O governo grego anunciou, no final de Março, a criação de 30 centros de detenção para imigrantes ilegais, que serão financiados com fundos comunitários. Segundo dados da polícia grega, cerca de 90 por cento dos imigrantes clandestinos que entram na União Europeia atravessam a fronteira entre a Grécia e a Turquia, calculando-se que perto de um milhão de pessoas residam ilegalmente no país.

O governo adianta que cada centro terá capacidade para mil pessoas, contando com 250 milhões de euros de fundos comunitários para adaptar instalações militares desactivadas e outras edificações do Estado, que serão equipadas com sistemas de segurança.

Para o ministro da Protecção dos Cidadãos, Mijalis Jrisojoidis, trata-se de «um problema nacional e de uma bomba relógio que ameaça a saúde pública», referindo-se às cerca de 100 mil pessoas detidas durante o ano passado.

Por seu lado, a ONU e organizações de direitos humanos têm vindo a denunciar as condições desumanas de internamento de imigrantes, bem como o aumento de ataques racistas na Grécia.

Autênticos campos de concentração


Condenando a criação de verdadeiros campos de concentração, o Partido Comunista da Grécia (KKE), revela em comunicado que as futuras estruturas, a criar em dez regiões da Grécia, terão vedações de arame farpado triplas com três metros de altura, vigiadas no exterior por equipas de polícias armados e no interior por pessoal de segurança privada, apoiados por equipamento de videovigilância.

«O objectivo é aprisionar pessoas em massa nas mais inaceitáveis e insuportáveis condições de vida por períodos de até 18 meses», salientam os comunistas gregos, notando que se trata «de uma parte da ofensiva mais geral e impiedosa contra os direitos dos trabalhadores locais e estrangeiros e não tem como objectivo aliviar os seus problemas explosivos».

O KKE sublinha ainda que «as operações de limpeza, as detenções em massa e deportações de imigrantes serão acompanhadas pela intensificação da intimidação e repressão, atacando os direitos tanto dos trabalhadores locais como dos estrangeiros».

Rejeitando as políticas repressivas, os comunistas gregos defendem a criação de «centros de recepção temporária humanos, decentes, abertos e públicos para imigrantes-refugiados onde sejam providenciados cuidados médicos, abrigo e habitação gratuitos, interpretação e apoio legal».

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Fonte: Avante!