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Cinco gerações de líderes comunistas nos 101 anos do PCdoB

24 de março de 2023

Astrojildo Pereira, Luís Carlos Prestes, João Amazonas, Renato Rabelo e Luciana Santos representam cinco geração de lideranças comunistas no Brasil.

O Partido Comunista do Brasil completa neste sábado, 25 de março de 2023, seus 101 anos de vida. Ao longo desse período, o partido teve ao menos 5 grandes líderes que orientaram e dirigiram a ação dos comunistas no Brasil de forma irrepreensível. Estamos falando de Astrojildo Pereira, Luís Carlos Prestes, João Amazonas, Renato Rabelo e Luciana Santos.

Conheça abaixo um pouco mais sobre cada um deles.

Astrojildo Pereira

O primeiro grande dirigente dos comunistas brasileiros certamente foi Astrojildo Pereira (1890-1965). Secretário-Geral do partido entre 1922 e 1930, Astrojildo teve a missão de organizar o partido ainda na época da República Velha, quando as oligarquias agrárias comandavam o processo eleitoral. Com artigos publicados na Classe Operária, jornal do partido fundado em 1925, Astrojildo propagandeava as ideias marxistas e recrutava novos militantes.

No início da década de 1930, Astrojildo Pereira foi substituído na Secretaria-Geral do partido por Antonio Maciel Bonfim, o Miranda. Foi um momento difícil em que vários erros foram cometidos em nome do chamado obreirismo. Vigorava naquele período a ideia de que o comunista deveria ser necessariamente uma pessoa oriunda do mundo operário, o que afastou diversos intelectuais como Astrojildo. A gestão de Miranda levou o partido ao isolamento. Mas esse isolamento felizmente foi rompido com a entrada de Luís Carlos Prestes na liderança dos comunistas.

Luis Carlos Prestes

Luis Carlos Prestes (1898-1990) não foi um fundador do partido. Em verdade, Prestes já era um nome consolidado na política brasileira da década de 1920, antes de entrar para o partido na década seguinte. Sua Coluna Prestes, movimento político-militar brasileiro ocorrido entre 1924 e 1927, trouxe para o militar gaúcho fama nacional e internacional.

Prestes se aproximou da URSS antes de ter relações com o PCB. E foi por indicação do Partido Comunista da União Soviética que o PCB o aceitou como filiado em 1934. Menos de uma década depois, em 1943, Prestes assumiu a direção do partido no Brasil. Como líder de massas, fez o partido ter uma excelente votação em 1945 com a eleição de 14 deputados e um senador, o próprio Prestes.

Entusiasta de Prestes, Astrojildo Pereira escreveu o seguinte na Voz Operária em artigo sobre os 32 anos de existência do Partido:

“Sob a direção provada do camarada Prestes, o PCB tem crescido de maneira impetuosa, durante os últimos anos, e seu prestígio aumenta dia a dia, sendo hoje, sem a menor sombra de dúvida, a mais poderosa força política existente no país”.

Filme do comício histórico de Luis Carlos Prestes em 1945 no Pacaembú com mais de 80 mil pessoas. Um filme do Partido Comunista do Brasil. Dirigido por Ruy Santos.

Na década de 1960, no entanto, Prestes foi um dos responsáveis por levar o PCB na direção do reformismo. Esse processo gerou o mais importante movimento disruptivo da história dos comunistas no Brasil.

João Amazonas

João Amazonas (1912-2002) foi o dirigente do PCdoB que mais tempo permaneceu na presidência do partido, de 1962 até 2002. Ao lado de Mauricio Grabois, Pedro Pomar, Diógenes Arruda, Lincoln Oest, Carlos Danielli, Ângelo Arroyo, Elza Monnerat e de tantos outros, Amazonas foi o responsável pela reorganização do Partido Comunista do Brasil, efetuada no 5o. Congresso do Partido, ou, como ficou conhecida, na Conferência Extraordinária de fevereiro de 1962. Naquele momento, o partido se dividiu em duas diferentes organizações: o grupo liderado por Prestes buscou um caminho reformista e, inclusive, mudou o nome para Partido Comunista Brasileiro (PCB); insatisfeitos com essa guinada, o grupo revolucionário de Amazonas optou por uma cisão que manteve o nome Partido Comunista do Brasil, mas sob nova sigla, o PCdoB.

Entre suas grandes contribuições para a história do país, devemos lembrar que Amazonas foi um protagonista, decisivo, na formação da Frente Brasil Popular, que foi a primeira frente a lançar Luiz Inácio Lula da Silva, em 1989, à presidência da República.

João Amazonas ao lado de Lula em 1989

Em 1992, na ocasião da comemoração dos 70 anos do partido, Amazonas publicou na revista Princípios (EDIÇÃO 25, MAI/JUN/JUL, 1992, PÁGINAS 4, 5, 6, 7, 8) um artigo já considerado clássico em que defendia claramente a defesa do marxismo-leninismo. “Ao partido cabe disseminar e defender a concepção proletário-revolucionária do mundo elaborada por Marx e Engels na metade do século passado e desenvolvida por Lênin e outros combatentes de vanguarda”, assegurava Amazonas. 

Renato Rabelo

Se Amazonas foi o responsável por reorganizar o partido na década de 1960, por lutar contra a ditadura na década de 1970, por legaliza-lo na década de 1980 e por assegurar sua firmeza ideológica marxista-leninista na década de 1990, no início do século XXI coube ao médico Renato Rabelo (1942 – ) a tarefa de garantir a participação dos comunistas no governo federal pela primeira vez na história do país. Renato Rabelo foi eleito presidente do PCdoB no 10º Congresso do Partido em 2001. No ano seguinte, os comunistas tiveram papel decisivo na vitória de Luiz Inácio Lula da Silva para a presidência da República. Em 2003, o partido foi indicado para assumir o Ministério dos Esportes, entre outros postos ao longo dos governos Lula e Dilma como as presidências da FINEP com Luís Fernandes, da ANCINE com Manoel Rangel e da ANP com Haroldo Lima.

João Amazonas, Lula e Renato Rabelo em 1989.

Foi sob a direção de Renato que o 12º Congresso do Partido, em 2009, aprovou o Programa Socialista para o Brasil em que propõe um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento que se apresenta como o caminho ao objetivo estratégico, a conquista da abertura da transição ao socialismo.

Ao fazer um balanço da história do partido, em 2012, Renato destacou as cinco Lições dos 90 Anos de Lutas do PCdoB:

1) Ser um partido forte, grande e influente

2) Ser um partido de teoria destacada

3) Ser um partido que saiba empreender ações revolucionárias

4) Ser um partido com unidade de ação

5) Ser um partido de quadros

Após 14 anos, Renato passou o bastão da presidência para Luciana Santos em 2015, após decisão que já havia sido tomada durante o 13o. Congresso em 2013. Desde então, preside a Fundação Maurício Grabois.

Luciana Santos

Luciana Santos e Lula na festa do centenário do partido em Niterói-RJ em 2022

A chegada de Luciana Santos à presidência do partido foi carregada de simbolismos. Mulher, negra e nordestina Luciana carrega consigo a identidade política do espírito do tempo. Não é coincidência, portanto, que tenha sido em sua gestão que o PCdoB apresentou pela primeira vez na Nova República a pré-candidatura presidencial de uma outra mulher em 2018: a comunista Manuela d´Ávila.

Diferentemente dos dirigentes anteriores, Luciana traz a experiência administrativa de ter sido prefeita de Olinda-PE por duas vezes e vice-governadora de Pernambuco. Agora, em 2023, Luciana foi indicada pelo presidente Lula como Ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação.

Em texto recém publicado sobre o aniversário de 101 anos do partido, Luciana foi assertiva: “As comemorações de 101 anos do PCdoB são parte de um movimento em marcha que a nossa legenda empreende para se revitalizar, se fortalecer nas suas múltiplas dimensões, para que esteja cada vez mais à altura das exigências da luta de classes na contemporaneidade”.

Luciana tem agora, em suas mãos, a tarefa de dar continuidade aos esforços que no passado foram empreendidos por Astrojildo, Prestes, Amazonas e Renato Rabelo. Longa vida ao PCdoB!

Referências:

Astrojildo Pereira: O 32o aniversário do Partido Comunista do Brasil

João Amazonas: 70 anos de um partido que se tempera na luta

Renato Rabelo: cinco lições dos 90 anos do PCdoB

Luciana Santos: PCdoB 101 anos: fortalecer o Brasil, lutar pelo socialismo

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