A última acção repressiva começou a 24 de Setembro quando agentes do FBI munidos de mandados do grande júri invadiram as casas de vários pacifistas e activistas pelos direitos sociais em Minnesota, Michigan e Illinois. A 2 de Outubro, 13 deles já haviam sido intimados a comparecer perante o grande júri, em Chicago, a 5 de Outubro. Para esta data foi marcado novo protesto para exigir o fim das intimações e o slogan «Não à investigação do grande júri» deve tornar-se o lema do movimento nacional para pôr cobro a este perigoso precedente.

Entre os alvos deste «raid contra o terrorismo» estão dirigentes do Comité Anti-Guerra de Minneapolis, cujo escritório foi alvo de buscas; do Grupo de Solidariedade com a Palestina; do Colombia Action Network; do Comité Nacional pela Libertação de Ricardo Palmera (um preso político colombiano encarcerado nos EUA); dos Estudantes por uma Sociedade Democrática; e da Organização Socialista Freedom Road.

Apesar de terem visto as suas casas e vidas viradas do avesso, todos os atingidos reagiram com calma e determinação. Recusaram prestar declarações ao FBI. Confrontados com falsas acusações de prestarem ajuda material a «terroristas», reafirmaram o seu direito de organizar a oposição às guerras dos EUA e de prestar solidariedade às lutas dos povos que em todo o mundo resistem à ocupação e aos regimes ditatoriais.

A reacção destes dirigentes ajudou a mobilizar uma forte resposta a estas tácticas policiais que visam intimidar e desmoralizar o movimento. Enquanto o FBI lhes confiscava computadores, ficheiros, câmaras, passaportes, endereços electrónicos e listas de contactos, os vizinhos vieram para a rua apoiá-los e registar a acção. Cópias dos mandados de busca e das intimações rapidamente apareceram nos sítios do IndyMedia e os vídeos das rusgas foram colocados no YouTube. Centenas de pessoas acorreram nessa mesma tarde a manifestar-se em Minneapolis, e durante todo o dia houve conferências de imprensa de apoiantes aos visados em Minneapolis, Milwaukee e Chicago.

As intimações para comparecer perante o grande júri abrangem todos os artigos, toda a correspondência, todos os documentos e todos os registos de chamadas telefónicas relacionadas com as chamadas «organizações terroristas estrangeiras, incluindo as FARC da Colômbia, a Frente Popular de Libertação da Palestina e o Hezbollah do Líbano, todas as fotos, vídeos e documentos de viagem para a Colômbia, Líbano, Jordânia, Síria, Palestina».

Não se sabe por enquanto qual é o objectivo do governo. Contudo, o que pode suceder nestes casos é que as pessoas intimadas a comparecer perante o grande júri sejam interrogadas com todo o tipo de perguntas sobre outros membros do movimento. Os intimados podem recusar-se a responder, com base no direito constitucional de não se incriminarem a si próprios. No entanto, se o promotor da justiça aceitar esta imunidade das testemunhas face à acusação, elas terão de responder por desrespeito à autoridade do grande júri, o que significa que podem passar meses na prisão.

Mesmo uma análise superficial à natureza das rusgas e das intimações mostra claramente que todos os que se opõem ao belicismo dos EUA devem juntar-se ao movimento de protesto.

Uma resposta unida pode pôr fim a esta tentativa de eliminar a organização. É encorajador que todas as grandes coligações contra a guerra se tenham juntado na oposição ao ataque do FBI. Tal como afirma a resolução aprovada pelo San Francisco Labor Council, «a coordenação nacional das rusgas e apreensões marca um novo e perigoso capítulo no prolongado assalto aos direitos, consagrados na Primeira Emenda, de todos os militantes, activistas ou pacifistas».

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Sara Flounders é co-directora do International Action Center. Para mais informações consultar StopFbi.net.

Fonte: jornal Avante!