Considere-se cada uma delas na ordem inversa:

Reviravoltas políticas actualmente são desenfreadas no Médio Oriente, resultando numa grande alta nos preços mundiais do petróleo. Ninguém sabe até onde irão os impactos ou quanto tempo levará para alcançar alguma espécie de estabilidade e o que a estabilidade significará para a produção de petróleo nos países do Médio Oriente que o produzem. Estamos portanto reduzidos a fazer as melhores suposições, semanas, meses ou anos antes de haver resoluções claras. Um caos precursor num país do Médio Oriente constrangido pela reviravolta política foi o Iraque, o qual acredita-se ter reservas de petróleo para produzir a um nível muito mais elevado – mas o caos do governo iraquiano restringiu severamente a expansão da produção de petróleo. Outro caso prolongado é o da Nigéria, atormentado pela agitação política interna a qual tem tido impacto negativo na sua produção de petróleo.

A má administração da produção de petróleo dentro de um país pode dever-se a uma variedade de factores, todos eles significando produção mais baixa da que se verificaria em caso contrário. O país tem enormes recursos de petróleo heavy que poderiam ser produzidos a taxas muito mais elevadas. A subprodução deve-se ao facto de o governo sugar demasiado cash flow dos fundos necessários às operações de produção de petróleo dos fundos. Além disso, a Venezuela tem tornado extremamente difícil, se não impossível a companhias estrangeiras, operarem no país. Outro exemplo de má administração é o México, onde o confisco pelo governo de receitas do petróleo, tecnologia inferior e restrições ao investimento estrangeiro levaram a um declínio significativo da produção mexicana.

Interesses legítimos incluem decisões de governos de preservar suas reservas petrolíferas em benefício a longo prazo do seu povo. Isto ocorre de vários modos, alguns deles subtis. Não tão subtil é o decreto do rei saudita de que quaisquer novos campos petrolíferos descobertos no futuro próximo não serão desenvolvidos a fim de que novas descobertas possam beneficiar os sauditas em anos futuros.

E há a geologia, a qual é a restrição final. O petróleo é um recurso finito. Nunca produziremos mais petróleo do que a natureza proporcionou ao longo de milhões de anos. De todos os recursos petrolíferos, só podemos produzir as chamadas "reservas", as quais são uma fracção do recurso. Por que? Porque a geologia associada a cada depósito de petróleo estabelece um limite prático à produção final. Nuns poucos casos, a reservas podem chegar até à metade de um recurso local. Em outros, as reservas podem significar não mais do que uns poucos por cento do recurso. Tipicamente, as reservas andam em torno dos 30% do recurso. Se se pensar que deveríamos ser capazes de em média conseguir mais do que 30%, passe algum tempo a examinar algumas amostras de rocha de reservatórios de petróleo. A complexidade muitas vezes é impressionante.

A que se reduz tudo isto? Com base na geologia, muitos analistas previram o início do declínio da produção mundial de petróleo nos próximos 2-5 anos. Interesses nacionais legítimos, má administração e reviravoltas políticas só podem precipitar esse início. Para explicar isto e outras questões de energia escrevemos o livro intitulado "A iminente desordem energética mundial" ("The Impending World Energy Mess"). O que acontece no petróleo terá impacto sobre todos nós, de modo que vale a pena estudar. [*] Antigo conselheiro sénior de energia da Science Applications International Corporation e actual conselheiro sénior sobre energia do MISI, consultor em energia, tecnologia e administração. O autor participou de numerosos comités sobre energia e é o autor principal do relatório Peaking of World Oil Production: Impacts, Mitigation, and Risk Management , redigido para o Departamento da Energia dos Estados Unidos.

_________

O original encontra-se em Peak Oil Review, , 28/Março/2011.

Este artigo encontra-se em

http://resistir.info .

/