O primeiro assunto, já conhecido, foi a decisão tomada em conjunto de confirmar o anúncio de contribuições adicionais ao financiamento do FMI. A China anunciou a intenção de contribuir com US$ 43 bilhões adicionais; o Brasil, a Rússia e a Índia anunciaram US$ 10 bilhões cada; África do Sul entrará com US$ 2 bilhões.

Esse total de US$ 75 bilhões fica condicionado, primeiramente, ao entendimento de que o FMI só lançará mão desses novos recursos depois que os recursos existentes na instituição tenham sido substancialmente utilizados. Em outras palavras, trata-se de uma segunda linha de defesa. Esse ponto é importante para promover uma adequada distribuição do ônus entre os diferentes credores do FMI, como menciona o comunicado emitido após a reunião dos Brics.

O comunicado dos Brics menciona, também, que as contribuições foram anunciadas com base no entendimento de que as reformas do FMI serão plenamente implementadas, conforme acordo a que se chegou em 2010, o que inclui uma reforma abrangente do poder de voto e das quotas.

A verdade é que os Brics estão insatisfeitos com o ritmo de implementação das reformas do FMI, como deixaram claro em mais de uma ocasião. Como mencionou a presidente brasileira, há muita inércia institucional e apego ao “status quo” no Fundo. Os US$ 75 bilhões se transformarão em compromissos efetivos na medida em que haja avanços nos dois aspectos mencionados no comunicado dos Brics.

Mas a grande novidade foi o segundo assunto da reunião dos Brics, pacientemente costurado em entendimentos ao longo de maio e junho: a decisão de formalizar o início de uma discussão para estabelecer acordos bilaterais de swaps de moedas e um fundo de reservas comum dos Brics, um  reserve pooling arrangement  independente.

Os líderes dos Brics pediram a seus ministros de Finanças e presidentes de Banco Central que trabalhem nesse tema e tragam os resultados desse trabalho conjunto para a próxima Cúpula dos Líderes dos Brics, que se realizará na África do Sul, em março de 2013.

_____________

Fonte: O Globo