O senador Inácio Arruda afirmou nesta segunda-feira, 17 de junho, no plenário do Senado, que os manifestantes que têm organizado protestos em todo o Brasil, especialmente em razão do preço das passagens de ônibus, estão certos. Para o senador, as desonerações que o governo concederá às empresas de transporte urbano têm de ter como contrapartida a diminuição do preço das passagens.

“A contrapartida é aumentar o preço da tarifa? Ora, é lógico que os estudantes estão com a razão, porque eles sabem que o governo está desonerando a folha”, disse o senador, que questionou se o real objetivo do aumento é agravar o índice da inflação.

Arruda disse considerar que prefeitos e governadores têm de encontrar a maneira adequada de estabelecer o pagamento justo pela passagem do transporte coletivo. A situação da população, segundo o senador, fica ainda mais grave porque muitas pessoas precisam recorrer a mais de um meio de transporte para chegar ao trabalho.

“Eu reivindico que tratemos dessa questão; tratemos de encontrar a maneira adequada. Negociar significa não aumentar tarifas que vão comprometer o salário dos trabalhadores brasileiros”, afirmou. “O que nós queremos é a construção da sociedade socialista mais avançada, mais progressista, mais democrática”.

No Ceará, hoje, muitos trabalhadores precisam pegar quatro transportes para chegar ao trabalho. Em São Paulo, a maioria dos trabalhadores tem que usar mais de um meio de transporte para chegar ao trabalho, como ônibus, metrô e trens. O senador calculo o comprometimento que o transporte tem sobre o salário do trabalhador.

Juros altos e pauta de mobilização

O senador Inácio Arruda é contrario também ao aumento das taxas de juros. “Acho que é chegada a hora de dar um basta na ação daqueles que propagam que nós devemos aumentar mais e mais a taxa de juros, escandalosa e criminosamente”, disse.

Arruda sugere palavras de ordem nas manifestações: “Chega, Banco Central! Chega de aumentar juros!” Ele lembra que, só no ano passado, o país pagou mais de R$ 200 bilhões de juros, “ali, na boca do caixa, para os banqueiros”. “É hora de conter essa sangria que contamina, que envenena a economia brasileira. Essa banca é insaciável, e eles contam com holofotes globais. É impressionante. Eles fazem uma festa em determinados programas de tevê e pela Internet em favor dos juros. É uma verdadeira manifestação midiática em favor das taxas de juros”, completou.

O senador disse que os manifestantes deveriam aproveitar este momento de fortes protestos nas ruas de todo o país para levantar as bandeiras mais avançadas, mais progressistas da sociedade brasileira. “O que queremos, de fato, é um desenvolvimento capaz de liquidar com a miséria, de liquidar com o analfabetismo, de liquidar com aquilo que a gente leva nos ombros há séculos no nosso País, que são as desigualdades”.

Inácio se empolga com o tamanho das manifestações que cobrem o país para apontar as pautas que podem mudar o Brasil, democratizando-o ainda mais. “Nós avançamos com Lula, um operário popular; avançamos com Dilma, uma guerrilheira, que saiu da tortura para ser a Presidente do Brasil. Isso significa um movimento progressista, democrático, que pode segurar a ideia de um projeto nacional avançado no nosso Brasil”.

“Queremos ampliar o processo de democracia no país”, afirmou, pontuando reivindicações como a democratização da mídia brasileira, com mais espaço para as outras opiniões poderem se expressar na televisão. em sua opinião ainda falta uma tevê de trabalhadores, falta uma tevê de gente do campo, dos sem-terra, dos sem-teto, dos sem-casa do Brasil. “Onde é que eles se expressam? Será que eles têm apenas de ouvir a ideia dos poderosos que dominam a mídia brasileira ou a gente não pode democratizar, abrir esse caminho também na Internet?”, questionou.