Representantes chineses com Adalberto Monteiro, Rosanita Campos e Ricardo Abreu Alemão. Livro iconográfico dos cem anos do PCdoB aberto em foto de João Amazonas com Mao Tse-tung

Por Osvaldo Bertolino

A Fundação Mauricio Grabois recebeu, na manhã desta terça-feira (27), uma representação de professores e pós-graduandos da Universidade de Zhejiang, a mais antigas da China, fundada em 1897. Adalberto Monteiro, presidente da Fundação, deu as boas-vindas à delegação chinesa, composta pelos professores Fang Gang, Lyu Sisi e Yu Lei e pelos pós-graduandos Cnen Liting, Zeng Fanke, Hu Xinning, Cinen Yue, Huang Huiqin e Zhang Yingzi. Fanke Zeng foi a intérprete.

Compuseram a Mesa, pela Fundação, além de Adalberto Monteiro, a diretoria de Políticas para o Desenvolvimento, Rosanita Campos, e o diretor de Estudos e Cooperação Internacional, Ricardo Abreu Alemão. Nivaldo Santana, presidente do Conselho Curador, Altair Freitas, diretor da Escola João Amazonas, e Nilson Araújo de Souza, professor titular da Cátedra Cláudio Campos, também participaram do evento.  

Adalberto Monteiro fez uma breve exposição sobre a Fundação e falou da história de seu patrono, Maurício Grabois. “É um herói do povo brasileiro. Foi parlamentar destacado, um comunista de densa cultura marxista. Morreu em combate na resistência armada que o PCdoB empreendeu contra a ditadura militar, a Guerrilha do Araguaia”, relatou.

Falou das relações do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) com o Partido Comunista da China (PCCh), relato que se estendeu para o papel da China e do Brasil na geopolítica. Destacou a posição da China no avanço da ciência e da tecnologia, com grande desenvolvimento das forças produtivas, condição que se deve, em grande medida, às universidades. Citou o papel desse avanço com o exemplo de solidariedade chinesa pela empresa AstraZeneca, que possibilitou a fabricação da vacina CoronaVac pelo Instituto Butantan, salvando milhares de vidas brasileiras durante a pandemia da Covid-19.   

Estudos sobre a China

Disse que a Fundação tem a China em suas linhas de pesquisas por dois motivos básicos: a impossibilidade de compreensão do mundo atual sem a realidade chinesa e o socialismo como superação da barbárie capitalista. Lembrou que um dos livros mais populares sobre a China no Brasil é de autoria de um pesquisador da Fundação, Elias Jabbour – em parceria com o teórico italiano Alberto Gabriele –, com o título China: o socialismo do século XXI.

Adalberto Monteiro relatou que a Fundação desenvolve parcerias com universidades e centro de pesquisas, na busca de diálogos e estudos, além de atuar em conjunto com fundações de outros partidos do campo democrático e patriótico, e com instituições do governo.

Explicou que na agenda de trabalho da Fundação estão questões como o conhecimento da realidade brasileira, de acordo com o projeto de transformação social representado pelo PCdoB, na busca do caminho da revolução brasileira. Disse que na visão do Programa dos comunistas esse caminho é a luta atual pelo Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento (NPND), destacando a participação da presidenta do Partido, Luciana Santos, como ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

De acordo com Adalberto Monteiro, a Fundação procura elaborar ideias e realizar debates que ajudem o governo realizar seus projetos. Disse que considera essa premissa importante, ressaltando a presença com razoável força no país de forças da extrema-direita neofascista. “No plano das ideias, a Fundação oferece combate a essas forças neofascistas”, enfatizou. Explicou que, na esfera da teoria, a Fundação atua para defender, disseminar e enriquecer o marxismo.

Diálogo internacional

Adalberto Monteiro falou também que, além realidade brasileira, a Fundação pesquisa a geopolítica, realçando que o capitalismo envolve o mundo em múltiplas crises e guerras. “Nossos estudos sobre geopolítica apontam que há um declínio relativo dos Estados Unidos no sistema de poder mundial e a ascensão da República Popular da China. Acontece que o imperialismo estadunidense não aceita e não aceitará pacificamente esse declínio. Através da Otan, ele espalha guerras pelo mundo.”

Destacou ainda as linhas de pesquisa da Fundação sobre o trabalho, a cultura e o meio ambiente. Falou sobre o sistema de comunicação, da publicação de livros e da revista teórica Princípios, “muito conceituada junto às universidades brasileiras”. Disse que o Centro de Documentação e Memória (CDM) registra a história do movimento popular. “O PCdoB tem 102 anos de existência e temos de cuidar da história e da memória da rica trajetória dos comunistas brasileiros”, afirmou.

Adalberto Monteiro concluiu dizendo que a Fundação valoriza muito a cooperação e o diálogo internacional. “Comparece com destaque a relação com os países vizinhos. E valorizamos o intercâmbio com universidade e centros de pesquisas dos países socialistas. Estamos abertos ao diálogo e temos a expectativa de estabelecer uma relação de cooperação com a Universidade de Zhejiang. Vamos continuar conversando, dialogando e buscando caminhos para estabelecermos mais cooperação.”

Formação de ideias

Rosanita Campos explicou que a Fundação procura estimular o debate e a formação de ideias que contribuam para o NPND. Relatou que recentemente um seminário abordou temas como o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o projeto nacional de desenvolvimento, o papel da ciência, da tecnologia e da inovação no desenvolvimento nacional, o nacional-desenvolvimentismo e a reconstrução nacional no governo Lula, economia, reindustrialização, trabalho e emprego em novas bases tecnológicas e o complexo econômico e industrial de saúde.

Escola de marxismo

Altair Freitas fez uma exposição sobre a Escola João Amazonas. Explicou a origem do nome, uma homenagem “ao grande dirigente que participou da reorganização do PCdoB duas vezes, em 1943 e 1962”, referindo-se à reconstrução pós-Estado Novo e pós-surto revisionista do XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), de 1956. “A Escola é um trabalho coletivo, dirigido pelo Comitê Central e dirigentes dos comitês regionais e municipais”, detalhou.

Disse que partido comunista é uma grande escola, mas precisa de uma formação específica, destacando que, no PCdoB, houve uma retomada desse trabalho, de forma organizada, em 2003, quando foi criada a Escola João Amazonas. “Desenvolvemos um currículo nacional e, nesses mais de 20 anos, passaram pela Escola mais de 40 mil militantes e dirigentes”, relatou.

Explicou também que na Escola existem níveis de estudos: formação básica, introdução aos conceitos do marxismo-leninismo e aprofundamento dos conceitos do marxismo-leninismo. Há também formação permanente, com seminários, debates e atividades online.

Objetivo geral da Escola, disse, é propiciar melhor compreensão possível sobre a realidade brasileira, da história do movimento comunista e do materialismo histórico e dialético “para que o PCdoB possa desenvolver a luta política de forma qualificada e revolucionário, rumo ao socialismo”. Concluiu dizendo que os professores são dirigentes e militantes que desenvolvem “atividade pedagógica militante”. “São tesouros do Partido e da Escola, além dos alunos”.

Posição de destaque

Membros da representação chinesa falaram sobre a história da Universidade de Zhejiang, presentearam a Fundação com uma pintura em seda e fizeram perguntas. A tradutora Fanke Zeng descreveu, com base em projeções em telão, que a Universidade de Zhejiang foi a primeira da China e está situada numa posição de destaque entre as universidades do mundo.

Pintura chinesa em seda

Um membro da delegação falou das relações do PCCh com o PCdoB. Lembrou que o partido chinês tem um ano a mais do que o brasileiro e destacou a relação histórica entre as duas organizações. Disse que se sentia em casa visitando o PCdoB, como se estive em seu país. E concluiu dizendo os dois partidos têm os mesmos objetivos e uma boa história de cooperação.

Encontro de alto nível

Adalberto Monteiro encerrou o evento afirmando que cada vez mais o povo brasileiro presta atenção na China. “Vêm da China boas notícias para o povo Brasileiro”, disse. “O presidente Lula tem em alto nível as relações diplomáticas e a cooperação com vosso país. O PCdoB igualmente tem em alto nível as relações com o PCCh. Com frequência, delegações de nosso Partido visitam a China, a convite do PCCh”, falou

O evento se encerrou com Adalberto Monteiro presenteando a delegação com o livro iconográfico Cem anos de amor e coragem pelo Brasil, sobre a história do PCdoB. Disse que o encontro foi proveitoso e agradável. “Que seja o começo. Plantamos uma semente. Vamos cuidar para germinar. Que a amizade e o intercâmbio entre a Fundação e Universidade de Zhejiang sejam coroados de pleno sucesso”, afirmou.

Delegação chinesa com mebros da Fundação