De 2005 a 2011, o BDC (Banco de Desenvolvimento da China) e o EximBank do país destinaram US$ 75 bilhões à região. A China se transformou em um dos principais credores de países como Equador e Venezuela, com pouco acesso a bancos multilaterais e ao mercado internacional. Mas o país também se tornou fonte importante de crédito para Argentina e Brasil, principalmente para projetos de infraestrutura.

“Para muitos países, o crédito chinês é atraente, porque não vem com exigências de reformas ou políticas e tem poucas cláusulas de respeito ao ambiente, e porque eles não têm acesso a outras fontes de financiamento”, disse Gallagher à Folha. “Mas há desvantagens: há exigência de compra de equipamentos chineses e, às vezes, de contratação de funcionários da China.”

O estudo “The New Banks in Town: Chinese Finance in Latin America” vai ser publicado pelo Diálogo Inter-Americano. Segundo Gallagher, a enxurrada de crédito chinês na América Latina ajuda a aumentar a influência da China na região. “Há dez anos, muitos desses países tinham pouquíssimo relacionamento com a China, que hoje é um de seus maiores credores.”

O avanço do crédito também ajuda a propagar um “modelo chinês” de desenvolvimento. Os bancos chineses destinam 87% de seus empréstimos a projetos de energia, mineração, infraestrutura, transportes e habitação. Dois terços dos empréstimos chineses para a região são do tipo “petróleo por financiamento”, semelhante à operação de US$ 10 bilhões entre o BDC e a Petrobras em 2009. A Petrobras se comprometeu a exportar 200 mil barris de petróleo por dia para a Sinopec, no prazo de dez anos, como parte do pagamento do empréstimo.

Juros

No geral, explica Gallagher, os juros cobrados pelos chineses são maiores do que os de outros bancos de desenvolvimento. Em 2010, o BDC concedeu um empréstimo de US$ 10 bilhões para a Argentina comprar trens chineses, por um prazo de 19 anos, a 600 pontos-base acima da taxa Libor. No mesmo ano, o Banco Mundial emprestou US$ 30 milhões a 85 pontos-base acima da Libor, por um prazo de 25 anos. “A diferença da taxa cobrada mais do que compensaria o tamanho do empréstimo”, diz Gallagher.

O levantamento comparativo com outros bancos de desenvolvimento vai até 2010, o ano mais recente para o qual há números fechados. Segundo Gallagher, em 2011, a China desacelerou o ritmo de concessão de empréstimos, mas ainda deve superar o Banco Mundial e o BID.

Com informações da Folha de S.Paulo