Em 2014 será a vez do Brasil sediar a Copa e há poucos dias houve muita polêmica com as declarações da Fifa de que as obras de preparação andam muito devagar. De fato, realizar a Copa no país implicará investimentos expressivos, não apenas em estádios, mas também e principalmente na infraestrutura urbana, envolvendo estradas, metrôs e tudo mais. Algo que não se restringirá ao evento em si, transformando-se em importante legado para as cidades que o sediarão. Nesse sentido, a Copa serve como motivação para realizar muitas coisas que já deveriam ter sido feitas.

Para os brasileiros, Copa do Mundo e seleção são temas de tal relevância que deveria haver eleição direta para a escolha dos atletas que terão o orgulho de representar o país.

Isso motivaria mais as pessoas e os próprios atletas, que saberiam que teriam mais chances, dependendo do seu desempenho nos gramados.

Mas, e o técnico? não é ele que escala o time e monta o “esquema de jogo”? Bem, nesse caso, a melhor solução seria incluí-lo no escrutínio, de forma que também seria objeto de escolha pela população.

É claro que o voto não seria obrigatório, o que significa que muitos também se mobilizariam em convencer parentes e amigos a participarem da votação. Pelo menos seria um processo mais divertido e interativo, que evitaria as idiossincrasias rotineiras dos “professores” da bola, como são chamados os técnicos pelos seus comandados.

Como a eleição é livre e alguém já disse que há milhões de técnicos de futebol no Brasil, estaria aí a oportunidade de exercitarmos nossas habilidades na área.

De minha parte, há uma semana da convocação oficial já tenho minha escolha. Goleiro, acho que não há mesmo muita dúvida, Julio César se firmou como um dos maiores do mundo na posição. Mas, para os seus reservas, creio que pouca gente votaria em Doni.

Além disso, atletas novos e não tão novos que tem tido desempenho brilhante nos campeonatos locais deveriam ser chamados. Assim, não deixaria de fora Paulo Ganso e Neymar, do Santos, assim como Roberto Carlos, do Corinthians. Este, apesar dos 37 anos tem excelente condição física e não há outro brasileiro melhor na posição.

Também creio que não há dúvida quanto a Maicon, Lúcio e Juan para os demais postos da defesa, assim como muitos outros que já demonstraram qualidade. Mas, sempre prevalecem muitos questionamentos quanto a algumas escolhas, não por não serem bons atletas, mas, o que muitas vezes ocorre é que o técnico acaba escolhendo jogadores com as mesmas características, o que diminui as opções táticas. Isso ocorre com muitos dos atuais selecionados para as posições do meio de campo, por exemplo. A eleição direta da seleção brasileira tenderia a confirmar as apostas e diminuiria bastante o poder discricionário da escolha de um, ou alguns.

De quebra, seria um importante treino para a eleição dos políticos. Aliás, que bom seria para a cidadania brasileira, se o povo se interessasse tanto pelos detalhes e currículo dos políticos, o quanto conhecem e discutem com propriedade as alternativas para o futebol. Isso representaria o fim de carreira para oportunistas e maus gestores!

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Antonio Corrêa de Lacerda é professor-doutor do departamento de economia da PUC-SP e autor, entre outros livros, de “Globalização e Investimento Estrangeiro no Brasil” (Saraiva). Foi presidente do Cofecon e da SOBEET.

Fonte: Terra Magazine