E por ser a economia e também a política, nada melhor do que a teoria de Karl Marx, economista, político, filósofo – comunista, enfim – para iluminar caminhos.  O fundador do comunismo científico alertou nO Capital, que tem o sugestivo subtítulo de “Crítica da economia política”, que os economistas burgueses clássicos, em especial Adam Smith e David Ricardo, buscavam entender o mundo que os cercava, mas que a limitação de suas posições de classe impediam que eles chegassem a uma visão totalizante do sistema capitalista, inclusive da luta de classes entre proprietários dos meios de produção e vendedores da força de trabalho. Marx valorizava, porém, a analise que fizeram: “Acumulação pela acumulação, produção pela produção, é a fórmula com que a economia clássica expressou a vocação histórica do período burguês”, escreveu no volume I dO Capital.

Mas Marx também acusou que, depois de consolidado o sistema burguês, uma nova safra de economistas, que ele chamava vulgares, abandonou a visão científica e passou a fazer a apologia do sistema vigente: “A doce intenção de ver num mundo burguês o melhor dos mundos possíveis substitui, na economia vulgar, o amor à verdade e a paixão pela pesquisa científica”, notou, no volume III dO Capital. Nesse mesmo volume, registrou: “Na realidade, a economia vulgar se limita a interpretar, a sistematizar e a pregar doutrinariamente as ideias dos agentes do capital, prisioneiros das relações de produção burguesa”.

Em novembro de 1969, o marxista norte-americano Paul M. Sweezy escreveu que, para os economistas burgueses, a ordem social existente é um fato definitivo, “o que significa que sanciona, implícita ou explicitamente, a permanência do sistema capitalista”. É o que expõe um dos mais influentes ideólogos capitalistas do Brasil, o ex-ministro Antonio Delfim Netto, que, analisando a atual crise sistêmica, escreveu na Folha de S.Paulo, dia 16 passado: “É preciso reconhecer que o ‘mercado’, como instrumento alocativo eficiente, não encontrou, ainda, nenhum substituto, como mostram o fracasso soviético e o sucesso chinês, e que o seu bom funcionamento não depende do irrestrito movimento internacional de capitais e, muito menos, de mistificações ‘científicas’ de ‘inovações’ financeiras”. Simples assim: neste mundo tudo passa, menos o mercado (capitalista).

No mesmo artigo, Delfim declara: “Para que o sistema de economia de mercado (que é compatível com a liberdade individual) funcione adequadamente, ele precisa de um Estado constitucionalmente limitado que: 1º) seja fiscalmente responsável; 2º) tenha poder para mitigar os seus defeitos (a flutuação que lhe é incitada e a redução das desigualdades que ele produz); 3º) seja capaz de controlar o sistema financeiro. Deixado a si mesmo, este tem a tendência de servir-se do setor real e de controlar o poder incumbente, pondo em risco, ao mesmo tempo, o ‘mercado’ e a ‘urna’”.
Tal como expôs Sweezy, para o apólogo burguês considera que, no capitalismo:


“a) Os interesses dos indivíduos, grupos e classes são harmônicos (ou, se não são harmônicos, são pelo menos conciliáveis);

b) existem – e afirmam-se a longo prazo – tendências para o equilíbrio;


c) a mudança realiza-se e continuará a realizar-se sob a forma de uma adaptação gradual”.
Em contraposição, o marxismo aponta no capitalismo, ensina o economista estadunidense, os conflitos de interesse, a tendência para a ruptura, mudanças bruscas e violentas. Por não perceber estas características, a economia burguesa é incompetente e incapaz de dar solução para a crise que atenda às demandas populares. Para tal, voltemos ao marxismo, proletárias e proletários indignados de todo mundo. Unamo-nos por um novo mundo possível, socialista!