o norte-americano e europeu, certamente poderia reunir toda a técnica e toda a capacidade financeira possível para tentar enfrentar quase a totalidade dos problemas humanos. O problema é que não existe poder político e superestrutura capazes de quebrar a lógica mercantil que impede o avanço científico. Eis o ponto e é por aí que devemos tirar conseqüência de um feito deste nível por parte dos chineses – uma sociedade com história contínua, e escrita, de cinco mil anos, o que facilitou em demasia a busca da solução do “problema”.

A dimensão das contradições do capitalismo atingem todas as esferas da vida humana, inclusive tornando a vida em sociedade algo detestável, muito difícial para a maioria dos seres humanos. A superação da lógica do oligopólio, só é possível nos marcos da superação do capitalismo. Tais descobertas, antes de comemoradas, deveriam ser objeto de mais investigação. A pergunta básica: como eles conseguiram?

Fonte: Blog do autor