Independente de se alguém simpatiza ou antipatiza com Muamar Kadafi, o fato indiscutível é que a Líbia se constitui o quarto – em sequência – país que desaba vítima de ataque militar dos EUA e de seus aliados na primeira década do século XXI, os últimos 12 anos para sermos exatos.

A começar de março de 1999, quando o presidente democrata Bill Clinton desfechou uma guerra contra a então "pequena" Iugoslávia, que era constituída pela Sérvia e por Montenegro, com resultado de despedaçar a Iugoslávia e amputar a Sérvia, arrancando-lhe Kosovo e derrubando Slobodan Milocevitz, o qual, em seguida, foi executado "por processo médico", dentro de sua cela em Haya.

Observa-se que está sendo repetido gradualmente e, em caráter permanente, o seguinte fenômeno: quando os EUA sentem antipatia por um líder ou um regime, atacam cruamente, fazem guerra contra o país, derrubam seu líder e o regime e instalam em seus lugares os espantalhos de Washington.

Começaram com a Sérvia e Milocevitz. Continuaram com o Afeganistão e o Talibã, que em três meses completam uma década inteira de ocupação do país e massacre de sua população desarmada.

Em seguida, foi a vez do Iraque e de Saddam Hussein, onde já foram completados oito anos de ocupação norte-americana, destruição e pilhagem desde o petróleo até o Museu Histórico deste outrora orgulhoso país árabe.

Agora chegou a vez da Líbia e, naturalmente, não é necessário alguém ser adivinho para prever o triste destino deste país que sucumbe ao agressivo poderio bélico norte-americano.

Sem protestos

Estes fatos são horripilantes e, o pior é que os povos da Europa acostumam-se cada vez mais com estas guerras de conquista dos EUA e da Otan e as consideram quase fenômenos fisiológicos, assim como, gradualmente, têm deixado de expressar o seu mesmo inconsequente protesto. Ninguém, mesmo, emocionou-se e posicionou-se contra a guerra dos EUA e da Otan contra a Líbia.

Se alguém pensar sobre isto: seis meses EUA e Otan bombardeando impiedosamente dia e noite o país e matando os líbios para arrancar-lhes seu petróleo, enquanto todos os europeus e norte-americanos permaneceram indiferentes sobre os crimes de guerra cometidos pelos EUA e Otan a tal ponto que haviam quase esquecido esta guerra, até que de repente foram informados que o regime de Muamar Kadafi está desabando.

O mundo enfrenta intervenções militares cruas de forças imperialistas do tipo mais clássico. Os pretextos, como "caráter humanitário" ou "ajuda para as forças opositoras", não conseguem encobrir as guerras de conquista. São as guerras de conquista que caracterizam a nova época neste mundo do século XXI.

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Fonte: Monitor Mercantil