Na madrugada de 15 para 16 de dezembro de 1976, depois de uma reunião clandestina do Comitê Central do PCdoB, no bairro da Lapa, em São Paulo, houve a chamada Chacina da Lapa. O imóvel onde ocorreu a reunião, na Rua Pio XII, foi alvo de um atentado do regime militar (1964-1985).

O ataque resultou na morte de dois dirigentes comunistas, Ângelo Arroyo e Pedro Pomar. Já Drumond – que saiu da casa antes do massacre – foi preso e levado ao DOI-Codi. Lá, conforme descreve a ação apresentada pela viúva Maria Ester Cristelli Drumond, ele morreu “após sofrer violentas e inomináveis torturas”.

A versão falaciosa do Comando Militar sustenta que Drummond foi morto enquanto fugia da repressão – ele teria sido atropelado na esquina da Avenida 9 de Julho com a Rua Paim. “É esta a versão que consta da certidão de óbito de João Batista Franco Drumond, passada no dia 18/12/1976, no Cartório de Registro Civil do 20º Subdistrito, Jardim América, nesta Capital, que a requerente e as suas duas filhas – Rosamaria e Silvia querem e exigem que seja retificada”.

Ainda segundo a ação, a Chacina da Lapa foi detalhadamente planejada pelos militares, sob a chefia do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra. Dez viaturas do Exército e 40 militares e policiais foram mobilizados – “todos fortemente armados de revolveres, carabinas e metralhadoras”. O regime alegou que os dirigentes do PCdoB “estavam armados e ofereceram resistência, por isso foram mortos em tiroteio” – o que nunca foi comprovado. Além disso, como reforça a ação, “nenhum militar ficou ferido do episódio”.

A ação de Maria Ester pede duas retificações de óbito do Drumond: “a) Onde se lê: ‘falecido no dia 16 de dezembro de 1976 na Av. 9 de Julho c/R. Paim’, retificar para ‘falecido no dia 16 de dezembro de 1976 nas dependências do DOI/Codi II Exército, em São Paulo’. b) E onde se lê causa da morte: ‘Traumatismo craniano encefálico’, retificar para morte ‘decorrente de torturas físicas’”.