Publicado em 6 de março de 2013 no SpressoSP.com.br

“Minhoca”, como era chamado pelos colegas, foi assassinado nos porões do DOI-Codi; sua morte provocou uma enorme reação contra a ditadura

No próximo dia 17 de março faz 40 anos que Alexandre Vannucchi Leme, estudante de Geologia da USP, foi assassinado pela ditadura militar.

Nos dias 14 e 15 de março vão ocorrer uma série de atividades, encabeçadas pela Comissão Estadual da Verdade e diversas entidades e organizações civis, para homenagear Alexandre. Entre as atividades está o reconhecimento pela Comissão da Anistia da condição de anistiado politico de Alexandre.

Os atos em homenagem ao estudante assassinado nos porões da ditadura foram batizados de “40 anos depois, Alexandre Vive!”,

O assassinato de Alexandre Vanucchi Leme

Quando cursava o quarto ano de Geologia, Alexandre foi capturado por homens da OBAN (Operação Bandeirante), por suspeita de integrar a cúpula armada da ALN (Ação Libertadora Nacional), encabeçada por Carlos Marighella. Foi torturado brutalmente por 2 dias e morreu por conta dos ferimentos, como relataram sobreviventes que dividiram com Alexandre as dependências do DOI-Codi.

Inicialmente, os militares alegaram que Alexandre teria se suicidado com uma lâmina de barbear. Porém, diante da pressão pública e da inconsistência desta versão, o governo divulgou uma nota afirmando que Alexandre teria sido atropelado por um caminhão ao tentar fugir dos militares quando era transportado até o Hospital das Clínicas.

Esta versão foi desmascarada e reconhecida como falsa pela Justiça e pela União, que reconheceram o crime de assassinato e mandaram indenizar a família de Alexandre.

A farsa da ditadura para explicar a morte de Alexandre, que na época tinha 22 anos, desencadeou uma enorme reação contra o regime dos generais. Milhares de pessoas foram até a Catedral da Sé protestar contra a versão “oficial” apresentada e pelos crimes cometidos pela ditadura militar.

O ato transformou-se na primeira grande manifestação pública de oposição à Ditadura, desde as manifestações de 1968, e fez ressurgir o movimento estudantil. Três anos depois, os estudantes da USP criaram o DCE Livre da USP, batizado com o nome de Alexandre Vannucchi Leme.

Confira a programação dos atos em homenagem a Alexandre Vannuchi Leme

14de março

– Show “Conversando com a Paz”, com Sergio Ricardo e convidados

Local: Centro Cultural São Paulo.

Horário: 19h

15 de março

– Comissão de Anistia do Ministério da Justiça / 68 Caravana da Anistia: Ato Oficial de Reconhecimento pelo Estado Brasileiro de Alexandre Vannuchi Leme como Anistiado Político.

Local: Instituto de Geociências (USP)

Horário: 12h

– Missa em Homenagem a Alexandre Vannuchi Leme

Local: Catedral da Sé

Horário: 18h