Na palestra, Marie Nassif-Debs disse que as riquezas petrolíferas e a posição geográfica do Oriente Médio fazem da região um foco de grande pressão por parte do imperialismo norte-americano e seus aliados. As recentes revoltas árabes reivindicando liberdade e independência, foram respondidas com uma contra-ofensiva que está impedindo o progresso dos incipientes avanços. Marie Nassif-Debs citou os exemplos da Tunísia, do Egito e da Líbia, países onde o imperialismo vem agindo ostensivamente. Ela lembrou que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), braço armado dos Estados Unidos e seus aliados, reforçou suas posições na Turquia com a finalidade de conter as revoltas árabes. Segundo ela, os conflitos na Síria são resultado desse cenário.

Marie Nassif-Debs fundamentou seu argumento explicando que os movimentos para estimular os conflitos internos são parte do plano de manter o domínio na região. Os Estados Unidos e seus aliados fomentam os sunitas para jogá-los contra os xiitas, uma manobra que visa o enfrentamento com o poderio do Irã. Em vários países — inclusive no Líbano — existem sinais de que o imperialismo tenta atiçar desavenças para ressuscitar e estimular conflitos. Marie Nassif-Debs fez um resumo da situação interna desses países, nominando a Arábia Saudita, os Emirados Árabes, parte do Iraque e Jordânia como uma espécie de base de sustentação da política do regime norte-americano na região. Ela lembrou que em visita ao Iraque o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, sugeriu aos sunitas que criassem uma área independente no país.

Existe, segundo Marie Nassif-Debs, uma realidade objetiva que precisa ser encarada — a região enfrenta um déficit histórico em relação aos direitos do povo, como democracia efetiva e outros anseios populares. O imperialismo usa esse déficit para manipular a situação e oferecer falsas perspectivas, baseadas em conceitos políticos distantes da real reivindicação popular. Para piorar a situação, lembrou ela, houve mudanças de conteúdo neoliberal em alguns países, agravando a situação do povo e acirrando as diferenças sociais.

Apesar desses problemas, Marie Nassif-Debs se disse otimista com o despertar do povo. Ela explicou que a crise do capitalismo tende a fazer o imperialismo forçar a criação de áreas de escape, fato que pode acirrar as contradições e promover novos movimentos populares. Ela citou a situação de Israel, braço do regime norte-americano na região, que se movimenta freneticamente para se lançar contra a influência do Irã. Toda essa movimentação, segundo Marie Nassif-Debs, afeta dramaticamente a causa da Palestina e representa um retrocesso na luta pela conquista de um Estado para o país ocupado por Israel.

Para enfrentar esse cenário, Marie Nassif-Debs diz que a união das forças que lutam pela liberdade e pela independência da região é uma questão chave. Segundo ela, o PCL entende que, além dessa união, a mobilização popular é indispensável. Para Marie Nassif-Debs, existem dois tipos de manifestações, em âmbito mundial, em relação à situação do Oriente Médio: uma representada pelo imperialismo, que promove a crise na região, e outra expressa pelos povos que se solidarizam com a causa árabe. Citou, como exemplo dessa segunda manifestação, Cuba e Venezuela.