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Princípios abre chamada de artigos sobre Junho de 2013

5 de janeiro de 2023

Revista Princípios abre chamada de artigos para o Dossiê “Sentidos de Junho: as manifestações de 2013 e o processo político brasileiro”.

A revista Princípios abriu uma chamada de artigos para o Dossiê “Sentidos de Junho: as manifestações de 2013 e o processo político brasileiro”, organizado pelo professor doutor Fábio Palácio (UFMA), com publicação prevista para maio de 2023.

Chamada de artigos revista Princípios – edição nº 167

DOSSIÊ:

SENTIDOS DE JUNHO: AS MANIFESTAÇÕES DE 2013 E O PROCESSO POLÍTICO BRASILEIRO

A revista Princípios (ISSN:1415-7888; E-ISSN: 2675-6609), periódico científico de teoria, política e cultura, classificada pela Capes como A3 no Qualis Periódicos (2017-2020), torna pública a chamada de artigos e ensaios para o dossiê temático “Sentidos de Junho: as manifestações de 2013 e o processo político brasileiro”, organizado pelo professor doutor Fábio Palácio (UFMA), com publicação prevista para maio de 2023.

Após dez anos das manifestações de junho de 2013, os analistas ainda devem um entendimento mais delineado sobre a natureza desse enigmático fenômeno. Junho de 2013 foi, inegavelmente, um movimento amplo, complexo e heterogêneo, que teve como protagonista a juventude urbana. Da mesma forma que reuniu grande diversidade de atores, o movimento também se desdobrou no tempo, abrangendo diversas etapas. Dependendo do lugar e do momento, atores e organizações à esquerda e à direita se alternaram em sua condução.

Junho de 2013 foi a arena discursiva na qual grupos de diferentes orientações testaram suas forças e ensaiaram movimentos. Nesse espaço de natureza comunicacional, turbinado pela inédita presença das mídias digitais, entram em cena com força, pela primeira vez em nosso país, ideias contrárias aos partidos e à própria representação, as quais serviriam de ingrediente para uma prolongada crise política.

Não raro nos deparamos com a ideia de que aqueles acontecimentos condicionaram o processo político posterior. Parece haver razoável consenso em torno da ideia de que a inflexão política vivenciada pelo país nos anos seguintes – com a erosão rápida e continuada da hegemonia da esquerda e a chegada ao poder do bloco liberal-conservador – teria como ponto de partida os acontecimentos de 2013. Esse fato afigura-se surpreendente quando notamos que aquelas manifestações nascem sob a égide de bandeiras progressistas e movimentos liderados pela esquerda. Como explicar esse aparente paradoxo? Que motivos espreitam por trás da maior onda de protestos no pós-redemocratização?

Essas e outras questões tornam-se ainda mais proeminentes no momento em que o Brasil adentra um novo ciclo político, superando um período de autoritarismo e desconstrução de direitos, período que parece ser, ao menos em parte, tributário das manifestações de junho. É necessário compreender as formas pelas quais os eventos de 2013 abriram caminho a um novo estágio do processo político brasileiro.

É com essa perspectiva que Princípios propõe uma análise dos antecedentes, da morfologia, das motivações, das bandeiras e dos desdobramentos das manifestações de junho, como também de suas relações com o campo político. Partimos do pressuposto de que Junho conservou desde sempre — e conserva ainda hoje — certa abertura de sentidos.

Para o entendimento da problemática proposta podem contribuir esforços de pesquisa que perpassam as mais diversas disciplinas das ciências sociais, incluindo a Sociologia e áreas correlatas, como a Ciência Política, a Comunicação, a História, a Filosofia, as Relações Internacionais e outras com igual potencial de desvendamento dos sentidos de Junho.

Frente, portanto, a questões teóricas e conceituais que perduram, a revista Princípios propõe a realização de esforços críticos em torno dos seguintes aspectos das manifestações de junho:

  1. Antecedentes do movimento, próximos e distantes, seja no Brasil, seja no exterior. As “revoltas do buzú” contra aumentos de tarifas no transporte público em diversas cidades brasileiras. O Fórum Social Mundial e os movimentos altermundistas e antiglobalização. A chamada “Primavera Árabe”. O movimento dos “indignados” na Espanha. As revoltas estudantis no Chile. Os movimentos da grife Occupy
  2. Morfologia do movimento. Horizontalismo e “movimento sem líderes”. “Multidão” e relações entre indivíduo e coletivo. Relações com o ativismo digital e papel das redes sociais. Acampamentos e ocupações como estratégias de visibilidade, unificação de demandas e denúncia da política neoliberal de privatização dos espaços públicos.
  3. Símbolos e reivindicações do movimento. O direito à cidade. “Nova política” e luta contra a corrupção. Reivindicações por educação, saúde, moradia, mobilidade urbana e contra as discriminações de raça, gênero e orientação sexual. A fragmentação de bandeiras.
  4. Relações com o campo político. O discurso autonomista e a crítica a partidos, sindicatos e entidades “tradicionais”.
  5. O pós-2013: legado do movimento para as lutas sociais, seja à direita, seja à esquerda. O surgimento de entidades e movimentos juvenis do campo liberal-conservador (MBL, Vem pra Rua e outros) e o movimento “Fora Dilma”. As ocupações de escolas contra a reforma do ensino médio de Temer. A Primavera Feminista.
  6. Desdobramentos políticos. As manifestações de junho podem ser situadas na origem da hegemonia liberal-conservadora que vigorou no país entre os anos de 2016-2022?

Os temas listados não excluem outras propostas de trabalho para o dossiê. Dadas as amplas possibilidades de discussão e enfoque da temática, proposições alternativas são bem-vindas, especialmente se originais em suas abordagens de questões referentes à composição e aos sentidos do movimento de 2013.

A revista também aceitará contribuições de relatos de pesquisas, ensaios e resenhas com temáticas diversas, de modo a compor as demais seções da publicação, não diretamente relacionadas à temática do dossiê.

As contribuições devem consistir em textos originais e inéditos escritos em português ou traduzidos para esse idioma com autorização de seus autores e que estejam em conformidade com as normas da revista (disponíveis em anexo).

As contribuições deverão ser submetidas no endereço eletrônico https://revistaprincipios.emnuvens.com.br/principios/about/submissions até o dia 31 de março de 2023.

São Paulo, 4 de janeiro de 2023.

Comitê Editorial da revista Princípios