Por Osvaldo Bertolino

Precedentes

Quando o corsário francês Jean François Du Clerc chegou ao Rio de Janeiro, em 1710, com seis navios e mil homens de guerra, ele pensou que a tomada da cidade seria um passeio. Pouco tempo depois, todos foram dominados por tropas do governador Francisco de Castro Morais, engrossadas por voluntários negros, indígenas e estudantes. A cidade, dois anos após a sua fundação, fora transferida para o alto do morro do Castelo e a jovem Companhia de Jesus, na figura dos padres José de Anchieta e Manuel da Nóbrega, ergueu no local um colégio e uma igreja. Quando o corsário francês e seus comandados foram derrotados, os alunos do complexo jesuítico, liderados por Bento do Amaral Coutinho, inauguraram a atuação política organizada da juventude no Brasil.

Em outro episódio marcante da história brasileira, a chamada “Inconfidência Mineira”, seu líder, Joaquim José da Silva Xavier — o Tiradentes —, manteve contato com estudantes de Coimbra, Portugal, que, como ele, manifestavam ideais de independência para o Brasil. Um deles, José Joaquim Maia, se encontrou com Thomas Jefferson — o principal autor da declaração de Independência dos Estados Unidos, seu terceiro presidente e então embaixador norte-americano em Paris — para tratar da situação brasileira e disse que os revoltosos consideravam a Independência norte-americana precursora das ideias que defendiam.

Maia, em uma de suas cartas a Jefferson, escreveu: “Sou brasileiro e sabeis que minha desgraçada pátria geme em um espantoso cativeiro, que se torna cada dia menos suportável, desde a época de vossa gloriosa independência, pois que os bárbaros portugueses nada pouparam para nos tornar desgraçados, com o temor que seguíssemos os vossos passos. (…) Estamos dispostos a seguir o marcante exemplo que acabais de nos dar (…), quebrar nossas cadeias e fazer reviver nossa liberdade que está completamente morta e oprimida pela força, que é o único direito que os europeus possuem sobre a América (…). Isto posto, senhor, é a vossa nação que acreditamos ser a mais indicada para nos dar socorro, não só porque ela nos deu o exemplo, mas também porque a natureza nos fez habitantes do mesmo continente e, assim, de alguma maneira, compatriotas.” Jefferson respondeu que encaminhara ao governo dos Estados Unidos o interesse dos brasileiros.

Em 1786, Maia criou, no exterior, um clube secreto para defender a Independência do Brasil e um de seus membros, o jovem Domingos Vidal de Barbosa, participou da Inconfidência Mineira. O iluminismo se espalhara na Europa ao longo do século XVIII a partir da obra de filósofos franceses e teve grande repercussão na América; influenciou a Independência dos Estados Unidos e, posteriormente, as colônias ibéricas.

A elite colonial brasileira enviava os filhos para estudar na Europa e eles mantinham contato com os movimentos que exigiam direitos como liberdade e igualdade. Quando voltavam, traziam ideias de John Locke, Charles Montesquieu e Jean-Jacques Rousseau, o que lhes davam uma visão mais elaborada sobre o regime que representava a decadência do absolutismo. Eles viam a possibilidade de ocorrer no Brasil o mesmo processo de mudanças em curso em várias nações, mesmo sob controle de monarcas despóticos. A independência de treze colônias inglesas nos Estados Unidos, movida pelos ideais iluministas, criou uma nação soberana, republicana e federativa, o que estimulou ainda mais os movimentos emancipacionistas, inclusive o brasileiro.

As ideias revolucionárias iluministas — entre elas a criação de faculdades — possibilitaram o engajamento dos jovens nas campanhas pela Abolição da Escravatura e nas batalhas que resultariam na proclamação da República. As campanhas eram desenvolvidas em sociedades e clubes secretos. Ficaram famosas a “Sociedade Filomática” e a “Sociedade Epicurea”, cuja causa era assumida por intelectuais como Gonçalves Dias e Castro Alves, e até por militares, como o cadete Euclides da Cunha, expulso aos 17 anos de idade por expressar ideias republicanas.

Em Salvador, estudantes da Faculdade de Medicina da Bahia criaram, em 1852, a primeira associação estudantil com o objetivo definido de alforriar escravos, denominada “Dois de Julho”. Os jovens participaram ainda da Revolução Farroupilha e o estudante da Faculdade de Medicina da Bahia, Francisco Sabino Vieira, foi o líder da Sabinada — uma revolta que se estendeu entre os anos de 1837 e 1838, cujo nome homenageia seu líder.

Início da República

Na República, já no início do século XX, os jovens tentaram se organizar em 1901, com a Federação de Estudantes Brasileiros, que teve duração efêmera e não conseguiu atingir o objetivo de estruturar uma organização estudantil de âmbito nacional. O movimento dos estudantes ressurgiu com força em 1909, quando houve a trágica morte de dois alunos de medicina em uma passeata da “Campanha Civilista”, lançada pelo então candidato à Presidência da República, Ruy Barbosa — episódio registrado pela história como “A Primavera de Sangue”. Em 1910, ocorreu o 1º Congresso Nacional dos Estudantes, que também não conseguiu dar organicidade ao movimento estudantil.

A conturbada conjuntura mundial que resultou na Primeira Guerra Mundial refletia-se no Brasil e, no começo da década de 1920, as ideias nazifascistas começaram a ganhar espaço no país. Logo após a fundação do Partido Comunista do Brasil (PCB), em 1922, apareceu uma organização mais enraizada de jovens brasileiros: a Federação da Juventude Comunista. O Partido considerava a juventude um dos pilares de sua política, à época fortemente influenciada pela atmosfera belicista que se formou no imediato pós-Primeira Guerra Mundial, quando o mundo ainda contava as mortes de milhões de jovens.

O clima de guerra permanecia no ar e a ascensão do nazifascismo na Europa, com ampla repercussão nas demais regiões do planeta, trazia como contraponto a consciência progressista de que soara a hora de organizar a resistência. No Brasil, essa atmosfera de guerra era potencializada pelos movimentos de contestações à República Velha, como os levantes dos “tenentes” em 1922 e em 1924, que confluíram para a Coluna Prestes e fermentaram a Revolução de 1930.

A decisão do PCB de organizar a juventude foi aprovada na sessão ampliada da sua Comissão Central Executiva em janeiro de 1924 e oficializada no seu 2º Congresso, realizado em maio do ano seguinte. Em 8 de agosto de 1925, o então provisório “Comitê Central Executivo da Juventude Comunista do Brasil” enviou uma carta à “Executiva da Internacional Comunista de Jovens” comunicando o andamento da organização dos jovens brasileiros e pedindo materiais de estudo, propaganda, estatutos/programas, “de preferência em francês e espanhol”.

A carta relatava as “inúmeras dificuldades” enfrentadas e expressava a esperança de vencê-las “com o vosso apoio, concurso e experiência”. No último parágrafo, os jovens comunistas brasileiros pediram à Executiva da Internacional de Jovens que intercedesse “junto aos camaradas franceses e espanhóis” para que mandassem toda a literatura possível.

Eles pretendiam ampliar sua influência e criaram o “Centro da Juventude Proletária”, uma organização que transcendia as fileiras comunistas. A Federação da Juventude Comunista do Brasil só foi oficializada no seu 1º Congresso, realizado entre os dias 5 e 8 de janeiro de 1929. O “trabalho anti-imperialista, antimilitarista e os perigos de guerra” foram os temas da ordem do dia tratados “em detalhes”. Para amplificar sua atuação, os jovens do PCB começaram a publicar semanalmente um boletim mimeografado, chamado Jovem Proletário.

Em uma das várias publicações dos comunistas que circulavam na época, o Boletim Interno, a Federação da Juventude Comunista disse que era necessário “realizar agitação, sem perca (sic) de um só minuto, nas fábricas, nos quartéis, nos navios de guerra, nas organizações esportivas, nos sindicatos, nas escolas e em todas as partes onde hajam (sic) jovens explorados”. No único parágrafo escrito em letras maiúsculas para destacar a importância do assunto, o Boletim Interno disse: “É necessário reforçar nosso trabalho revolucionário entre os soldados e marinheiros, para apressar o processo de desagregação do exército burguês e a sua passagem para as fileiras do exército proletário na luta contra o imperialismo.”

Nascimento da UNE

O ciclo iniciado com a Revolução de 1930 teve o movimento estudantil no centro da arena das batalhas que evolveram praticamente todos os segmentos da sociedade. O movimento estudantil começou a ser organizado, efetivamente, com a criação da União Nacional dos Estudantes (UNE), por decisão do Conselho Nacional de Estudantes, reunido na Casa do Estudante do Brasil, Rio de Janeiro, entre 11 e 13 de agosto de 1937, às vésperas do Estado Novo. Mas a ideia de uma entidade com essa característica surgiu em 1929, pelas mãos de um grupo de universitários cariocas que fundaram a Casa do Estudante do Brasil. Em 1937 o país debatia intensamente as eleições presidenciais marcadas para janeiro de 1938, mas Getúlio Vargas, que tomou o poder por meio da Revolução de 1930, movimentava-se em outra direção e logo viria o golpe do Estado Novo.  

A UNE cumpriu papel fundamental no combate à ditadura imposta por Vargas. Em um manifesto do começo dos anos 1940 a entidade máxima dos estudantes defendeu a “união nacional” para enfrentar as ameaças da extrema direita, ideia amplamente acolhida por outros segmentos da sociedade. A proposta ampliou-se com a realização, em 7 de dezembro de 1941, no Rio de Janeiro, da “Conferência de Chanceleres das Américas” em apoio à entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial.

Abria-se no Brasil uma luta política de grande envergadura, com o movimento patriótico e antifascista ganhando cada vez mais espaços. A UNE foi oficializada pelo presidente Getúlio Vargas. O país estava chocado com o torpedeamento de navios da Marinha brasileira por submarinos alemães e o governo reagia timidamente devido às suas contradições internas. O ministro da Guerra, general Eurico Gaspar Dutra, e o aparelho repressivo chefiado por Filinto Müler, eram abertamente a favor da Alemanha. Mas a pressão popular levou, finalmente, o governo a declarar guerra ao “eixo nazifascista” — formado por Alemanha, Itália e Japão — em 22 de agosto de 1942.

Jornal A Noite, 12/02/1942

Os estudantes organizaram uma “passeata antitotalitária”, no dia da independência dos Estados Unidos (4 de julho), que contou com o apoio do ministro das Relações Exteriores Osvaldo Aranha e a repulsa de Filinto Muller. A juventude se empenhava para fortalecer a campanha de “união nacional”, organizada pela Liga de Defesa Nacional e que tinha como uma das bandeiras o envio de brasileiros para lutar na Europa ao lado dos Aliados. 

A campanha foi vitoriosa — no dia 28 de novembro de 1943, o governo decidiu organizar a Força Expedicionária Brasileira (FEB). A abertura da segunda frente aconteceu em 6 de junho de 1944, com o desembarque das tropas Aliadas na Normandia. Pouco mais de um mês depois, em 17 de julho, o primeiro escalão da FEB desembarcou em Nápoles, Itália. Era uma vitória importantíssima para o Brasil, na qual a UNE teve grande participação. 

Luta contra o nazifascismo

A derrota do eixo nazifascista na Segunda Guerra Mundial configurou uma realidade que impulsionava a democracia em âmbito mundial. No Brasil, o presidente Getúlio Vargas tomou várias medidas que enterrariam o Estado Novo. Uma emenda constitucional de 28 de fevereiro de 1945 instituiu as eleições parlamentares e presidenciais. No começo de março, o presidente anunciou o restabelecimento de relações diplomáticas com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e a intenção de anistiar os presos políticos. Logo o país elegeria, pelo voto direto, o presidente da República e os integrantes da Assembleia Nacional Constituinte de 1946.

A juventude também entrava em um novo ciclo de organização. Em outubro de 1944 fora fundado, no Rio de Janeiro, a “Comissão Estudantil de Ajuda ao Expedicionário e ao Estudante Convocado” por iniciativa de estudantes de escolas superiores, colégios e escolas técnicas. A Comissão organizou coletas de cigarros e artigos de lã, que foram entregues para encaminhamento aos pracinhas em uma solenidade realizada na Faculdade Nacional de Filosofia com a presença do reitor da Universidade do Brasil e de representantes de embaixadores de países integrantes das Nações Unidas.

Em 24 de maio de 1945, uma reunião preparatória do Primeiro Congresso da Juventude, realizada na sede da UNE, contou com delegações de estudantes de diferentes regiões do país, com representantes da Comissão de Ajuda à FEB (uma organização mais ampla, que apoiou os soldados brasileiros que lutaram na Europa e no pós-guerra ajudava os que voltaram feridos), das Congregações Marianas, dos sindicatos, do Comitê Afro-Brasileiro e de outras organizações.

A reunião constatou que a juventude estava organizada no meio estudantil, mas completamente desorganizadas nos demais setores. Os jovens dos subúrbios cumpriam suas obrigações habituais do trabalho e nos horários de lazer se dedicavam ao futebol e ao cinema. Não contavam com clubes recreativos para reuniões e práticas de jogos como pingue-pongue, xadrez e dama, ou para realizar reuniões culturais e artísticas. Segundo os organizadores do evento, os jovens precisavam se integrar no novo ritmo da vida do país. A organização de todos os amplos setores da juventude era tarefa imperativa que deveria partir dos jovens mais conscientes.

Umas das principais preocupações dos jovens que organizaram a reunião era o destino dos que retornaram das lutas contra o nazifascismo. Em entrevista ao jornal Tribuna Popular, ligado ao PCB, o presidente da “Comissão Estudantil de ajuda ao Expedicionário”, Luiz Ferraz, disse que o objetivo da organização era lutar até a reintegração completa dos pracinhas na vida civil. “A juventude se considera em dívida aberta para com os bravos rapazes da FEB até que o último combatente, no seu regresso da frente de batalha, tenha sido readaptado. Velaremos, assim, para que todos os jovens participantes da gloriosa campanha antifascista obtenham as indispensáveis e merecidas possibilidades de trabalho”, afirmou.

Em São Paulo, a “mocidade antifascista” promoveu campanhas cívicas para arrecadar contribuição aos “fundos de auxílio aos órfãos e a família do expedicionário”, criados pelo “Movimento São Paulo Pela Vitória do Brasil” encabeçado pela Liga de Defesa Nacional e integrado por trinta e cinco entidades.

Paz mundial

A paz voltara a ser uma bandeira importante para a juventude. Falando na sede da UNE em 31 de maio de 1945, na conferência intitulada A juventude e a paz mundial, o líder comunista argentino Rodolpho Ghioldi, que, como representante do Secretariado Sul-Americano da Internacional Comunista, acompanhou os primeiros anos do PCB, disse que “a mocidade que fez a guerra tem o direito de se fazer ouvir na paz”. Segundo ele, na luta contra o fascismo a juventude mundial, e, em particular, a brasileira, com a FEB à frente, mostrou o dever e o direito que a ela cabia na reconstrução de um mundo melhor.

Rodolpho Ghioldi disse ainda que o significado das “forças moças de todos os países na sua vida econômica, política e social precisava ser compreendido seriamente” porque “a juventude é uma grande força de paz e progresso”. “A ninguém mais do que a ela interessa um futuro melhor, de garantias, de liberdade e de confraternização. Se olharmos para trás, na larga e dolorosa trajetória da luta antifascista no mundo, então alcançaremos qual foi o grandioso papel desempenhado pela juventude, em todo mundo, para manter a paz, e saberemos melhor situá-la nas tarefas do dia de hoje e dos dias do futuro”, enfatizou.

Segundo ele, cabia à juventude, por direito, uma posição de destaque na vida política nacional. “Porque a ela só interessa a confraternização dos homens e das nações, a fim de que o mundo que a FEB ajudou a forjar seja um mundo sem guerras, sem miséria, sem opressão, em que todos os jovens tenham direito à cultura, ao esporte, ao trabalho e a um futuro certo e belo.”

Logo em seguida, um grupo de jovens ligados ao PCB lançou o jornal Unidade Juvenil, na verdade uma coluna da Tribuna Popular. Eles consideravam que enquanto em outros países a juventude se organizava e lutava, o regime antidemocrático em que viveram impediu o desenvolvimento de suas lutas. Segundo o então secretário-geral do PCB, Luiz Carlos Prestes, a maioria da juventude brasileira era constituída por camponeses — os mais brutalmente explorados e oprimidos. “Ao mesmo tempo que são, os jovens camponeses, de todos os nossos jovens os que são criados na mais negra miséria e ignorância, sem nenhuma perspectiva de melhores dias”, registrou.

Segundo Prestes, mesmo no seu conjunto a situação da juventude era bem triste — miserável, doente e ignorante. “Incapaz, fisicamente, em proporção nunca inferior a 60% para o serviço militar, de poder participar em defesa da nossa pátria”, diagnosticou. “Desejamos realmente influir na vida política da nação e encaminhar nossa pátria pelo caminho do progresso e da democracia, mas, para isso, precisamos dar uma especial atenção à juventude trabalhadora e estudantil”, disse ele à Tribuna Popular.

Voltas do mundo

Segundo uma nota da coluna Unidade Juvenil, a UNE não vinha cumprindo o seu papel na tarefa de dar atenção aos problemas da juventude. Intitulada UNE bate em retirada, a matéria criticou a ausência da organização nas lutas pela democratização do país e lembrou que nos dias duros de combate ao fascismo, em plena guerra, a entidade destacou-se como uma lutadora consequente pelo progresso, compreendendo que era preciso subordinar tudo à vitória militar contra o nazismo, assim possibilitando a marcha para a democracia.

Mas as voltas do mundo, disse a nota, levaram os estudantes que ontem estavam na vanguarda a estar, infelizmente, “atravessando uma fase má”. As entidades estudantis estavam desligadas das massas, ignorando os inúmeros problemas gravíssimos e urgentes dos estudantes, como o barateamento do ensino, a elevação do nível cultural dos cursos, a autonomia da Universidade do Brasil e muitos outros problemas. A UNE, ao invés de lutar por um clima realmente democrático para permitir à juventude universitária resolver estes problemas mais rápido e facilmente, colocando-se ao lado do povo na campanha em prol da Assembleia Nacional Constituinte, alinhava-se com as forças mais reacionárias.

O PCB e a UNE andavam às turras por conta de um comício convocado pela organização dos estudantes para protestar contra o recuo do governo em um decreto que coibia as ações abusivas dos trustes econômicos. O clima político carregado em que vivia o país fez o governo suspender o decreto, o que motivou a UNE a convocar um comício de protesto. Uma nota do PCB de 29 de junho de 1945 reprovou a iniciativa dos estudantes, dizendo que eles faziam o jogo dos que promoviam agitações com finalidades golpistas.

Jornal do Brasil, 16/01/1960

Segundo a coluna Unidade Juvenil, o comício vinha sendo “larga e gostosamente explorado pela imprensa reacionária”. “Por melhores coisas que possam ver na realidade a UNE deixa a vanguarda e bate em retirada, colocando-se ao serviço de interesses partidários. Os estudantes que desejam uma UNE forte, uma UNE digna de suas tradições democráticas e progressistas, não devem apenas ficar tristes com esta retirada: devem assumir uma posição de luta e protestar contra o caminho errado por onde a UNE esta enveredando”, criticou a coluna. Logo a entidade tomaria outro rumo e ocuparia lugar central na campanha “O Petróleo é nosso!”, que levaria à criação da Petrobras em 1953, e no combate à ditadura militar.

No começo dos anos 1960, entrou em cena, no movimento estudantil, a Juventude Universitária Católica (JUC), que seria o principal vértice da Ação Popular (AP), que evoluiria para a Ação Popular Marxista-Leninista (APML) e seria incorporada pelo Partido Comunista do Brasil, agora com a sigla PCdoB, tendo como principais lideranças Renato Rabelo, Aldo Arantes e Haroldo Lima. Na eleição de 1961, o candidato jucista Aldo Arantes elegeu-se presidente, iniciando uma série de sucessão dessa corrente na presidência da UNE.

Aldo despontava como liderança política, numa trajetória que logo teria Renato e Haroldo como principais parceiros. Estudante da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), em agosto de 1961 compareceu ao Palácio do Planalto e comunicou ao presidente Jânio Quadros – que renunciaria dias depois – sua eleição para o cargo máximo da entidade dos estudantes. Buscava – e conseguiu – apoio para o Centro Popular de Cultura, que espalhou peças de teatro, leituras públicas e projeção de filmes pelo país, desenvolvido pelo projeto “UNE Volante”.

Estava com vinte e dois anos de idade e decidido a mobilizar os estudantes na resistência às ameaças à legalidade democrática, que chegaram com força após a renúncia de Jânio Quadros, em 25 de agosto de 1961. Os golpistas tentavam impedir a posse de João Goulart, eleito vice-presidente da República em 1960. Um Manifesto de operários e estudantes lançou a Frente de Resistência Democrática e, em agosto de 1961, Aldo liderou uma greve nacional dos estudantes pela manutenção da legalidade.

A resposta veio na forma de ocupação policial da sede da UNE. Dirigentes da entidade foram presos, Aldo entre eles. Após deixar a prisão, solto por um habeas corpus impetrado pelo professor de Direito Hermes Lima, da Faculdade Nacional, endereçado ao presidente do Tribunal de Justiça do estado da Guanabara, Aldo, acompanhado de Herbert José de Sousa, conhecido como Betinho, também liderança da AP e seu assessor, dirigiu-se a Porto Alegre para participar da resistência organizada pelo governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola.

Jornal do Brasil, 16/01/1960

Os golpistas encontraram no Palácio Piratini, a sede do governo estadual, uma sólida barreia, cercada por sacos de areia, automóveis, jipes, bancos da Praça da Matriz, trincheira defendida por civis armados e integrantes da Brigada Militar, além de protegida por metralhadoras instaladas no topo do Palácio, pelo povo no entorno e pelo comandante do 3º Exército, general José Machado Lopes, que aderiu à resistência. Com a Cadeia da Legalidade, que transmitia, por rádio, do Palácio Piratini para o Brasil numa rede de catorze emissoras, Brizola e Aldo comunicavam o andamento do movimento.

A UJS e sua precedência

“Ú, jota esse”! Esse grito de guerra começou a ser ouvido em atividades do PCdoB a partir de 22 de setembro de 1984, quando foi fundada a União da Juventude Socialista (UJS), uma organização juvenil, política, humanista, patriótica, internacionalista, de defesa e propaganda do socialismo, na qual participam jovens estudantes, trabalhadores, artistas, esportistas, cientistas e intelectuais com até 29 anos de idade. Outro grito propagado pela UJS fazia alusão à Guerrilha do Araguaia, cujos combates armados à ditadura militar instaurada com o golpe de 1964 se deram no começo da década de 1970 na região Sul do estado do Pará, no norte brasileiro. “Tarda, tarda, tarda mas não falha — aqui está presente a juventude do Araguaia!”, dizia a palavra de ordem.

Para a juventude da UJS, a atitude corajosa dos guerrilheiros do Araguaia fora a precursora de um processo ainda em curso, que levaria a ditadura à derrota final, embora com outros recursos e por meios diferentes. Quando o PCdoB definiu que o Sul do Pará seria um dos pontos principais do caminho da luta armada para derrubar o regime ditatorial, por meio de uma guerra popular, no Rio de Janeiro surgira uma organização denominada União da Juventude Patriótica (UJP), dirigida por Lincoln Bicalho Roque, cuja função era organizar os jovens e preparar os que iriam para a região onde, por casualidade — quando a Guerrilha foi atacada, ela ainda estava em seu primeiro estágio de preparação —, seria o palco dos combates da guerra popular.

Ao passo que organizava a preparação da Guerrilha no campo, o PCdoB, mesmo sob severa perseguição, atuava nas cidades e, a partir de 1968, ganhou espaço no movimento estudantil, participando da UNE e de outras organizações. Mas, em termos de organização, a UJP representou um passo adiante. O Partido formou uma comissão que ficou responsável por constituir uma organização com jovens dispostos a lutar contra a ditadura, cujo ponto de partida seria a elaboração de uma proposta de Programa e de Estatutos. Em 1969 e 1970 a comissão debateu o assunto e chegou a um impasse: a UJP deveria ser ligada ao PCdoB ou não? O dirigente comunista Carlos Nicolau Danielli resolveu o impasse, propondo que ela fosse dirigida pelo Partido, mas que tivesse amplitude e autonomia política. 

Para se filiar, o jovem não precisava ser comunista, segundo os Estatutos. A UJP era uma “organização revolucionária de jovens patriotas e democratas, sem distinção de raça, classes, princípios ideológicos, religiosos e filosóficos”, dizia. O objetivo era “mobilizar, unir e organizar os jovens cariocas na luta pela derrubada da ditadura militar que infelicita nossa pátria, pela libertação do Brasil do jugo do imperialismo norte-americano e pela extinção do latifúndio; pela conquista de um governo verdadeiramente democrático e popular que assegure à juventude e a todo o povo brasileiro um regime de liberdade, progresso, cultura e um mínimo de vida digna”.

O Programa dizia que a UJP tinha o objetivo de “unir e organizar em suas fileiras os jovens patriotas da Guanabara” para que pudessem desencadear a “guerra do povo”. Os boletins da entidade também faziam essa formulação; uma missão bem sucedida, a julgar pelo contingente enviado para a Guerrilha do Araguaia, estimado em mais de vinte pessoas. O sucesso da UJP despertou a fúria da ditadura, que assassinou, sob torturas, seu integrante Joel Vasconcelos e, com o início dos combates na região da Guerrilha, desencadeou feroz perseguição ao PCdoB também nas cidades, matando os dirigentes Carlos Nicolau Danielli, Lincoln Cordeiro Oest, Luiz Guilhardini e Lincoln Bicalho Roque. 

Reconstrução da UNE

Pouco mais de dois anos após a repressão desarticular a Guerrilha do Araguaia, quando a Comissão Militar foi atacada na manhã de 25 de dezembro de 1973 e boa parte dos seus líderes morreram — entre eles o comandante militar dos guerrilheiros, Maurício Grabois —, os jovens já estavam se articulando novamente. Em 1976, uma organização que viria a ser a precursora da UJS, a Viração, já dirigia o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal da Bahia (UFBa) e em setembro convocou os 13 mil estudantes da instituição para eleições direitas após oito anos de votação indireta.

Prevendo a oposição da Reitoria, os integrantes das chapas reuniram-se com os representantes dos alunos indicados conforme o regimento interno e acertaram que eles referendariam a diretoria que seria eleita. Dessa forma, a Reitoria nada poderia fazer, pois só a chapa vencedora concorreria à eleição indireta. Mesmo assim, os onze membros da Viração eleitos não foram reconhecidos. Um deles, que preferiu não se identificar, disse que a nova direção teria em sua plataforma de atuação a meta de elevar o nível de consciência dos estudantes, porque em alguns momentos eles teriam uma visão melhor da situação.

No ano seguinte, em 1977, a Viração participou da eleição do Diretório Central Acadêmico (DCE) da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), considerada ilegal, com uma plataforma que continha questões como sindicatos livres e direito de greve; imprensa popular livre e independente; fim da censura; entidades estudantis livres e representativas; fim das prisões, torturas e assassinatos políticos; anistia ampla, geral e irrestrita; e fim da legislação ditatorial e do aparto repressivo. Os cartazes de campanha da Viração chamavam a atenção pelo apelo visual. A mensagem “Votem em Viração” foi escrita em vermelho e branco sobre fundo preto.

A campanha da Viração teve como slogan “Liberdades democráticas e mais verbas para o ensino”. “Nós discordamos da convocação de uma Constituinte atualmente porque a atual relação de forças desfavorece os setores populares, e consideramos que nossa principal tarefa é nos organizarmos independente de tais setores. Acreditamos que quem coloca o problema da Constituinte hoje pretende legitimizar o atual regime”, disse um integrante da Viração. Entre as três chapas que disputaram as eleições, a Viração ficou em segundo lugar, com 1.279 votos.

Quando os estudantes decidiram convocar um encontro para reconstruir a UNE, em maio de 1979 — considerado o 31º Congresso da entidade —, a Viração já era a principal força no movimento estudantil. Tanto que o evento seria realizado em Salvador, Bahia, onde aquela tendência havia consolidado sua presença. Uma direção provisória da UNE foi constituída e em outubro, no 32º Congresso realizado na cidade de Piracicaba (SP) e Rui César Costa Silva — que presidira o DCE da UFBa — foi eleito presidente. O evento ocorreu sob ameaça dos Departamentos de Ordem Política e Social (Dops) de vários estados, que emitiram uma nota conjunta dizendo que as chapas eram apoiadas por partidos e organizações comunistas. A Viração era orientada pelo PCdoB e pela Ação Popular Marxista-Leninista (APML), segundo o texto.

Poucos dias antes, o presidente da República, João Baptista Figueiredo, havia assinado um decreto que prescrevia punições de variados calibres para dirigentes de entidades legais, como os centros e diretórios acadêmicos, que se vinculassem abertamente com a UNE. Pelo decreto, todo dirigente de entidade estudantil legal que assumisse funções na UNE seria destituído. Alguns líderes temiam que o decreto estimulasse o ressurgimento dos grupos de direita que em 1968 distribuíam pancadas em quem fazia oposição ao regime militar, mas o clima no país já era outro e no próprio governo havia os que rejeitavam tratar a reconstrução da UNE como caso de polícia. “Deixa os garotos brincarem”, disse o ministro da Casa Civil, Golbery do Couto e Silva, ao saber que um grupo de estudantes havia ocupado simbolicamente o velho prédio da UNE na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro.

Um ano depois, em novembro de 1980, Aldo Rebelo, secretário geral daquela gestão — outro representante da Viração — seria eleito para o segundo mandato da entidade reconstruída. Participaram da eleição 40% dos estudantes do ensino superior brasileiro, estimados em um milhão no total. “A UNE representa, queiram ou não, os interesses dos estudantes”, disse o presidente eleito ao anunciar que pretendia procurar o ministro da Educação, Eduardo Portella, para conversar. “Queremos dialogar”, afirmou.  

Na gestão seguinte da UNE, outro integrante da Viração, Javier Alfaya, seria eleito presidente, no 33º congresso, realizado na cidade de Cabo Frio (RJ) com a presença de mil e seiscentos delegados. O resultado foi anunciado na manhã de 16 de novembro de 1981. A Viração faria ainda a sucessora de Javier, Clara Araújo — a primeira mulher a presidir a UNE —, eleita no 34º Congresso, também realizado na cidade paulista de Piracicaba, e permaneceria como tendência organizada mesmo alguns anos após a criação da UJS. Dela sairiam mais três presidentes da UNE: Acildon de Mattos Pae, Renildo Calheiros e Gisela Mendonça. A Viração era forte também na União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES).

Em 1984, quando surgiram as primeiras ações para a criação da UJS, a repressão ainda estava forte no país. Ela mostrou sua cara feia para os estudantes na manhã de 27 de abril, depois de uma assembleia na Universidade de Brasília que reuniu mil e quinhentos alunos. Eles decidiram sair em passeata protestando contra a ditadura, exigindo eleições direitas para presidente da República e a demissão do reitor da UnB, José Carlos Azevedo, considerado “inimigo da comunidade universitária”, e foram atacados. Segundo o presidente da UNE, Acildon de Mattos Pae, a passeata transcorria em clima calmo, conquistando adesões e simpatia dos populares, e quando já terminava houve uma violenta repressão.

Os policiais, todos a paisana, atiraram bombas de gás lacrimogêneo e dispararam vários tiros. Quatro deles prenderam Acildon de maneira brutal; ele foi jogado no chão três vezes, recebeu socos e pontapés e, depois de muita resistência, foi dominado, algemado e enfiado em um fusca amarelo. O presidente da UNE chegou à Superintendência da Polícia Federal com ferimentos na cabeça, pescoço, cotovelo, punho e joelho, e ficou sabendo que a sede da UnB fora novamente invadida pela tropa de choque que prendeu mais seis estudantes. Quatro foram libertados às duas horas da manhã do dia 28; os demais foram interrogados, permaneceram presos — entre eles, Acildon — e só sairiam quatro dias depois.

Lançamento da UJS

Delegações de jovens de todo o Brasil começaram a se preparar para estar em São Paulo no dia 22 de setembro de 1984, um sábado, para o lançamento nacional da UJS. A ato seria realizado na Assembleia Legislativa e contaria com a presença de personalidades políticas, intelectuais, sindicalistas, artistas e desportistas. A programação teria início às 9h com um ato político, prosseguindo pela tarde com a discussão do Manifesto de lançamento e dos Estatutos, e a eleição de uma Coordenação Nacional de onze membros e de um Conselho de Direção com a presença de personalidades ligadas às atividades da juventude. Haveria ainda coordenações estaduais e municipais, afora os núcleos por bairros, fábricas e escolas.

A programação cultural contaria com a presença de grupos musicais de todo o país, demonstrações de diversas modalidades esportivas, balé e folclore. Um momento especial seria uma homenagem ao cantor e compositor Carlinhos Lira, autor do hino da UNE, em parceria com Vinícius de Moraes. Clara Araújo, ex-presidente da UNE e uma das organizadoras da UJS, disse que a entidade já tinha núcleos ou simpatizantes em todos os Estados.

O Manifesto de lançamento da UJS era um extenso documento, intitulado Em defesa da juventude e do socialismo, aberto com o seguinte trecho do poema “O século”, de Castro Alves (o patrono da entidade que estava nascendo):

“Toda noite – tem auroras,

Raios – toda a escuridão,

Moços, creiamos, não tarda

A aurora da redenção.”

A UJS, segundo o documento, buscaria o futuro e a liberdade, os direitos negados, a esperança banida, a vontade subjugada. “Somos mesmo inconformados e contestadores, ousados e sonhadores. Que isso dê calafrios e faça tremer os guardiões da velha ordem, nada a fazer além de aconselhar que estoquem cobertores e agasalhos, pois prosseguiremos mais e mais inconformados com a falta de liberdade, contestando a injustiça, ousando contra os preconceitos, sonhando com a felicidade”, dizia o Manifesto.

No dia 22 de setembro de 1984, mais de seiscentos jovens estavam presentes no ato de lançamento da UJS. No Salão Nobre da Assembleia Legislativa paulista, uma enorme bandeira da entidade e o desenho de um jovem revolucionário ocupavam locais de destaque. Aos poucos, na medida em que chegavam as delegações, as paredes laterais ficaram forradas de faixas e cartazes. Clara Araújo abriu o ato convidando os componentes da mesa: parlamentares, poetas, artistas, desportistas, dirigentes sindicais, representantes dos movimentos de mulheres, de bairros, do movimento negro, o presidente da UNE, Acildon Pae, e o da UBEs, Delcimar Pires; e ainda representantes da Comissão pela Legalidade do PCdoB e das juventudes de outros partidos.

A tarefa prioritária da coordenação eleita seria preparar o I Congresso da UJS. No dia 6 de fevereiro de 1985, uma quarta-feira, mais de novecentos jovens estavam no Ginásio do Tarumã, em Curitiba (PR), para a abertura do Congresso, que iria até o dia 10. Estiveram presentes, no ato inaugural, o prefeito de Curitiba, Maurício Fruet; a secretária Estadual de Educação, Gilda Poli Rocha Loures; o secretário de Justiça, Horácio Raccanello; e diversos outros representantes de secretarias e órgãos do governo paranaense.

Também participaram o presidente da UNE, Renildo Calheiros, o representante da Comissão pela Legalidade do PCdoB, Renato Rabelo, além de dirigentes de dezenas de entidades e organizações populares e políticas.  O compositor Itamar Correia cantou “em homenagem a União da Juventude Socialista” a música “Xambioá”, do seu novo LP dedicado às lutas no Araguaia. Com coordenações já formadas em nove estados e núcleos em todos os demais, a UJS vinha experimentando um visível crescimento. “Nossa meta é chegar até o fim deste ano com cinquenta mil filiados”, disse Aldo Rebelo.

Quando a UJS lançou a campanha com a reivindicação para que os jovens pudessem votar a partir dos 16 anos de idade, ela já era uma organização com raízes fundas em todas as regiões do país. “Voto aos 16 anos: direito da juventude, direito que conquista”, era o lema da campanha. Aldo Rebelo disse que mesmo antes do lançamento a reivindicação já ganhava repercussão e despertava o interesse dos movimentos progressistas da juventude. O deputado federal Renan Calheiros (PMDB-AL), membro do Conselho Nacional da UJS, elaborou, a pedido da entidade, uma emenda que modificava o artigo 174 da Constituição, que limitava o direito de voto aos maiores de 18 anos. 

O PCdoB também procurava inserir a sua política ampla e democrática nas frentes populares, apoiando a organização da juventude, dos trabalhadores do campo e da cidade e a luta por moradia. No dia 25 de setembro de 1985 a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei do deputado Aldo Arantes — ainda no PMDB — que legalizou a UNE. O Partido deu amplo apoio à criação da UJS que, desde então, manteve-se à frente da UNE como principal força dirigente.

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Adaptado do livro “Amar e mudar as coisas – trinta anos da União da Juventude Socialista