Primeiro integração na União Européia (UE) e, depois, adoção do euro. Esta era – mais ou menos – a evolução que seguiam até há pouco os países integrantes do extinto Pacto de Varsóvia, os quais, desde 2004, começaram a integrar-se na UE e a planejar a adoção do euro como sua moeda mais para o fim da década ou no início da próxima.

Três países, Eslováquia, Eslovênia e Estônia, já adotaram o euro como sua moeda, integrando-se à Zona. Aliás, a Estônia integrou-se neste ano. Porém, com a eclosão da crise financeira mundial, em 2008, e, principalmente, após as evoluções na Grécia, os países do extinto Pacto de Varsóvia começaram a repensar no assunto.

A Polônia, por exemplo, já abandonou sua meta inicial de integrar-se à Zona do Euro adotando a moeda comum em 2012, enquanto o ministro polonês das Finanças, Yazeck Rostovsky, declarou que seu país poderá, eventualmente, "não integrar-se à Zona do Euro antes de 2019".

A Polônia já "flexibilizou" suas relações com o euro, deixando que sua moeda nacional, o zloty, se desvalorizasse em 20%, conseguindo assim durante o crítico biênio 2008-2009 fortalecer sua competitividade.

Países Bálticos

Evolução totalmente diferente da Letônia, um dos primeiros países-membros da UE atingidos pela crise financeira mundial. A Letônia manteve atrelada sua moeda, o lat, com o euro, com resultado de, ao invés de "desvalorização monetária", atravessar a dolorosa "desvalorização interna", com cortes salariais de 20% e correspondente queda.

A amarga experiência pela estreita relação com o euro já fez com que os países bálticos se tornassem mais reservados. O governador do Banco Central da Letônia, Ylmar Rimsevitz, declara agora que "o euro não deverá ser adotado a qualquer custo".

Ainda, também a Estônia, que integrou-se à Zona do Euro apenas neste ano, adotando a moeda única, pagou preço caro com redução de seu crescimento em 20%, por causa da crise mundial de 2008 e da derrocada do mercado imobiliário nacional. O mercado de imóveis do país havia decolado às alturas após a integração da Estônia na UE em 2004 e, principalmente, o fluxo de capitais suecos.

Viktor Urban, primeiro-ministro da Hungria, primeiro país da UE a ser atingido pela crise mundial de 2008, declarou que "não é viável a integração à Zona do Euro e a adoção da moeda comum antes de 2020".

Análogo clima revelou a declaração do primeiro-ministro da República Checa, Petr Nekas: "Quando não existe ainda um 100% unificado mercado europeu (…), quando os países-membros astênicos deverão financiar os mais ricos, e quando não está, ainda, perfeitamente, claro o que acontecerá com o euro, não é – de fato – a época adequada para nós integrarmos à Zona do Euro".

Maioria contra

A crise na Grécia e o seu até agora ineficaz enfrentamento pelos seus parceiros fazem crescer o clima do euroceticismo também entre os países tradicionais da UE, os quais desde o início não viram com bons olhos a integração da Grécia à Zona do Euro.

O primeiro-ministro da Dinamarca, Lars Rasmussen, cujo Partido Liberal é a favor do euro, considera que "não é a época adequada para realizar um plebiscito a favor ou contra a integração à Zona do Euro, considerando que o sentimento anti-euro dos dinamarqueses permanece em níveis altos".

Pesquisa realizada pelo Banco Danske, revelou que 56,7% dos dinamarqueses são contrários à adoção do euro como moeda comum do país, contra 40,2% que estão a favor. O percentual contra o euro aumentou em relação à pesquisa anterior, realizada em março deste ano, que revelou que 53,7% eram contra o euro e 43,8%, a favor.

Mas também, na Alemanha – força-motriz da Zona do Euro – pesquisa realizada pelo Instituto Alensbah mostrou que 71% dos alemães revelam-se reservados com relação ao euro, percentual que aumentou em cinco unidades percentuais desde abril deste ano. Antes de 2008, menos de 50% dos alemães já manifestava reserva com relação à moeda comum.

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Fonte: Monitor Mercantil