A notícia foi dada pelo comissário europeu do Comércio, Karel De Gucht, que diz ter recebido uma chamada telefónica do seu homólogo norte-americano, Michael Froman, informando que o Departamento do Comércio e as agências governamentais não têm disponibilidades financeiras para se deslocar a Bruxelas na próxima semana. A segunda ronda de encontros para elaboração da Parceria de Investimento e Comércio Transatlântico (TTIP na sigla anglo-saxónica) estava marcada para a capital belga de 7 a 11 de Outubro e foi cancelada.

“O lado norte-americano prometeu dar-nos mais informações” sobre o assunto para que as próximas reuniões possam ser agendadas, diz o comissário europeu. De Guth aproveitou a ocasião para “reiterar o claro compromisso da União Europeia e dos Estados Unidos no processo TTIP”. O cancelamento das reuniões, acrescentou, “é claramente desafortunado mas pretendo sublinhar que de modo algum nos afastará do objectivo geral de concretizar um ambicioso acordo de investimento e comércio entre a Europa e os Estados Unidos que trará benefícios económicos reais aos povos dos dois lados do Atlântico”.

O diferendo entre a Administração Obama e os republicanos sobre a troca da subida do tecto do défice pela destruição do incipiente sistema de saúde (“Obamacare”) a que se reduziram as intenções presidenciais conseguiu mais do que a espionagem norte-americana das instituições europeias: o cancelamento das negociações comerciais. A Comissão Europeia não tomou qualquer medida para prevenir o espaço europeu dos efeitos de acordos contra a privacidade dos cidadãos e da liberalização do comércio e investimento mesmo sabendo que Washington tem conhecimento, através de espionagem, dos pormenores essenciais com que a União Europeia encara essas situações. O encerramento dos serviços públicos norte-americanos por falta de verbas acabou por determinar o cancelamento que deveria ter sido assumido pelo lado europeu.

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